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Acidentes são as maiores causas de mortes de crianças


Por Talita Inaba Publicado 18/02/2013 às 03h00 Atualizado 08/11/2022 às 23h48
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Enquanto coordenadora de um CTI Pediátrico na cidade de Anápolis me sinto na obrigação de escrever um artigo sobre ‘acidentes com crianças’, ou como abordamos na terminologia médica a respeito das ‘Injúrias não intencionais’, que são causas crescentes de mortalidade e invalidez na infância e adolescência. Estatisticamente é a maior causa de mortes a partir de cinco anos.

Segundo relatório da Unicef, 98% das mortes de crianças e jovens causados por traumas ocorrem nos países em desenvolvimento. Ainda de acordo com o estudo, são fatores de risco que aumentam as chances de acidentes: pobreza, mãe solteira e jovem, baixo nível de educação materna, habitações pobres, famílias numerosas, uso de álcool e drogas pelos pais.

Os dados apresentam ainda que 70% dos casos se referem a traumas de trânsito, afogamento e queimaduras, e que acontece uma morte a cada 20 a 50 hospitalizações, sendo que 1/3 destes têm sequelas permanentes, gerando de 10 a 30% de ocupação dos leitos hospitalares. Além desses três acidentes, cito a grande incidência do que chamamos de ‘Lesões não intencionais’, que são os atropelamentos, acidentes de trânsito, quedas, envenenamentos e obstruções das vias aéreas. Por isso, se faz necessária a prevenção primária para tentar evitar tais acidentes.

E também a secundária, que se configura como o atendimento efetivo aos feridos e cuidados hospitalares. Existe também a terciária, que trata de auxiliar a vítima a voltar ao seu potencial máximo de antes do evento traumático com o menor grau de incapacitação. Neste contexto, é fundamental a criação de estratégias preventivas ativas, como por exemplo, o ato de afivelar o cinto de segurança; e a passiva como a comercialização de medicamentos embalados em recipientes com tampas de proteção. E no ambiente doméstico, quais seriam as estratégias para se evitar acidentes? Em crianças de até quatro anos são comuns as quedas de escadas, janelas, banheiras, dos móveis como cama, estante, sofá, mesas.

Também são muito comuns os acidentes com brinquedos de cavalgar, e com peças quebradas. Sendo assim, no ambiente doméstico é fundamental que a criança não fique sozinha; evitar que ela suba em qualquer móvel; a cama deve ser baixa; não deixar objetos dentro do berço, que a criança possa colocar na boca ou utilizar para subir e pular; não estimular o uso de andadores; instalar proteção nas janelas como grades e redes; não manter móveis próximos às janelas; pisos devem ser antiderrapantes.

Outro acidente que tem trazido muitas crianças ao CTI são os de trânsito. São inúmeros os atropelamentos, inclusive nas faixas de pedestre, e até mesmo por membros da própria família, como acontecem ao se retirar carros das garagens. É diante dessa realidade que nós pediatras orientamos os pais para serem exemplos, respeitem as leis de trânsito; ao atravessarem a rua segurem firme na mão de seus filhos, e até mesmo segurá-las pelos punhos; não deixem seus filhos brincarem na rua, nas calçadas; e lugar de transportar criança é no banco de trás. São inúmeros também os acidentes com bicicletas e skates. Entre cinco e 14 anos, 70% das crianças gostam de bike. O risco de acidentes é maior entre os garotos. E as quedas resultam em lesões de face, fraturas, graves lesões por conta do guidom nas vísceras ocas ou maciças. Orientamos o uso de capacetes; nunca usar uma bicicleta maior do que a apropriada para o tamanho da criança; ter atenção com a altura do banco; utilizar adesivos refletores; os freios devem estar funcionando; não usar fones de ouvido enquanto estão pedalando. As mesmas orientações são para o skate. Todo skatista deve usar equipamentos de proteção; não andar de skate em vias públicas, brincar em locais apropriados.

E para encerrar este artigo, quero chamar a atenção dos pais para o afogamento, que é a quarta causa de morte, segundo a Organização Mundial de Saúde, na faixa etária de 5 a 14 anos. A maioria dos afogamentos acontece em água doce. Em menores de um ano, em banheiras, vasos sanitários, baldes e tanques. De um a quatro anos, os acidentes acontecem em piscinas e mar. Em 50% das ocorrências, os pais estavam ingerindo bebidas alcóolicas e se esqueceram dos filhos. As dicas são nunca deixar as crianças próximas a piscinas, e também quando estiveram brincando, não deixá-las sozinhas; não deixar baldes e bacias com água expostas, principalmente quando se têm bebês que estão aprendendo a engatinhar ou a andar; e o mais importante não pensem que boias e coletes são seguros, ou seja: confie desconfiando! No próximo artigo, falarei sobre os outros acidentes, no que se refere à asfixia, intoxicação, queimaduras, drogas, choque elétrico e outros acidentes. Quando convivemos diariamente com esta realidade dentro do CTI sentimos na obrigação de alertar os pais, e evitar a dor de perder um filho ou vê-lo sequelado. É por isso que gosto de enfatizar, que criança é um bem a ser protegido.

Fonte: DM.com.br

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