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Santa Maria: o terror, a tragédia e a lição


Por Milton Corrêa da Costa Publicado 28/01/2013 às 02h00 Atualizado 02/11/2022 às 20h49
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Mais de 230 pessoas -há vítimas ainda em estado grave- a grande maioria jovens estudantes, morreram no incêndio de uma boate, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, na madrugada deste domingo. A maior tragédia da história do Rio Grande do Sul e a segunda maior do gênero em território nacional onde, em 17 de dezembro de 1961, um incêndio criminoso, num circo em Niterói (RJ), matou cerca de 500 pessoas, sendo 70% delas crianças.

A tragédia de Santa Maria é típica de uma cena (real) de filme de terror e de cinema catástrofe. Pânico e horror. Vítimas asfixiadas pela inalação da fumaça e queimaduras das vias aéreas, corpos incinerados, pessoas pisoteadas, imprensadas e ensanguentadas, intenso calor, escuridão, visão limitada pela densa fumaça, gritos, terror, superlotação do ambiente, espetáculo pirotécnico inadequado com uso de fogos de artifícios, seguranças impedindo a saída do recinto, plano de emergência ineficaz. Um cenário trágico e pavoroso.

Resultado: preciosas vidas perdidas e todo um país de luto. Tudo em poucos minutos, numa tragédia previsível e evitável; há informações de que a lotação da boate excedia o limite permitido onde pessoas sequer podiam de locomover e se espremiam durante o show. Note-se que quem morreu ou se feriu gravemente foram jovens na flor da idade, que ali estavam na busca da diversão e do lazer. Os que lá estavam e lograram sobreviver, terão agora as lembranças e as sequelas- algumas para o resto de suas existências- do choque emocional, do medo, das cenas de terror, do abalo emocional, da angústia, além da ausência de parentes e amigos que resultaram mortos.

A questão é que tragédias como estas não são fatalidades. São tragédias evitáveis. Quem cumpre e quem fiscaliza, permanentemente, com todo rigor, as normas técnicas de prevenção e combate a pânico e incêndio? Haviam profissionais, bombeiro civis, contratados especificamente para um local de eventos fechado e de grande capacidade de público? Qual é a responsabilidade do proprietário da boate? E dos promotores do evento? Autoridades tinham ciência do número de pessoas que compareceriam ao evento? Concederam autorização? Fiscalizaram preventivamente in loco? Os alvarás e licenças para funcionamento do local estavam em dia? Os extintores de incêndio funcionavam perfeitamente?

Parece que todo esse cuidado e prevenção é querer demais para uma cultura de ilusão de invulnerabilidade como a nossa. Pois bem, choremos agora, todos nós brasileiros, pela morte dos jovens e invoquemos o pesar às famílias tristemente enlutadas. Que o inquérito técnico e o inquérito policial determinem causas e as responsabilidades de cada um e que tal tragédia sirva de lição e de divisor de águas para que episódios semelhantes não voltem a ocorrer. A boa prevenção evita as ditas “fatalidades”. O Brasil está de luto. Profundamente lamentável.

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