Nós usamos cookies para melhorar a sua experiência em nossos sites, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao acessar o Portal do Trânsito, você concorda com o uso dessa tecnologia. Saiba mais em nossa Política de Privacidade.

Três ciclistas morrem por mês no Paraná


Por Mariana Czerwonka Publicado 02/05/2014 às 03h00 Atualizado 08/11/2022 às 23h13
 Tempo de leitura estimado: 00:00

Acidentes envolvendo ciclistasNúmero representa a média dos acidentes fatais ocorridos no Paraná nos últimos cinco anos, segundo os dados do Corpo de Bombeiros

A designer Letícia Rodante, de 36 anos, não conseguiu almoçar com o noivo na última segunda-feira, como havia planejado. Andando de bicicleta por uma ciclovia paralela à BR-277, ela foi atropelada por um caminhão que prestava serviço à prefeitura e morreu na hora. O caso de Letícia engrossa as estatísticas de acidentes envolvendo bicicletas em Curitiba. Um levantamento feito pelos próprios ciclistas da cidade mostra que entre 2010 e 2013, houve mais de uma morte por mês na capital.

O motorista do caminhão que atropelou Letícia já havia se envolvido em outro acidente de trânsito, que deixou um adolescente morto. A prefeitura informou que, por ora, ele vai passar por perícia médica e foi afastado de suas atividades.

Fora da capital, a realidade não é diferente. A Gazeta do Povo fez um levantamento das ocorrências de colisão envolvendo bicicletas e automóveis, caminhões, ônibus e motos no sistema do Corpo de Bombeiros nos últimos cinco anos. São mais de 285 ocorrências e três mortes por mês. Embora o sistema não especifique quem perdeu a vida, é clara a desvantagem dos ciclistas na comparação com outros veículos.

Na avaliação de José Carlos Belotto, coordenador do programa Ciclovida, da UFPR, os principais motivos para essa repetição de acidentes e mortes de ciclistas estão relacionados à falta de infraestrutura cicloviária e educação no trânsito. “Vários estudos foram feitos para ver o que iniba ou incentiva o uso da bicicleta. Um dos motivos mais aparentes é o medo do trânsito, principalmente para iniciantes, que não têm confiança para dividir o trânsito com automóveis”, avalia.

No caso específico de Curitiba, Belotto alerta que a maioria dos ciclistas morreu fora da rede de ciclovia. “Disso, tiramos duas conclusões: ou os ciclistas não usam as ciclovias ou a infraestrutura para bicicleta está ajudando a salvar vidas”, pondera. A capital deve ampliar sua rede em breve: até 2016, serão 300 quilômetros de estrutura para ciclistas e 10% deve ser entregue até a Copa.

Outro ponto que pesa é a falta de educação no trânsito. “Muitos ciclistas não conhecem o código de trânsito, que diz que a bicicleta é um veículo e que deve transitar no mesmo sentido que os automóveis, e são negligentes por não usar equipamento de segurança. Já os motoristas não reconhecem a bicicleta como um veículo”, exemplifica.

O número de ciclistas crescente também mostra a necessidade de campanhas para alertar os motoristas dos cuidados para compartilhar as ruas. Na capital, a Vó Gertrudes, personagem criada para dar dicas de trânsito, lembrou recentemente da distância obrigatória de 1,5 metro que deve ser mantida do ciclista, e também da preferência que ele tem para atravessar as ruas em que há sinalização de continuação de ciclovia ou ciclofaixa em vermelho.

Curitiba deve ganhar 35,4 km de ciclovias até a Copa do Mundo

Um dos grandes problemas para os ciclistas de Curitiba é a falta de infraestrutura específica para quem quer pedalar. Embora a rede existente tenha 120 quilômetros de extensão, a necessidade de ampliação é urgente. Em setembro de 2013, a prefeitura divulgou o Plano Diretor Cicloviário de Curitiba. Pela proposta, até 2016, a cidade terá 300 quilômetros de pistas cicláveis, com investimento de R$ 90 milhões. Pouco mais de 10% desse plano – 35,4 quilômetros – serão entregues até a Copa, de acordo com o Ippuc, que elaborou o plano.

“A estrutura cicloviária de Curitiba foi planejada para o lazer, não para o transporte”, critica José Carlos Belotto, coordenador do projeto Ciclovida, da UFPR. Para ele, com exceção do eixo da Avenida Marechal Floriano Peixoto, há pouco em estrutura cicloviária na cidade para quem escolhe a bicicleta como meio de transporte.

A entrega da primeira etapa de obras do plano diretor pode mudar esse panorama. Uma das intervenções que está mais adiantada é a da Via Calma, na Avenida Sete de Setembro. Ali, serão 6,3 quilômetros de ciclovia, entre a Avenida Mariano Torres e a Praça do Japão. A obra está com cerca de 80% do pavimento pronto, mas ainda é preciso finalizar a implantação de sinalização.

A prefeitura ainda trabalha com a recomposição da ciclovia da Avenida Getúlio Vargas, em um trecho de 2,3 quilômetros. Nesse caso, além da pista ciclável, há melhorias nas calçadas. Em execução, ainda há a ciclofaixa da Avenida Marechal Floriano Peixoto, com 7,6 quilômetros entre o Terminal do Carmo e a divisa com São José dos Pinhais, e os 19,2 quilômetros de ciclovias da Avenida Comendador Franco.

De acordo com o Ippuc, outros 48,6 quilômetros de estruturas cicloviárias devem sair do papel até o ano que vem, com propostas em fase de elaboração e contratação. Entre eles está a ciclovia da Avenida Manoel Ribas, com 5,6 quilômetros, entre o cemitério e o Contorno Norte. Esse projeto deve ser entregue até o fim do ano. Ainda sem licitação estão a microrede da CIC (20,7 km), finalização do circuito interparques (3,7 km), Rota Pinhais/Centro (7 km) e Rota Norte/Sul do Sítio Cercado (11,7km).

Fonte: Gazeta do Povo

Receba as mais lidas da semana por e-mail

Comentar

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *