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Multas a ônibus por avanço de sinal e velocidade quadruplicam em BH


Por Mariana Czerwonka Publicado 19/12/2012 às 02h00 Atualizado 08/11/2022 às 17h28
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Sindicato diz que só este mês cinco motoristas perderam a carteira

O semáforo já havia ficado amarelo quando o motorista do ônibus metropolitano acelerou e espantou pedestres que esperavam a hora de atravessar em uma das faixas da Praça Raul Soares, Região Centro-Sul de Belo Horizonte. Sem ninguém à frente e com a sinalização em vermelho, o condutor até reduziu um pouco a velocidade para subir e descer as rampas da faixa de pedestres, mas preferiu furar o sinal em vez de parar. O motorista desrespeitou as regras de trânsito e pôs outras pessoas em risco em troca de uma vantagem mínima: 15 metros adiante, teve de parar em outro semáforo.

A cena, testemunhada às 14h de ontem pela reportagem do Estado de Minas, reflete números que têm preocupado as autoridades de trânsito da capital mineira. De acordo com dados da BHTrans, o número de multas a ônibus por avanço de semáforo e alta velocidade cresceu mais de quatro vezes de janeiro a outubro deste ano na comparação com o mesmo período do ano passado, de 1.403 para 6.494 – média de 21 infrações por dia.

O acréscimo de 363% no período de um ano é explicado em parte pela entrada em funcionamento de detectores de avanço de sinal a partir de junho de 2011. Considerados os avanços de sinal por qualquer tipo de veículo, foram 49.972 ocorrências de janeiro a junho deste ano. Mas as infrações cometidas por motoristas de ônibus deixam autoridades de trânsito especialmente preocupadas por se tratar de transporte de massa. Pelas principais avenidas da capital, avanços de semáforos ocorrem a qualquer hora do dia e muitas vezes resultam em bloqueio de cruzamentos.

Os números não se referem apenas à frota que presta serviço em rotas regulares, mas também ônibus particulares e de turismo. “Ainda não identificamos o motivo de os ônibus estarem ultrapassando os semáforos. Pode ser que estejam trabalhando sob algum tipo de pressão ou que essa seja a resposta a alguma condição que ainda não diagnosticamos”, afirmou o gerente de Pesquisa e Documentação da BHTrans, Fernando Luiz Chiarini.

O ônibus metropolitano que avançou o sinal vermelho às 14h na Praça Raul Soares, entre as avenidas Olegário Maciel e Bias Fortes, não foi o único flagrado pela reportagem do EM. Em apenas 10 minutos, outros dois coletivos furaram o sinal. Em ambos os casos os motoristas tinham condições de frear antes e respeitar a sinalização, uma vez que o semáforo estava amarelo havia tempo suficiente. Nos cruzamentos das avenidas Amazonas e Afonso Pena, na Praça Sete, no Centro, a multidão de pedestres que invade as faixas vermelhas e brancas para atravessar as vias convive com frequência com os perigos dos avanços.

Por volta das 13h30 de ontem, a reportagem flagrou caso na Avenida Amazonas em que o motorista de ônibus por pouco não atropelou pedestres. Ao subir a avenida e notar que o semáforo tinha ficado amarelo, o condutor acelerou, mas mudou de ideia em seguida ao ver que muitas pessoas começavam a atravessar a pista. O resultado foi uma freada brusca que levantou fumaça dos pneus e fez com que os pedestres voltassem assustados para os passeios. Em cima da faixa de travessia, o motorista do ônibus não quis justificar por que quase avançou o sinal vermelho e parou sobre a faixa, o que também é infração de trânsito.

Tamanho

Para a entidade que representa os rodoviários, a razão para tantas multas não é o mau comportamento de motoristas, e sim o tamanho dos veículos. “O que acontece é que os ônibus passam com o eixo dianteiro no amarelo e, quando o eixo de trás passa no vermelho, o condutor acaba sendo multado”, justificou o diretor de Comunicação do Sindicato dos Rodoviários de Belo Horizonte e Região, Carlos Henrique Marques.

“É uma briga que estamos tendo com a BHTrans agora para mudar e instalar um temporizador nos semáforos”, acrescentou. Ele reconhece que o número de pontos nas carteiras dos profissionais tem disparado. “Só neste mês cinco motoristas perderam a carteira, ultrapassando 20 pontos. Estamos até negociando adiantamento de férias ou pagamento de férias vencidas para que os condutores regularizem sua situação”, afirma. A BHTrans não comentou oficialmente a situação. O engenheiro Silvestre de Andrade Puty Filho, especialista em transporte, discorda da avaliação do sindicato. “Se os motoristas de ônibus sabem que seu veículo é grande, então sabem que a consequência de avançar no amarelo é que parte do veículo vai atravessar no vermelho”, opina.

Quem avança o sinal comete uma infração gravíssima, com punição de sete pontos na carteira e multa R$ 191. No primeiro semestre, cinco radares de avanço foram os campeões em multas, levando-se em conta qualquer tipo de veículo. De acordo com a BHTrans, o que mais gerou autuações fica na Avenida Tereza Cristina com Juscelino Kubitschek, na Gameleira (Região Oeste). O radar foi responsável por 9.785 multas. Na sequência vêm os aparelhos da Avenida Cristiano Machado com Sebastião de Brito (4.100), Vilarinho com Marechal Falconiere, sentido Bairro, (3.311), Afonso Pena com Tupis (2.936) e Vilarinho com Marechal Falconiere, sentido Centro (2.592).

Fonte: Estado de Minas

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