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Os sete pecados capitais no trânsito


Por Márcia Pontes Publicado 14/08/2013 às 03h00 Atualizado 02/11/2022 às 20h44
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Pecados no trânsito

Os pecados capitais se referem à classificação das condições humanas reprováveis, tratadas atualmente como vícios. No Catolicismo, são os pecados passíveis de condenação sumária, aqueles para os quais não existe perdão.

Da mesma forma, independente de credo, religião ou de qualquer outro fator, diariamente milhares de condutores profanam a lei sagrada da vida no trânsito e cometem pecados capitais que condenam a si mesmos e aos outros à sua falta de ética, de respeito e de cidadania.

O primeiro pecado capital do trânsito é a gula, associada ao egoísmo de querer tudo para si e o outro que se dane. Como diria meu pai: “venha a nós tudo, ao vosso reino nada!”. Representa o desejo insaciável por levar vantagem em tudo e que leva certos motoristas a entenderem que são os donos de qualquer espaço, qualquer brechinha na via pública.

Gula de quem cola atrás na traseira do outro carro sem se preocupar com a perícia do condutor da frente; gula de quem estaciona ocupando o espaço da outra vaga, de quem estaciona em vaga preferencial (idosos, deficientes) ou em local proibido.

O segundo pecado capital no trânsito é a avareza, o apego excessivo e descontrolado pelo carro e que beira a idolatria. Também e sinônimo de ganância que leva muitos a deificar o carro, valorizá-lo mais do que as pessoas, ter apego exagerado. É o pecado típico de quem se endivida pelo resto da vida para comprar o carro dos sonhos, de quem troca a segurança da casa própria, do tratamento de saúde ou mesmo a qualidade de vida para se matar trabalhando pelo carro dos sonhos.

A luxúria é o terceiro pecado capital do trânsito e se traduz no desejo passional e egoísta pelos bens materiais. O carro torna-se uma paixão que domina o motorista, leva-o a corromper costumes e valores em relação ao carro, que passa a ser objeto de orgulho, exibição, status e poder.

O pecado capital da ira está por trás da raiva, do estresse, das brigas de trânsito, das perseguições após uma “fechada”. Está por trás do dedinho levantado, do xingamento, do sinal insistente de farol para sair da frente e da buzinada longa que mais parece um palavrão.

A ira torna o motorista furioso e descontrolado com o desejo de passar por cima dos outros carros e esganar o outro motorista ou o pedestre.

A inveja é o pecado capital por trás de uma pessoa que cobiça o carro dos outros e considera o carro ou a moto do outro um objeto de status e de poder. Refere-se ao desejo exagerado de possuir um carro melhor do que o do outro, do vizinho, do chefe e o faz olhar para o carro dos outros com malícia. Há invejosos que rogam pragas e fazem profecias do tipo: “tomara que bata” ou que até se alegram quando o outro se acidenta.

A preguiça é o pecado capital de quem anda devagar pela pista da esquerda colocando a si mesmo e aos outros em perigo na via pública. Também se refere ao motorista negligente com a própria segurança; que faz conversões em locais proibidos para não ter que trafegar mais alguns metros e fazer a manobra em local seguro.

A vaidade ou o orgulho traduz aquele motorista que anda de nariz empinado, de peito estufado e que gosta de exibir o carro luxuoso que tem. Alguns vaidosos estacionam onde é proibido e gostam de usar o carro para demonstrar o quanto são poderosos, para desafiar as autoridades e os outros. São os que não tem humildade e simplicidade à bordo do carro caro e potente. Gostam de se vangloriar em função da marca, do modelo e do preço do carro.

O fato é que no começo, quando tudo se fez, só havia pessoas. Aí inventou-se a roda, a máquina a vapor, outros tipos de motores e o carro. As pessoas então descobriram que a vida sobre rodas era mais prática, mais rápida, mais confortável e foram agregando outros valores aos veículos.

A real função e utilidade do carro como facilitador para transportar pessoas e coisas foi sendo substituída pelo status, pelo poder, pelo glamour e por outros símbolos inventados pelo homem.

Aí inventaram a mídia, a propaganda, a publicidade, a arte de convencer e de vender, inclusive carros. Até a felicidade, uma busca constante da humanidade, foi associada ao carro.

As pessoas passaram a se deixar levar pelos pecados capitais do trânsito fazendo com que os veículos sejam considerados mais importantes que o próprio ser humano.

Diariamente crucificam-se, ferem-se, mutilam-se, matam-se pessoas no trânsito muito mais do que nas guerras santas ou profanas. Este sim, é o pecado maior.

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