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Acidentes de trajeto e a escola itinerante de pedestres


Por Márcia Pontes Publicado 06/06/2014 às 03h00 Atualizado 02/11/2022 às 20h37
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Escola de pedestresJá ouvimos falar em minipistas educativas itinerantes de trânsito, nos cursos itinerantes de direção defensiva e evasiva para motoristas, mas em escola itinerante de pedestres… essa é nova! Há quem dissesse que era uma ideia de jerico, mas a estratégia para tentar barrar os acidentes de trajeto e acidentes de trabalho em empresas com grande movimentação de veículos está dando certo.

Partiu-se da constatação de que todo pedestre tem que respeitar a legislação de trânsito, mas na prática, se esses pedestres não frequentarem cursos de formação de condutores, dificilmente terão acesso ao Código de Trânsito Brasileiro. O pedestre também não tem oportunidade de ter traduzido o juridiquês, ainda que dos não mais complicados, do CTB, o que o afasta ainda mais daquilo que deveria conhecer.

O ideal seria que o poder público em todas as esferas encontrasse uma maneira de tirar do papel e da esfera corporativa a Escola Itinerante de Pedestres para que o acesso à legislação, à informação e à cidadania por meio dos direitos e deveres das pessoas no trânsito também chegasse a quem não anda motorizado. Até porque os trabalhadores só têm essa oportunidade em época de SIPAT ou quando a empresa contrata esse tipo de serviço.

O ideal é que a Escola Interativa de Pedestres deixasse de ser um luxo para poucos e fosse abraçada por quem tem o dever de promover a educação para o trânsito nas cidades. E agora corro o risco de além de ter qualificada a ação como ideia de jerico, também ser taxada de idealista diante da falta de efetivo, de recursos, de vontade e a falta de investimento em ações preventivas e educativas de trânsito. Ainda mais para uma iniciativa ousada como esta.

O fato é que a Escola Interativa e Corporativa para Pedestres é uma experiência que vem dando certo e uma forma de prevenir os acidentes de trajeto e de trabalho nos locais onde os pedestres exercem suas atividades profissionais. Afinal, se não podemos abranger a maioria em via pública, que o façamos onde ela trabalha!

Diariamente, cerca de 100 trabalhadores perdem suas vidas no trânsito indo ou vindo para o trabalho. Muitos destes acidentes são provocados perto de casa, na saída ou na chegada, e próximos aos portões da empresa.

No seu ambiente interno, as organizações operam com uma diversidade de veículos: não só os caminhões, carretas e aqueles de transporte de pessoas e de carga, mas também empilhadeiras e carretinhas. Não são poucos os registros de funcionários que morrem atropelados trabalhando, o que acarreta em perdas irrecuperáveis.

Representa, ainda, uma oportunidade para se reavaliar tanto a questão dos comportamentos seguros por parte de todos na organização quanto a necessidade de se implantar e cumprir as normas internas, resoluções e outras legislações concernentes à segurança no trânsito no ambiente operacional.

Além de incorporar novos recursos e ferramentas para exercerem a responsabilidade social para com a segurança dos funcionários, são conhecimentos que os trabalhadores adquirem dentro da empresa e que levam para diversas situações fora dela e que lhes preparam melhor para se protegerem no trânsito.

Além de palestras interativas, informações e esclarecimentos sobre as responsabilidades do pedestre conforme o CTB, as atividades requerem um verdadeiro arsenal composto de placas de sinalização de advertência, regulamentares, faixa de pedestres móvel, semáforos, cones e outros recursos que possibilitam reproduzir as mais diversas situações enfrentadas pelos pedestres tanto em via pública quanto nas calçadas, acessos, saídas e entradas em lotes lindeiros. São estes os locais onde mais os pedestres se envolvem em acidentes, seja por distração ou por conhecimento de autocuidados e da legislação de trânsito que devem conhecer e obedecer.

Também é feito o diagnóstico de acidentes de trabalho no ambiente interno e externo. Juntamente com os gestores, são mapeados os locais que apresentam mais riscos para os trabalhadores para atuar especificamente com dicas de prevenção e autocuidados nesses pontos.

A Escola Itinerante de Pedestres é uma inovação positiva em políticas corporativas em segurança no trânsito e esperamos que se multiplique. Quando integrada ao Programa Quase Acidente ou Zero Acidente, estimula os trabalhadores a identificarem locais de risco nas empresas em que o próprio trabalhador ou colegas de trabalho, por pouco, não tenham sido vítimas. A partir daí, todas as medidas e cautelas necessárias são tomadas para prevenir e tentar eliminar de vez qualquer risco de acidente tanto no local de trabalho quanto em outras situações cotidianas.

Por um lado, as empresas sabem o quanto custa um empregado acidentado no trânsito, além do absenteísmo, dos afastamentos e atestados, da necessidade de contratações de emergência, do retrabalho para treinar e substituir, dentre outros custos intangíveis dos acidentes de trajeto ou de trabalho envolvendo veículos.

Por outro lado, ainda que cuidar e proteger a própria vida no trânsito seja um dever de cada um, as possibilidades e a conscientização aumentam quando as empresas se envolvem e oferecem essas oportunidades aos seus funcionários. Que aliás, são o seu ativo mais importante.

Resta saber agora se o poder público nas cidades vai abraçar (e como) a oportunidade de informar e educar os seus pedestres.

 

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