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Artigo: Dia do Professor e a educação de trânsito nas escolas


Por Eliane Pietsak Publicado 15/10/2020 às 19h02 Atualizado 08/11/2022 às 21h41
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Eliane Pietsak aproveita o Dia do Professor para escrever um artigo sobre educação para o trânsito nas escolas. Leia!

Dia do ProfessorFoto: Pixabay.com

No Dia do Professor, nos deparamos com o vídeo de uma criança de 5 anos conduzindo um trator com pá carregadeira, mal alcançando os pedais do veículo. Como se não bastasse conduzir, manobra e carrega com areia a caçamba de um caminhão!

E o que tem a ver com o Dia do Professor? Explico: nos grupos onde o vídeo foi veiculado, logo se chegou à questão da Educação para o Trânsito nas escolas, claro.

O Artigo 76 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) prevê que:

“A educação para o trânsito será promovida na pré-escola e nas escolas de 1º, 2º e 3º graus, por meio de planejamento e ações coordenadas entre os órgãos e entidades do Sistema Nacional de Trânsito e de Educação, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, nas respectivas áreas de atuação tem um grande valor e foi um avanço enorme para a Educação de Trânsito.”

Como vem sendo tratada a Educação para o Trânsito desde a entrada em vigor do CTB?

O DENATRAN divulgou as Diretrizes Nacionais da Educação para o Trânsito na Educação Infantil e Ensino Fundamental em 2009, distribuiu pelo Brasil afora, mas nunca se empenhou em cobrar resultados e a efetiva aplicação das Diretrizes, foi apenas e tão somente, um “cala a boca” que nunca se retomou, nunca foi atualizado. Foi feita uma superprodução, colorida, com sugestões e citações de fases do desenvolvimento das crianças, quase “receitas de bolo” lindas na teoria! Hoje, estão totalmente atrasadas em sua linguagem e no seu formato, rasas.

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É muito difícil compreender por que, em nenhum momento, os professores foram ouvidos?

Nossos políticos e gestores públicos não aprendem com os próprios erros. Produzem material didático, distribuem e até fazem a formação de professores, mas não consultam esses mesmos professores! E, pasmem senhores gestores: não é o bastante produzir e distribuir material gratuito, capacitar professores.

É preciso acompanhar de perto o desenvolvimento e aplicação dos projetos implementados. Não só através de relatórios escritos, fotos e divulgação de cases de sucesso, é necessário levar realmente a sério, investir de verdade. E ainda: não adianta escolher “aleatoriamente” uma escola ou outra para apresentar os resultados, é preciso ir a campo, fazer um esforço e comprovar in loco os resultados, sem favoritismos e sem preparar antecipadamente os discursos bonitos para apresentar como se fosse essa a realidade!

Conheça um projeto de sucesso, desenvolvido com responsabilidade em 2014 pelo DETRAN AL, que evoluiu e se expandiu para além das fronteiras das escolas: clique aqui

Investir fortunas, mas não perguntar nada a quem está na linha de frente, ou ao menos a quem esteve em sala de aula para saber como trabalhar com os alunos não vai dar a chance à educação de mudar a triste realidade com a qual convivemos no trânsito! Lindos discursos de “teóricos” famosos da educação que insistem em “padronizar” a Educação não leva a nada. A Educação é um organismo vivo, tem movimentos próprios.

Retornamos à estaca zero: os professores se orgulham em relatar que fazem circuitos de Trânsito no pátio das Escolas. Aí, quando um vídeo desses, de uma criança dessa idade é divulgado, criticamos.  Lógico que é errado, porém é o que se faz.

Qual a diferença entre uma criança conduzir um veículo na rua se na escola elas são colocadas, desde a Educação Infantil na condição de condutores?

E o pior: muitos destes circuitos são patrocinados por órgãos de trânsito que justificam isso com o discurso de que as crianças são colocadas nas duas situações: como condutoras e como pedestres. E, antes de chegarem ao circuito, recebem orientações e explicações a respeito e muitas vezes conduzem apenas bicicletas. Pergunto: qual a diferença para uma criança que está em fase de desenvolvimento, aprendendo novos conceitos de conduzir um veículo, qualquer que seja, em um circuito ou na rua? Elas de fato compreendem essa diferença? Entendem que não devem andar de bicicleta na rua? Compreendem o risco que isso envolve?

Voltando ao vídeo: será que essa criança, tendo efetivamente recebido Educação para o Trânsito na escola, conseguiria ter se recusado a conduzir esse veículo ou outro qualquer? E ela foi obrigada de alguma forma a fazer isso? Ou se deixou seduzir pelos pais que acham muito bonitinho que uma criança consiga fazer isso? Qual a justificativa dos pais para permitir e até induzir uma criança, que deve estar iniciando a sua alfabetização, a conduzir um veículo? Eles têm REALMENTE percepção do risco que isso tudo envolve? Muito mais do que exibir seu “filho precoce” nas redes sociais, essa conduta é criminosa e as autoridades, tomando conhecimento dessa situação, deveriam agir e aplicar as penalidades previstas pela legislação.

Definitivamente, falta trabalhar percepção de risco, não só na teoria e no discurso, mas na prática. SOMOS PEDESTRES! Por favor, ensinem ISSO as nossas crianças. Vamos preservar vidas.

Então, no dia dedicado à comemorar o dia dos Professores cumprimentamos à todos aqueles que não só ensinam, mas inspiram e fazem a diferença na vida dos seus alunos. E que, um dia, possamos ter voz e sermos ouvidos pelos gestores de trânsito do Brasil!

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