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Desenvolvimento X natureza: a equação que precisa ser resolvida nas cidades do futuro


Por Rodrigo Vargas de Souza Publicado 03/02/2021 às 21h17 Atualizado 02/11/2022 às 19h58
 Tempo de leitura estimado: 00:00

Por que nos causa tanto estranhamento ouvir sons de veículos em uma rodovia e o canto dos pássaros ao mesmo tempo? Leia o post de Rodrigo V. de Souza.

Cidades do futuroFoto: Divulgação autor.

Passei os primeiros dias do ano na praia, procurando evitar aglomerações e seguindo os demais protocolos de segurança que a pandemia nos impôs, é claro!

Num final de tarde, enquanto lia no quarto do apartamento alugado, que ficava a aproximadamente 200 metros da rodovia BR 101, me pus a ouvir surpreso os sons que invadiam o quarto pela janela: um misto de pássaros cantando das copas da vasta vegetação que rodeava o prédio com os motores dos veículos que trafegavam pela rodovia ao fundo. Mas, quase que instantaneamente questionei a mim mesmo:

“Por que essa mescla de ruídos urbanos e da natureza tendem a causar tanto espanto?”.

Sou de uma geração na qual os meninos se divertiam caçando passarinhos a tiros de bodoque (ou funda, estilingue, atiradeira, ou seja lá o nome dado a esse instrumento na sua região). Por mais inocente que essa brincadeira pudesse parecer na época, atualmente isso seria algo impensável.

Já adulto, na universidade, aprendi a conviver com a biodiversidade graças às riquezas naturais existentes no campus da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, tanto no que tange a sua fauna quanto a sua flora. Lembro de, por diversas ocasiões, receber a visita de algum pássaro dentro da sala de aula, de algum lagarto a passear pelos gramados e mesmo de gansos a marcharem pelos corredores, como soldados mesmo, a ponto de atacarem qualquer estudante que ousasse cruzar o caminho deles.

Mas, falando em ataque, voltemos à praia.

Foi na beira da praia onde presenciei uma inusitada cena que me levou a refletir a respeito do tema desse texto. Um casal de gaivotas a atacar um drone em pleno voo! O primeiro pensamento que me veio à mente foi “eles podem se ferir caso encostem em algum hélice!”. Mas, no instante seguinte, pensei: Ok, eles devem estar querendo proteger seu ninho ou seu espaço natural, seu habitat. Mas e se ao invés alguém brincando (ainda bem que as crianças de hoje em dia não usam mais fundas!) fosse alguém trabalhando? Um cinegrafista fazendo filmagens para um clipe ou mesmo um biólogo estudando a vida marinha ou daqueles mesmos pássaros para sua própria segurança?

Passei algum tempo a pensar naquela cena.

Em como fomos levados a pensar durante boa parte das nossas vidas que natureza e desenvolvimento são coisas antagônicas. Em quantas árvores já foram derrubadas para a abertura de estradas “em nome do progresso”. No motivo de me causar tanto estranhamento ouvir sons de veículos em uma rodovia e o canto dos pássaros ao mesmo tempo. E essa é justamente a maior equação a ser resolvida a partir de agora caso queiramos ter cidades sustentáveis no futuro: conciliar desenvolvimento tecnológico com consciência ambiental.

Enquanto penso nisso (e em diversas outras questões, como a fome que já se torna quase insuportável) sou resgatado dos meus devaneios pelo garçom que se aproxima do meu guarda-sol trazendo meu lanche (após mais de 30 minutos, diga-se de passagem!). Observo ele se afastar em direção ao distante quiosque de onde viera e, nesse meio tempo, pensando no tempo de entrega, na distância, nos custos do pedido, nas condições de trabalho e, principalmente, no risco de contaminação, penso:

“E se os lanches na beira da praia fossem entregues por drones? E se você pudesse pedir e até pagar por aplicativo? Será que nenhuma Startup pelo mundo nunca pensou nisso? E o mais importante: será que as gaivotas permitiriam?” (risos)

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