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Preço do etanol pode cair no início da safra


Por Talita Inaba Publicado 23/04/2013 às 03h00 Atualizado 08/11/2022 às 23h41
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A isenção da cobrança do PIS/Cofins para o etanol poderá resultar, em um primeiro momento, na redução de até 10 % no preço do biocombustível hidratado para o consumidor final, e deverá tornar o combustível mais competitivo. Os ganhos iniciais para os consumidores, contudo, deverão ser apropriados, por conta das condições do mercado, no segundo semestre pelas usinas, que reclamam das pequenas margens de lucro, apontaram especialistas consultados nesta segunda-feira. Os comentários foram feitos antes do final de uma reunião nesta segunda-feira de representantes do setor com a presidente Dilma Rousseff, para discutir a desoneração que vem sendo reivindicada há cerca de dois anos, como forma de estimular o consumo do biocombustível. “No limite, a desoneração do PIS/Cofins representaria alguma coisa entre 9 e 10 % do preço líquido atual do hidratado”, disse o presidente da consultoria Job Economia, Julio Maria Borges. O etanol hidratado é o que compete diretamente com a gasolina, sendo vendido individualmente nas bombas para abastecer os carros bicombustíveis, ao contrário do etanol anidro, que é misturado obrigatoriamente à gasolina. “É provável que nestes primeiros meses de safra, devido à pressão de oferta natural que existe, que se transfira este benefício para o consumidor final, o que vai dar uma atratividade muito grande para o etanol na bomba”, avaliou Borges. Um tempo mais favorável para colheita de cana neste início de safra no centro-sul já fez com que os preços do hidratado recuassem no final da semana passada. Borges lembrou que atualmente, pelas condições de paridade com a gasolina, o etanol é atrativo praticamente em apenas quatro Estados do país, porque nos outros casos o preço fica acima do limite 70 % do preço do combustível fóssil. “Com a desoneração, e se isso for repassado para o consumidor, todos os Estados vão poder comercializar o hidratado”, acrescentou. Ele explicou que num primeiro momento a usina vai ganhar muito mais em termos de velocidade de comercialização da safra do que no preço, mas este cenário tende a mudar posteriormente. “A partir do segundo semestre, com a natural concentração da oferta nos grandes grupos, é muito provável que a usina se aproprie deste benefício”, explicou. Custos pressionam O setor vem pedindo a desoneração em meio aos custos maiores de produção –que inclui mão de obra e mecanização– e perda de espaço na concorrência com a gasolina. A partir de meados do ano passado, o governo começou a sinalizar que poderia desonerar o PIS/Cofins para o setor de etanol, na tentativa de dar fôlego ao setor. O presidente da Cosan, Marcos Lutz, ressaltou que o etanol vem sofrendo uma pressão em meio ao aumento dos custos de produção. “Desonerar ajuda, mas isso já estava meio computado pelo setor. Há bastante tempo que a cadeia vive um aumento de custos e inflação de maneira geral. Então, isso ajuda a melhorar a competitividade para esta cadeia”, disse o Lutz à Reuters no intervalo de evento em São Paulo, nesta segunda-feira. Ele também considerou que a desoneração eventualmente será repassada ao consumidor, resultando em algum aumento de participação do etanol no mercado. Ele não apontou um percentual de redução. “Na prática, o que está se falando é que (a medida) vai diminuir marginalmente o preço do etanol; e quando isso acontecer, o consumo vai crescer”, disse o executivo da Cosan, que é a maior produtora individual de açúcar e etanol do Brasil. Ele acrescentou que, com a medida, vê espaço para o setor recuperar parte da rentabilidade neste ano. Mas ponderou que a indústria de modo geral ainda pode ter rentabilidade mais baixa neste ano ante 2012, por conta das cotações pressionadas do açúcar. Impacto de cortes Para o presidente da consultoria Datagro, Plinio Nastari, a medida deverá beneficiar principalmente a rede de revenda e distribuição e um pouco menos as usinas produtoras. A cadeia de distribuição, que reclama de margens apertadas, deverá absorver entre 40 a 50 % do que for desonerado, segundo a consultoria. “Na distribuição e na revenda de gasolina, a margem é de aproximadamente 40 centavos por litro. A margem de distribuição e revenda do hidratado é de 10 a 12 centavos. As distribuidoras e revendas reclamam muito de que praticamente não têm margem”, disse à Reuters o presidente da Datagro. As usinas produtoras devem ficar com 30 a 40 % do que deixar de ser cobrado em tributos pelo governo federal, melhorando entre 5 e 7 centavos a rentabilidade por litro de etanol hidratado, segundo Nastari. “Obviamente é positiva a medida. Mas eu diria que ainda não é suficiente”, disse o consultor, acrescentando faltam políticas de longo prazo para o setor. Fonte: Exame.com

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