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Concessionárias de rodovias pavimentam o caminho da educação para o trânsito


Por Talita Inaba Publicado 27/05/2015 às 03h00 Atualizado 08/11/2022 às 22h51
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Medidas de conscientização diminuíram o índice de acidentes em 4,7 % entre 2012 e 2013, e o número de mortes caiu 6%

De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), em 2014 aconteceram 168.593 acidentes e 8.227 óbitos nas rodovias federais que cortam o País. Segundo o órgão, o tipo de acidente que mais mata nas estradas brasileiras são as batidas frontais e os atropelamentos, sendo que 73% dos acidentes e mortes ocorrem em retas. A maior parte das colisões é causada por falha humana, como falta de atenção (32%), dirigir em velocidade maior do que a permitida para a via (20%) e ultrapassagens indevidas (12%). Na Assembleia Geral da ONU em 02 de março de 2010, o tema foi motivo de discussões a respeito das possíveis soluções para diminuir os índices de vítimas. Como resultado, foi proclamada a Década Mundial de Ações de Segurança no Trânsito que pretende de 2011 a 2020, envolver toda a sociedade na busca de um trânsito menos violento.

Com o intuito de mudar positivamente essa realidade no trânsito, algumas ações têm sido implementadas para tentar frear os números de acidentes e fatalidades. Envolvidas com esse pacto, as concessionárias de rodovias no Brasil adotaram medidas para que, a partir dos critérios sugeridos pela ONU, haja uma redução significativa de mortes. As concessionárias, responsáveis pela infraestrutura das rodovias, têm desenvolvido projetos de educação para o trânsito, além de, junto aos poderes públicos, insistirem também na fiscalização dos motoristas.

O especialista de trânsito e diretor da Tecnodata Educacional, Celso Alves Mariano, diz que o comportamento do cidadão influencia nos números. “Conduzimos nossos veículos de forma irresponsável ou distraída. Até mesmo como pedestres temos agido de forma temerosa, dando mais atenção para as telinhas dos celulares do que para a movimentação dos veículos”, argumenta.

Ações educativas

Criado em 2008 e vencedor do XIII Prêmio Denatran na categoria Educação no Trânsito, o projeto “De Bem com a Via”, realizado pela Ecovias, tem como objetivo tirar as crianças das margens das rodovias nos períodos de férias escolares. Para isso, são realizadas ações integradas como atividades lúdicas, contação de histórias e teatro, com o objetivo de garantir acesso à educação para o trânsito e contribuir com a redução no número de acidentes. As atividades ocorrem em áreas livres nas comunidades, dentro de escolas ou na Minipista de Trânsito, instalada na Ecovias. O projeto acontece ao longo de todo o ano e atende ao público infantil, adolescente e adulto com ações estruturadas para cada faixa etária.

“Quando trabalhamos “educação para o trânsito” com crianças, estamos plantando uma semente que será colhida num futuro muito próximo, sem contar que após a participação das crianças no projeto, ensinamos todas a serem fiscalizadoras das ações do trânsito de forma geral, presenteando-as com o talão de MiniMulta, fixando a mensagem de maneira eficiente”, explica o Analista de Sustentabilidade da Ecovias, Leandro Almeida. Desde sua criação, o “De Bem com a Via” já atendeu mais de 40 mil pessoas em mais de 40 escolas e 20 comunidades do entorno das rodovias do Sistema Anchieta-Imigrantes. Em 2015, o projeto atenderá mais de 20 comunidades nas cidades de Diadema, São Bernardo do Campo, Cubatão e São Vicente.

A concessionária Nascentes das Gerais (MG) realiza desde 2007 o Programa de Educação para o Trânsito nas Escolas, idealizado pela com base nas diretrizes do Código de Trânsito Brasileiro com o intuito de melhorar a trafegabilidade e a segurança nas vias. Durante todo o ano são realizados cursos de capacitação para professores multiplicadores, palestras em empresas, concursos, treinamentos, teatros, blitz educativas entre outros.

“Esse tipo de trabalho é o que chamam de “trabalho de formiguinha” no qual o efeito final é demorado, mas sólido, uma vez trabalhamos, não somente, mas especialmente, com crianças em idade escolar, que são hoje grande parte das vítimas, por trafegarem como pedestres e ciclistas, e também por serem os “caronas” de muitos dos condutores imprudentes”, diz Marcelina Lúcia Liberato, coordenadora de comunicação e ouvidoria da Nascentes das Gerais. Desde 2007 o projeto já atingiu mais de 200 escolas, somando mais de 90 mil alunos.

O grupo Arteris, formado por 9 concessionárias: Autopista Fernão Dias, Autopista Fluminense, Autopista Régis Bittencourt, Autopista Litoral Sul, Autopista Planalto Sul, Autovias, Centrovias, Intervias e Vianorte, desenvolve desde 2001 o Projeto Escola Arteris, voltado para as pessoas de todas as faixas etárias e com o objetivo trabalhar valores, “alguns inerentes ao ser humano e outros que ele vai adquirindo conforme o trabalho acontece”, explica Maria José Finardi, coordenadora do projeto. Os principais parceiros são as escolas que, por meio dos educadores que são capacitados pelo projeto, aprendem a desenvolver esse tema nas diferentes disciplinas.

De 2001 a 2015, 13.926 educadores, 252.607 estudantes de 500 escolas de 125 municípios lindeiros às rodovias fizeram parte do projeto. “É necessário trabalhar o ser humano, pois são eles que fazem uso da infraestrutura no trânsito, sejam motoristas, pedestres e demais atores que fazem parte desse cenário”, diz Finardi.

Outras concessionárias também possuem projetos para conscientização dos usuários (conforme o mapa), como as concessionárias “ViaBahia, ECO101, Rota do Oeste, MSVIA, Concebra, Via040, MGO e BR-153/GO/TO que possuem, no Contrato, uma verba destinada a campanhas de redução de acidentes, que incluem projetos de educação no trânsito”, informou a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

Conquistas

Segundo o relatório anual de 2013 da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR), com as medidas adotadas, o índice de acidentes para cada 10 mil veículos caiu 4,7 % entre 2012 e 2

013, e o índice de mortes caiu 6%. Além disso, cerca de um milhão de pessoas receberam orientações durante o ano sobre a educação para o trânsito. Segundo Raul Viana, “a queda no número de acidentes é resultado de um conjunto de fatores, como qualidade das rodovias, sinalização, programas educacionais, entre outros”, informa o diretor de comunicação da ABCR.

Outras iniciativas têm sido realizadas para a diminuição das fatalidades em rodovias, entre elas a “Lei Seca”, que atesta que, o motorista que for flagrado dirigindo depois de consumir qualquer quantidade de álcool deverá pagar uma multa de R$ 1.915,40, podendo ser inclusive comprovada não só pelo bafômetro, mas também por vídeos, fotos, sinais e comportamentos; e também a “Lei dos Caminhoneiros”, que estabelece período de descanso obrigatório para motoristas profissionais. Além dessas medidas, no final do ano passado, algumas infrações tiveram o valor da multa aumentado em até 900%.

Segundo o especialista Celso Alves Mariano, existem três pilares para reduzir os acidentes de trânsito. O primeiro é a atitude cidadã, onde as pessoas devem “conscientizar-se de que o que é publico “é de todos”, e não de “ninguém”, como muitos pensam”, o segundo é o comportamento responsável, “quem não olhar para os lados antes de atravessar a rua, não pode achar ruim que os condutores conduzam de forma desatenta” e, por fim, o terceiro pilar é conhecer aqueles que estão em volta, sendo o primeiro e essencial passo para melhorar a segurança e o bem estar de todos.

Sobre as concessionárias de rodovias

O Programa de Concessão de Rodovias Federais abrange 11.191,1 quilômetros de rodovias, sendo que a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) administra atualmente 21 concessões, totalizando 9.969,6 km.

Os encargos das concessionárias são regidos pela Lei n° 8.987 de 13 de fevereiro de 1995 e, de acordo com Viana, “as concessionárias cabe à missão de zelar pelo bem público que lhes foi concedido, prestando um serviço ao cidadão, em nome do governo, com qualidade e eficiência e investindo em sua melhoria constante. Ao usuário, cabe usufruir de rodovias com condições operacionais adequadas e muito mais seguras”, destaca o diretor da ABCR. Para ele, “as concessões de rodovias geram inúmeros benefícios socioeconômicos e socioambientais, tais como: investimentos em obras e novas tecnologias, empregos e renda gerada pelos empreendimentos, pagamentos de tributos ao governo federal, redução na quantidade e na gravidade dos acidentes, serviços de auxílio aos usuários, redução nas emissões de gases do efeito estufa e ações socioambientais realizadas pelas concessionárias nas comunidades”, conclui o diretor de comunicação do órgão.

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