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Nossa falta de tudo!


Por Celso Mariano Publicado 13/09/2016 às 03h00 Atualizado 02/11/2022 às 20h24
 Tempo de leitura estimado: 00:00

passarelaPor padrão, fluxo de veículos que cruze com fluxo de pedestres, deve significar a limitação da velocidade máxima destes veículos em 60 Km/h. De onde saiu isso? De índices técnicos: as chances de uma pessoa atropelada sobreviver aos ferimentos é tanto menor quanto maior for a velocidade do veículo atropelador. A partir de 50 km/h (as medições variam, em diferentes referências técnicas), estas chances tendem a zero. É fácil concluir que mesmo os tais 60 Km/h já podem ser demais. Especialmente quando você se imagina tentando atravessar a pé a rua ou a rodovia. Já quando você se imagina conduzindo seu carro, caminhão ou moto – aí a cabeça funciona de forma diferente – não poder passar dos 60 Km/h parecerá um castigo injustificável. Eis o conflito!

No último feriadão da semana da pátria, estive no Bom Dia Paraná (RPCTV / Globo) falando sobre alguns assuntos polêmicos do momento, dentre eles o uso de celulares e smartphones, a pressa que cada vez mais impregna nossas vidas de stress, o excesso de velocidade e o uso do farol baixo durante o dia. Mas o início da conversa teve como ponto de partida uma matéria sobre este conflito eterno de pessoas que se deslocam embarcados em seus veículos e pessoas que o fazem com as próprias pernas.

No Km 75 da BR 277, em São José dos Pinhais/PR, a exposição ao perigo e o histórico de atropelamentos, nos põem a pensar sobre nossa grosseira falta de … de … de tudo (desculpem, às vezes me faltam palavras para expressar este estado de coisas). Como é que somos capazes de permitir que a cidade cresça sem que a necessária infra-estrutura acompanhe seu desenvolvimento. No meu papo com o jornalista Fernando Parracho (veja vídeo abaixo), fiz algumas ponderações, sem deixar de lembrar que, como demonstram as análises mais recentes do Programa Vida no Trânsito, muitas vezes o pedestre contribui decisivamente para que o acidente ocorra, por sua falta de atenção e de respeito às regras, aos perigos potenciais, e ao bom senso.

Em muitos casos, os pontos de passagem existem, mas estão muito distantes, ou não oferecem a estrutura adequada, como foi possível ver na reportagem. Ou ainda, expõem os pedestres a “enfrentarem” os veículos que se deslocam a 80 Km/h, onde o limite de velocidade deveria ser 60. Mas parece um tanto inadequado, em uma rodovia, os veículos estarem limitados a uma velocidade tão baixa. É mesmo. Mas o “strike genocida” tem que ser evitado, certo? Então, se os veículos não podem trafegar tão lentamente, que tal tirar os pedestres da pista? Simples de resolver. Mas demanda algum investimento. Porém, convenhamos: se não temos a capacidade de demarcar com mais precisão o que é área urbana (com muitos pedestres) do que é rodovia (conceitualmente, via rural, quase sem pedestres), vamos ter que nos conformar em manter os limites de velocidade abaixo de 60 km/h. Ou… construir passarelas. Muitas.

Mas não é só isso. Precisamos melhorar nosso jeitão de participar do trânsito. Ou então, vamos passar o resto da vida enterrando nosso mortos, lidando com nossos sentimentos de culpa e queimando pneus para chamar atenção para problemas que nós mesmos, como sociedade, criamos por nossa falta de… de tudo!

O fator educação se revela fundamental para esta necessária humanização do trânsito. Sem ela, nunca teremos comportamento adequado, cultura de segurança ou mesmo espírito crítico para utilizarmos de forma razoavelmente construtiva nosso maior dom, a inteligência.

RPCTV – Pedestres se arriscam todos os dias para atravessar a BR-277:

BDP_08.09.16-1

RPCTV – Infraestrutura adequada e conscientização são fundamentais para melhorar o trânsito:

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