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Estudo mostra a queda nos índices do trânsito brasileiro causada pelo isolamento social


Por Mariana Czerwonka Publicado 03/04/2020 às 03h00 Atualizado 08/11/2022 às 21h52
 Tempo de leitura estimado: 00:00
redução de tráfegoEm São Paulo a queda de tráfego de veículos particulares foi de 88,6%. Foto: Divulgação Cetesb.

O tráfego nas grandes cidades diminuiu? O número de acidentes de trânsito também? E os índices de congestionamento? A resposta para essas perguntas estão em estudos divulgados durante essa semana no Brasil.

Em um deles, realizado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), com o apoio do Waze, é possível perceber uma queda de mais de 70% no tráfego das grandes cidades brasileiras. Em umas mais, em outras menos. O estudo comparou a primeira e a última semana de março.

Conforme o estudo, esse índice está diretamente ligado às estratégias de confinamento determinadas por prefeituras e governos de estado e também a segmentação de renda, sendo que uma parcela considerável da população, com menor chance de realizar home office, ainda tenha que se sujeitar a estar nas ruas para preservar seu trabalho.

A cidade que mais reduziu o seu tráfego, dentre as pesquisadas no Brasil, foi Florianópolis, capital de Santa Catarina, com 94,5% de redução. Em seguida Rio de Janeiro (90,1%) e Brasília (89,9%).

Mesmo com redução significativa, as capitais do Nordeste apresentaram menor queda. São elas Fortaleza (75,6%), Natal (75,6%) e São Luís (75,4%).

Já sobre a diminuição no uso do transporte público, Fortaleza aparece em quarto lugar dentre as capitais pesquisadas da América Latina e em primeiro no Brasil. A redução foi de 70%.

A conclusão do estudo é que, de fato, os cidadãos latino-americanos estão ficando em casa, mas se percebe que alguns o estão fazendo mais do que outros e isso pode refletir diretamente nos números da pandemia.

Queda no número de acidentes

Com a consequente redução do número de carros, ônibus, pedestres, motociclistas, ciclistas, etc nas ruas, o número de acidentes também cai exponencialmente.

Em São Paulo, por exemplo, onde a queda de tráfego de veículos particulares foi de 88,6% e diminuição no uso do transporte público foi de 64%, o número de acidentes fatais caiu 28% em relação a janeiro e 9% em relação a fevereiro, segundo levantamento parcial da Central de Operações da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).

Porto Alegre também registrou queda no número de acidentes. De acordo com dados divulgados pela Prefeitura, entre os dias 7 e 13 de março foram registrados 274 acidentes de trânsito na Capital. Já entre os dias 21 a 27 de março, o número foi reduzido a 52 colisões, representando uma queda de 81%. Apesar disso, a diminuição de acidentes com pessoas feridas foi inferior, ficando em 62,6%. A redução de tráfego em Porto Alegre, segundo o estudo do BID, foi de 85,6%.

Essa tendência, da mesma forma, aparece em Curitiba. De acordo com o Batalhão de Trânsito da Polícia Militar (BPTran), nos últimos dias de março a queda foi de 46% dos acidentes e de 40% dos feridos. O comparativo foi feito de semana a semana, entre os dias 11 e 20 de março e, depois, no período entre os dias 21 e 30 de março. A diminuição nos índices foi registrada nessas últimas datas. Na capital paranaense a redução de tráfego foi de 86,8%.

O que dizem os especialistas

Eliane Pietsak, pedagoga com especialização em trânsito, diz que como efeito secundário, temos também o meio ambiente agradecendo a redução de circulação de veículos. Para a especialista, a redução no índice de acidentes é sempre bem vinda, ainda que o fosse “zero” a quantidade ideal de acidentes, porém o momento não é para comemoração.

“Tenho sentimentos contraditórios porque, com a divulgação dessas notícias, muitas pessoas tendem a se descuidar por achar que está mais seguro andar pela cidade, ficam mais desatentos. Por outro lado, temos os que se aproveitam disso para aumentar a velocidade, abusar mais. Esses tendem a imaginar, inclusive, que a fiscalização está menor e por este motivo, cometer todo tipo de infração não traz problema algum”, explica. 

A especialista diz ainda que devido a pandemia causada pelo coronavírus, o que não precisamos agora é que os leitos dos SUS sejam ocupados por acidentados de trânsito.

“Essa queda é devido a um único fator, a diminuição do número de veículos e também de pessoas nas vias da cidade. A tendência é tudo voltar ao normal assim que o isolamento social diminuir”, finaliza.

 

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