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Motociclistas amputados aumentam procura de próteses


Por Mariana Czerwonka Publicado 12/03/2014 às 03h00 Atualizado 08/11/2022 às 23h17
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Motociclistas acidentados

Os Jogos Paralímpicos de inverno, que acontecem nesse momento na Rússia, chamam novamente a atenção do mundo para os avanços tecnológicos em termos de próteses destinadas aos portadores de deficiências físicas. Mas fora das quadras e dos estádios, quem são os principais usuários desse tipo de equipamento? Especialistas ouvidos pela RFI constataram o aumento recente da procura por pessoas que tiveram seus membros amputados após acidentes envolvendo motocicletas no Brasil.

As próteses beneficiam pessoas com amputações de membros congênitas ou adquiridas, sejam elas por meio de doenças ou acidentes. Mas nos últimos anos, no Brasil, o perfil dos usuários desses recursos vem mudando. Segundo Rosane Chamlian, médica fisiatra, gerente de reabilitação da AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente), os estudos mostram que as solicitações de motoboys são cada vez mais frequentes. “Aumentou o número de acidentados de motocicletas e particularmente desse grupo de pessoas, que trabalha fazendo entregas. Por isso hoje temos uma população adulta, jovem, que está na fase produtiva da vida, com amputação”.

O fenômeno também impressionou o coordenador técnico de atletismo do Comitê paralímpico brasileiro e professor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), Ciro Winckler. “É uma coisa assustadora, pois nós não temos nenhuma guerra no Brasil e em 2013 nós tivemos 5 mil amputações apenas no estado de São Paulo”, relata o especialista, ao se referir às pessoas que perderam parte de seus membros em acidentes envolvendo motocicletas no trânsito paulista.

Atletas dão exemplo

Se o número de solicitações tem aumentado por causa dos acidentes, os avanços tecnológicos também tem proporcionado uma recuperação cada vez maior dos movimentos dos amputados, sejam eles por razões congênitas ou adquiridas. Entre os exemplos mais conhecidos estão alguns atletas, como o corredor brasileiro Alan Fonteles Oliveira, que conquistou a medalha de ouro nos 200 metros rasos na Olimpíadas de 2012, ao superar o sul-africano Oscar Pistorius, outra estrela das pistas, que entrou para a história ao participar dos Jogos Paralímpicos e Olímpicos de Londres.

No entanto, os especialistas lembram que as próteses vistas nas competições esportivas não são como os equipamentos usados pelos demais deficientes. “É como na Fórmula 1 : desenvolvemos a tecnologia nas pistas e apenas uma parte daquela tecnologia será aplicada no uso do dia-a-dia”, explica Winckler. “A prótese esportiva é geralmente uma lâmina contínua, que armazena mais energia durante a marcha e devolve essa energia durante a corrida”, detalha o professor.

Custo elevado

Mas nem todos podem usar próteses para recuperar parte dos movimentos. Além das restrições ligadas ao tipo de amputação e o estado de saúde do paciente, o aspecto financeiro também deve ser levado em conta, já que alguns modelos podem custar até R$ 30 mil. No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) fornece os equipamentos mais simples, mas a lista de espera pode levar até um ano. O governo federal também criou uma linha de crédito no programa Viver sem limite, que facilita o acesso às próteses, com um sistema de empréstimos aos pacientes. Segundo o terapeuta ocupacional Mario Henrique Del Valhe Pereira, do Serviço de Apoio à Inclusão da Avape (Associação para Valorização de Pessoas com Deficiência), o plano do governo tem um orçamento de R$ 7,6 bilhões, a serem aplicados até 2014. “Esse plano envolve não apenas o financiamento de tecnologias assistivas, com equipamentos de reabilitação, mas também na área educacional e social”, relata o terapeuta.

Fonte: RFI

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