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Velocidade é o maior fator de risco para acidentes fatais


Por Mariana Czerwonka Publicado 01/07/2013 às 03h00 Atualizado 08/11/2022 às 23h35
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Velocidade é a causa de acidentes fatais

De janeiro a maio, quase 7 mil veículos ultrapassaram os 110 km/h nas rodovias federais do Paraná. Por que temos carros que atingem 220 km/h ou mais para trafegar em ruas em que a legislação permite andar a, no máximo, 70 km/h e nas estradas onde o limite é 110 km/h? Segundo o Instituto Paz no Trânsito, o perfil do trânsito brasileiro faz uma vítima fatal, em média, a cada 10 minutos.

Entre janeiro e maio de 2013, os radares da Polícia Rodoviária Federal (PRF) registraram 97.554 infrações em situações de veículos com velocidade incompatível nas rodovias do Paraná. Destes, 7% (6.910) passaram acima de 110 km/h. Já a Secretaria de Trânsito de Curitiba (Setran) contabilizou 98.913 situações de excesso de velocidade de janeiro e abril – 1.487 passaram em mais de 50% da velocidade permitida. “Entre os fatores de risco para acidentes fatais, a velocidade é o primeiro nas rodovias do perímetro urbano de Curitiba. Já dentro da cidade, a velocidade fica em segundo lugar, atrás do álcool”, revela a coordenadora do núcleo de promoção da Secretaria de Saúde de Curitiba, Vera Lídia Oliveira.

“Foram 45 mil mortes no Brasil no ano passado, três vezes o número de mortos em dez anos de guerra no Afeganistão”, compara o neurocirurgião do Hospital de Clínicas (HC) Arnaldo Dias dos Reis. Segundo ele, “para cada pessoa que morre no trânsito brasileiro, temos aproximadamente dois sequelados, ou seja, de 80 mil a 90 mil pessoas por ano que terão uma lesão para o resto da vida”.

Para o presidente do Portal do Trânsito, Celso Alves Mariano, o carro atingir velocidades exageradas é um dos problemas, mas o comportamento também deve mudar. “A cultura deve mudar. Na Alemanha tem pistas livres em que o cara pode pegar a BMW dele e andar na velocidade que quiser”. Mas ele concorda que um carro atingir mais de 200 km/h é desnecessário, até mesmo para estradas. “Uma ultrapassagem requer maior velocidade. Isso depende do caso, mas acredito que atingindo 150 km a ultrapassagem é tranquila. O problema é que se a pessoa na sua frente está em 110 km/h você não precisa ultrapassar, ela já está numa velocidade rápida e dentro da lei”.

Bom senso

Cristiane Yared, fundadora do Instituto Paz no Trânsito, afirma que a redução dos acidentes depende da mudança na cultura do povo e que trafegar em alta velocidade virá com a consciência do povo. “Tudo é uma questão de bom senso. Você vê que não querem mais que as pessoas fumem dentro dos ambientes. É uma tendência natural de eliminar aquilo que não está bom”.

Mariano enxerga outra questão que influencia diretamente nesta triste realidade de novos sequelados ano após ano. “Um dos problemas é a falta de investimento que houve em outros tipos de transporte, como o hidroviário e o ferroviário, e que acabam enchendo as estradas do País com veículos pesados. Um caminhão que apenas buscaria a carga na estação de trem até o local de entrega faz todo o percurso”, observa.

Educação do motorista é essencial

De acordo com a Polícia Rodoviária Federal do Paraná (PRF-PR), a velocidade incompatível é uma das principais causas de acidentes, mas em primeiro lugar ainda se destaca a falta de atenção, que é agravada pelo excesso de velocidade. Quanto a obrigar que o fabricante reduza o limite de velocidade do carro, a PRF-PR entende que “é válida, mas de fato a educação e a consciência do motorista são fundamentais na redução das estatísticas de acidentes”.

A PRF observa que nos trechos de pistas simples ocorrem mais acidentes por ultrapassagem em local proibido, enquanto nas rodovias com pista dupla os motoristas têm a tendência de dirigir com velocidade maior, criando situação de risco. Para a PRF, “as soluções de engenharia de tráfego, fiscalização por radar e, sobretudo, a participação dos motoristas, são fundamentais na redução dos acidentes por excesso de velocidade”.

Sequelados medalhistas

Os traumas causados por acidentes de trânsito ocupam 55% dos leitos hospitalares que atendem emergências, informa o neurocirurgião Arnaldo Dias dos Reis, do HC. O grande número de sequelados explica o bom desempenho do Brasil nos jogos paraolímpicos. “Nas Olimpíadas de Londres foram 17 medalhas. Já nas Paraolimpíadas chegamos ao total de 43 medalhas. Estamos criando atletas paraolímpicos todos os dias e o resultado nas paraolimpíadas é um demonstrativo disto”.

Reis informa que o SUS gasta hoje com uma vítima não fatal de um acidente de trânsito, em média, R$ 14.321. O neurocirurgião acredita que o crescimento na compra e fabricação de mais automóveis incentivados pela redução do IPI “é um tiro no pé do governo”, ou seja, faz a economia se movimentar, mas com o custo elevado para tratar muita gente que se machucou pela grande quantidade de veículos pelas ruas.

Fonte: Paraná Online

 

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