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Vida no Trânsito em Curitiba


Por Celso Mariano Publicado 18/04/2016 às 03h00 Atualizado 02/11/2022 às 20h28
 Tempo de leitura estimado: 00:00
Vida no TrânsitoCuritiba pode atingir a meta.

Quando eu ouvi falar, pela primeira vez, sobre um possível projeto global de segurança viária, lá pelos idos de 2007, pensei que o Brasil não poderia ficar de fora de jeito nenhum. Acabamos ficando “bem dentro”: fomos incluídos na lista dos dez países a serem “contemplados” pelo Road safety in 10 countries, e isso significava que éramos um dos dez mais violentos do mundo. A chamada Década de Ações para a Segurança no Trânsito iniciou em 2010 e, hoje, estamos mais dentro do que nunca, já figurando na lista dos cinco países mais violentos. Parece que invertemos os propósitos, porque ao invés de melhorar, conseguidos nos complicar ainda mais.

No ano passado, durante o evento mundial da OMS em nosso território, ouviu-se de representantes do governo brasileiro que “estamos de boa”, que nunca fizemos tanto pela segurança do nosso trânsito e demos a entender – para os delegados da OMS – que daremos conta da meta de reduzir em 50% nossas piores estatísticas até 2020. Só que não. Não mesmo.

Não sei o que a OMS está pensando de nós, mas acho que vão entender nosso nariz empinado – de onde saiu isso, meu Deus?! – como uma dispensa de ajuda. Assim, fora algum milagre, não cumpriremos a meta da ONU/OMS. Bem, talvez uma das capitais brasileiras, cumpra: Curitiba. E é bem provável que isso aconteça.

Metro_03Jornal Metro, 13 de dezembro de 2012

É que aqui temos o Vida no trânsito. É uma espécie de versão brasileira do Road safety in 10 countries. Quando estive à frente da Diretoria de Educação da SETRAN – Secretaria de Trânsito de Curitiba, em 2012, então recém fundada, tive a oportunidade de ajudar a “tirar este projeto da gaveta” (acreditem: estava meio parado, apesar de sua inquestionável importância). Outras quatro cidades brasileiras, todos capitais de estado de diferentes regiões do país (Terezina/PI, Palmas/TO, Belo Horizonte/MG e Campo Grande/MS) também foram contempladas. Já no final daquele ano se conseguia verificar a boa tendência dos números (veja imagens do Jornal Metro) e as possibilidades inovadoras da metodologia do Vida no Trânsito, que traz o geo-referenciamento dos acidentes.

Metro_03_01Jornal Metro, 13 de dezembro de 2012

Passados seis anos, no início deste mês a manchete dos jornais por aqui foi “Cai drasticamente o número de mortes no trânsito de Curitiba” (leia aqui). Sensacional! Motivo de comemoração. Mas e as outras cidades brasileiras? Por que não vão chegar lá? Você sabia que o Vida no Trânsito é uma excelente metodologia, que oferece suporte técnico, capacitações e muitas ferramentas para instrumentalizar as cidades a entenderem e cuidarem do trânsito, dando-lhes autonomia para humanizarem a mobilidade de forma consistente, inteligente e duradoura. E que tudo isso não custa nada!? É um presente. Um baita presente que a ONU/OMS dá a todos os países que, como nós, está matando gente demais no trânsito?

Pois é. Provavelmente você não sabia. Aliás, é bem possível que o seu prefeito, vereador, deputado, senador, também não saibam. Pense bem, você é um cidadão que está sujeito aos prejuízos causados por um trânsito que funciona mal, que é mal planejado, mal executado, mal cuidado e que é violento.

Com a chacoalhada política que nosso país está tendo nestes dias, quem sabe nossos cidadãos não resolvam “marcar presença” e comecem a observar propostas e projetos dos nossos representantes e, especialmente – já que estamos em ano eleitoral – dos candidatos às próximas eleições. Porque tudo bem você não saber da existência de um Vida no Trânsito. Mas o seu prefeito, o seu vereador, não tem essa desculpa. Ou por acaso, na sua cidade, não há problemas de mobilidade?

logo vnt pratique-pO Vida no Trânsito atendeu, em sua primeira fase, somente cinco cidades brasileiras, o que é confiar demais nos potenciais resultados e no poder de contaminação positiva do Projeto que, mesmo sendo ótimo, depende de muitos esforços para funcionar. E considerando o tamanho do nosso país… Bem, aos poucos outros cidades aderiram, mas tudo muito abaixo do razoável. Afinal, todas as cidades têm trânsito. Certo?

Possivelmente o baixo número de cidades que iniciaram a Década de Ações da ONU/OMS com o Vida no Trânsito funcionando, pode explicar nossa dificuldade em cumprir a meta. Para o Brasil, não adianta Curitiba cumprir a meta. É bom para os curitibanos, claro. Mas se esta receita de sucesso não for implementada em Nova Mutum/MT, Quixeramobim/CE, Candelária/RS ou Perdizes/SP, o nosso país vai continuar sendo um dos que mais mata e fere no trânsito.

Falei sobre os bons números divulgados pelo Vida no Trânsito de Curitiba na Rádio CBN, que acabou dando enfoque para os números preocupantes envolvendo ciclistas, o único modal que apresentou pioras nos números. Normal. Afinal todo os outros apresentaram melhoras. Ouça aqui ou aqui:

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