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Vamos fazer um trânsito novo em 2015?


Por Mariana Czerwonka Publicado 31/12/2014 às 02h00 Atualizado 08/11/2022 às 22h58
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Trânsito no Brasil“No trânsito, a primeira lição é entender que todos os seus elementos relacionam-se e cada qual tem uma enorme capacidade de influenciar a conduta de todos os outros.” Roberto DaMatta

Por Alex João Costa Gomes*

Os acidentes e mortes no trânsito brasileiro há tempos já são um problema de saúde pública, o que requer um olhar mais especial tanto do poder público quanto da sociedade de forma geral, pois ambos são atingidos sem que possamos mensurar isso, principalmente por causa da deficiência na produção de números sobre acidentes com vítimas fatais ou não nas vias do país. Vejam bem, segundo o Ministério da Saúde desde 1980 já foram contabilizados 1,064 milhões de mortes em nosso trânsito, esse número é bem maior que o número de habitantes de algumas das grandes cidades do país, sendo que não devemos de maneira alguma tomar isso apenas como simples números, pois não são, há sonhos destruídos bem como temos diversas famílias envolvidas nessa trágica questão.

Erra quem não quer se importar com os problemas do trânsito até que esteja envolvido em um, quer seja através de um simples acidente ou com a perda de alguém muito querido para a violência que hoje impera em nossas vias. Não há como escaparmos dessa questão que envolve o caos vivenciado no trânsito do Brasil, basta verificarmos se temos algum conhecido, amigo ou familiar que se envolveu como vítima o causador de um acidente, podemos afirmar que haverá sim alguém do nosso circulo social que já passou por algum transtorno oriundo do trânsito brasileiro. Ocorre que não devemos aguardar que esse problema chegue até nós, podemos ir ao encontro do mesmo, buscando a mudança que deve primeiramente surgi internamente em cada um de nós, como transeunte ou condutor.

Apesar da queda nos números de óbitos no trânsito em 2013 em comparação a 2012, isso ainda segundo dados do Ministério da saúde, pois em 2013 tivemos 40,5 mil mortes, em 2012 foram 44,8 mil vítimas fatais, queda de 9,7%. Mas nessa “guerra” diária em nas vias do país estamos perdendo algumas batalhas, é o caso dos números de internações de vítimas de acidentes que aumentou em 16,9% comparado a 2012, outra grande perda diz respeito às nossas crianças, pois por ano cerca de 15 mil são internadas vítimas de acidentes, sendo que ao menos 5 crianças são vítimas fatais todos os dias no Brasil, assim a preocupação só aumenta, pois o cuidado, a atenção deve ser redobrada para esse corpo social que é bem indefeso. Não devemos perder nosso futuro de forma desmedida para a violência no trânsito.

Alguns estados já atentaram para a problemática do trânsito, foi o caso do Rio de Janeiro que reduziu as mortes no trânsito em 44%, Rondônia com -19%, Acre -18%, Bahia -15%, Paraná -13% e Santa Catarina -12%. O Amapá vinha reduzindo esses números também, isso a partir de 2011 até 2013, mas infelizmente em 2014 até o dia 25 de dezembro, segundo o repórter policial João Bolero Neto, já temos 121 óbitos no trânsito amapaense, em 2013 nesse mesmo período foram 113 vítimas fatais. A real intenção em mudar o caos no trânsito brasileiro deve ser uma constante nas ações daqueles que estão a frente dos Órgãos e Instituições responsáveis pelo trânsito no Brasil, não se deve agir através de uma política de trânsito do faz de conta, as ações devem ser efetivas e que objetivem a melhoria de fato, buscando humanizar as relações nesse espaço de uso comum, reduzir os acidentes e mortes também.

Como resposta ao sugerido no título, podemos sim fazer um trânsito novo em 2015, basta nos percebermos como corresponsáveis pela violência hoje instaurada nas vias brasileiras, basta atentarmos que o outro tem o mesmo direito que nós em usar o trânsito, sendo pedestre ou não, pois em condições seguras o trânsito é um direito de todos, isso é algo expresso na Lei 9.503/97. Devemos cobrar bem mais do poder público, mas devemos participar efetivamente e contribuirmos de maneira positiva com o intuito de construir algo novo, melhor e mais seguro. São necessárias também por parte das autoridades do trânsito, políticas públicas efetivas, de continuidade e constantes que objetivem humanizar e garantir a segurança viária no país. O antropólogo Roberto DaMatta entre tantas questões relevantes que pontua acerca do trânsito brasileiro, a uma em que diz que os culpados pelos problemas em nossas vias são os outros, nunca a gente, isso é algo que requer uma reflexão profunda sobre tal proposição. Pois como somos vítimas ou causadores dos acidentes nas vias brasileiras, não há como nos eximirmos de culpa ou omissão, mesmo que mínima, quanto ao que vemos hoje acontecer no trânsito do Brasil. Assim, partindo desse pressuposto entendemos que a mudança no trânsito depende de cada um de nós, pois se queremos algo bom, melhor de se conviver, devemos ir ao encontro disso, ou seja, se queremos um trânsito mais seguro e humanizado, devemos construí-lo a cada instante.

Feliz 2015 e que venham as boas novas!

* Alex João Costa Gomes tem Bacharelado e Licenciatura Plena em História (UNIFAP 2001); é Policial Militar (Aluno Oficial) e Ex-Diretor-Presidente do Detran/AP – e-mail: ajoaogomes2@gmail.com

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