Nós usamos cookies para melhorar a sua experiência em nossos sites, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao acessar o Portal do Trânsito, você concorda com o uso dessa tecnologia. Saiba mais em nossa Política de Privacidade.

Consequências do fim do DPVAT


Por Dirceu Rodrigues Alves Publicado 16/11/2019 às 03h00 Atualizado 02/11/2022 às 20h07
 Tempo de leitura estimado: 00:00
Acidente de carroFoto: Freeimages.com

O fim do DPVAT é um grande prejuízo para o SUS que deixará de receber 50% da verba arrecadada pela Seguradora Líder. Não atuando na prevenção estaremos recebendo cada vez mais pacientes e sem recursos, teremos mais óbitos e incapacitados temporária ou definitivamente para o trabalho, numa faixa etária de 18 a 34 anos quando deveriam estar altamente produtivos.

Falta de recursos humanos, instalações, instrumental, equipamentos, manutenção, tudo estará deficiente para o atendimento à população.

O Sistema Único de Saúde sempre foi deficitário, a verba que recebe da Seguradora Líder alavanca suas despesas e a ausência da mesma o tornará mais deficiente, não sabemos como o governo injetará recursos para o bom funcionamento e atendimento.

Cada dia mais temos mais veículos, mais população, mais acidentes de trânsito, mais vítimas, mais óbitos e menos recursos, menos investimentos, menos tudo na prevenção da mobilidade humana.

É inacreditável que máquinas criadas para facilitar a mobilidade do homem passam a ser utilizadas como arma de guerra. São hoje os instrumentos principais para aumentar a morbimortalidade. Transforma-se um instrumento extremamente útil em armamento pesado. Reduz-se a nossa produtividade com repercussão em todos os segmentos da sociedade. O homem como agente predador, ceifando vidas, produzindo sequelados e transformando o trânsito em verdadeira batalha.

Seguradoras, planos de saúde são procurados pela ineficiência do Estado, DPVAT, Educação de Trânsito, Curso de Formação do Motorista e o entendimento da sociedade sobre os fatores de risco.

Na realidade vemos que o DPVAT deixa de aplicar a maior parcela do arrecadado na prevenção. Não temos que atuar no tratamento, precisamos impedir que o indivíduo saudável repentinamente dê entrada num pronto socorro vítima do trauma de trânsito. Isso hoje é uma epidemia. O DPVAT reserva apenas 5% para prevenção que não vemos. O que é melhor, vacinar a população através de educação continuada ou não vacinar e deixar a epidemia invadir os hospitais. A imunização desse mal só depende de atuação drástica das autoridades, DPVAT, ONGs e Sociedade, todos temos que dar proteção a vida.

Apesar de fraudes, de atuação ineficaz na preservação da vida e valores incompatíveis para educação de trânsito não vemos a erradicação do Seguro DPVAT uma medida que gere benefício a alguém. Os valores pagos pelo DPVAT são irrisórios e mostra a desvalorização da vida.

A Seguradora Líder dos consórcios de seguro DPVAT (Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre) indeniza milhares de cidadãos vítimas dessa guerra.

Pensar no prejuízo momentâneo produzido nos leva a contabilizar valores de resgate, internação, cirurgias, unidade de terapia intensiva, enfermaria, fisioterapia e outras tantas coisas. Esse é um custo alto, porém, mais para frente vamos deparar com valores incalculáveis. Considerando que a idade média desses jovens é em torno de trinta anos e que o brasileiro tem capacidade produtiva até os sessenta e cinco anos, teremos para cada perda trinta e cinco anos de ausência de produção. Significa dizer que perderemos anos de trabalho.

Difícil calcular, mas a cadeia de produção cai, o país desce degraus amargos, a população sofre. Reduzem-se verbas para ministérios. A saúde, educação, segurança serão certamente as mais comprometidas. Caminharemos para o caos ano a ano.

O IBGE já indica que cresce de maneira preocupante a população de idosos, enquanto a de jovens, naquela faixa etária, decresce acentuadamente.

Por tudo isso posso afirmar que vivemos momento de aflição, e porque não afirmar que é de desespero porque sabemos que a tendência natural é a multiplicação desordenada dessas perdas. Mais óbitos, mais sequelados, mais dependentes da contribuição da sociedade brasileira.

O investimento que se pode fazer hoje para redução dessa sinistralidade será insignificante com relação aos custos do futuro que antevemos.

Estamos diante de uma doença epidêmica negligenciada pelos governos em suas várias estâncias. Todos conhecem a vacina para erradicar esse mal. Precisamos de ações multidisciplinares e consolidadas para implantar com rigor a ordem e paz no trânsito.

Receba as mais lidas da semana por e-mail

Comentar

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *