Risco de morte no trânsito é 12 vezes maior no Brasil
O risco de morte no trânsito brasileiro é até 12 vezes maior do que nas ruas e rodovias de países ricos. O perigo diário que cerca os motoristas do país veio à tona com a divulgação de uma pesquisa inédita do Departamento de Transportes da Escola de Engenharia de São Carlos, da Universidade de São Paulo (USP). Por meio de uma metodologia própria, pesquisadores levantaram o índice de mortes por bilhão de quilômetros percorridos no Brasil e estados, indicador que já é usado por países desenvolvidos e é considerado o mais apropriado para avaliar o risco de morte no trânsito.
O estudo, que levou em consideração o período entre 2004 e 2008, escancara a relação entre desenvolvimento econômico e mortalidade nas ruas e rodovias. Em 2008, o Brasil apresentou um índice de 55,9 mortes por bilhão de quilômetros, enquanto em países como Suécia, Alemanha e Estados Unidos a mesma taxa foi de 4,4, 6,0 e 7,1, respectivamente. A disparidade se repete dentro do próprio território brasileiro. Nesse caso, a fórmula é clara: quanto maior o PIB per capita do estado, menor é o risco real de morte no trânsito.
São Paulo, por exemplo, que fechou 2008 com um PIB per capita de R$ 24.458,88, registrou um índice de 35,8 mortes por bilhão de quilômetros percorridos – bem abaixo da média nacional. Já no Piauí, onde o PIB per capita foi de R$ 5.372,56, o índice de mortes por bilhão de quilômetro percorrido foi de 146,0. “Isso mostra que a mortalidade no trânsito é reflexo não só de reforços financeiros diretos em prevenção, mas também de investimentos em educação, saúde, cultura e várias outras áreas que contribuem para uma formação global do cidadão”, avalia o engenheiro civil Jorge Tiabo Bastos, mestre em Engenharia de Transportes e autor da pesquisa.
Educação
Segundo o estudo Mapa da Violência, do Ministério da Justiça, o Brasil é o 10.º no ranking de mortes por número de acidentes. Em primeiro, vem a Venezuela, seguida de El Salvador, Rússia, Cazaquistão, San Marino, Belize, Bahamas, Bermudas e Ucrânia. “Países mais desenvolvidos têm um conjunto de ações mais amplo voltado para o trânsito, com legislação mais ferrenha e programas específicos. Além disso, aliada ao desenvolvimento econômico, surge uma educação melhor, em sentido amplo”, analisa a coordenadora do Núcleo de Psicologia do Trânsito da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Iara Thielen. “Nos Estados Unidos, se o pedestre coloca o pé na via, os carros param imediatamente. E isso ocorre há 30, 40 anos”, completa.
Fiscalização
Conforme o estudo da USP, entre 2004 e 2008 o Paraná contabilizou uma média de 75,27 mortes por bilhão de quilômetros percorridos, ficando em 14.º lugar no ranking de estados que mais tiveram vítimas fatais. O inspetor da Polícia Rodoviária Federal Fabiano Moreno defende que, antes de uma fiscalização mais acirrada, é preciso buscar alternativas que priorizem a conscientização do motorista. “Educação de trânsito começa quando o pai dá exemplo para o filho. A fiscalização só entra em cena quando outras etapas, como essa educação e a conscientização, falham”, afirma.
Além das vidas perdidas, os acidentes também custam aos cofres públicos do país aproximadamente R$ 187 milhões por ano. Em 2010, 145,9 mil pessoas, vítimas do trânsito, foram internadas e tiveram tratamento coberto pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Fonte: Gazeta do Povo
Receba as mais lidas da semana por e-mail
Notícias
Com moto de alta cilindrada, rapaz tem ferimento grave na cabeça após bater contra traseira de carro no Água Verde
Com uma moto de alta cilindrada, um motociclista teve ferimentos graves ao bater contra a traseira de um carro na…
Com uma moto de alta cilindrada, um motociclista teve ferimentos graves ao bater contra a traseira de um carro na…