Gestão da velocidade: como cidades brasileiras estão reduzindo riscos no trânsito

Zonas 30, radares e urbanismo tático: saiba como cidades brasileiras estão adotando medidas de gestão da velocidade para reduzir riscos e salvar vidas no trânsito.


Por Mariana Czerwonka
gestão da velocidade
Em Recife, projeto visa ampliar a área de pedestres com técnicas de desenho urbano que induzem os motoristas a diminuir a velocidade. Foto: Daniel Tavares/PCR.

A Semana Nacional de Trânsito 2025, com o tema “Desacelere. Seu bem maior é a vida”, coloca a velocidade no centro do debate. Mais do que conscientizar motoristas e pedestres, o foco é também estimular gestores a adotar medidas eficazes para reduzir riscos. Afinal, desacelerar não é apenas uma escolha individual: depende também do ambiente viário e das políticas públicas implementadas nas cidades.

A segunda matéria da série especial do Portal do Trânsito para a Semana Nacional de Trânsito, aborda como cidades brasileiras estão implementando medidas de gestão da velocidade para tornar o trânsito mais seguro. Zonas 30, radares eletrônicos e urbanismo tático são alguns dos exemplos destacados, mostrando como políticas públicas e planejamento urbano podem reduzir sinistros e proteger vidas.

Por que falar em gestão da velocidade

Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), a gestão da velocidade é um dos cinco pilares fundamentais da segurança viária. Não se trata apenas de fiscalizar ou punir motoristas que ultrapassam limites, mas de criar condições urbanas que naturalmente induzam a condução em velocidades seguras.

Para o especialista em trânsito Celso Mariano, diretor do Portal do Trânsito e da Tecnodata, esse é um ponto-chave.

“O motorista precisa ser corresponsável, mas o poder público também tem sua parte. Não adianta apenas colocar placas indicando 40 km/h se a via foi projetada para estimular 80 km/h. É preciso alinhar engenharia, fiscalização e educação”, explica.

Experiências brasileiras

Algumas cidades no Brasil já avançam em projetos para reduzir a velocidade média dos veículos. Exemplos incluem:

O papel da fiscalização

Fiscalizar não deve ser visto apenas como uma forma de punir. A presença de radares, blitz educativas e operações em parceria com órgãos municipais reforça o caráter preventivo da fiscalização. “É comum ouvir críticas de que radares são apenas ‘indústria da multa’. Mas, na verdade, eles salvam vidas. Quando o motorista sabe que pode ser flagrado, ele naturalmente desacelera. Isso diminui acidentes e reduz custos sociais”, destaca Celso Mariano.

Integração com mobilidade sustentável

A gestão da velocidade também está diretamente ligada à promoção da mobilidade ativa e do transporte coletivo. Ruas mais calmas incentivam caminhadas, uso de bicicletas e integração com transporte público.

“A velocidade excessiva não combina com cidades humanas. Quando o trânsito é pensado para pedestres, ciclistas e transporte coletivo, automaticamente se reduz a pressa e aumenta a segurança”, afirma Mariano.

O desafio cultural

Apesar dos avanços, o Brasil ainda convive com uma cultura de tolerância à pressa no trânsito. Muitos motoristas acreditam que limites são meras recomendações. Esse comportamento, aliado à falta de políticas consistentes em algumas regiões, dificulta a mudança.

O desafio é alinhar campanhas educativas, melhorias na engenharia de tráfego e fiscalização constante. O objetivo não é tornar o trânsito mais lento, mas sim mais seguro.

Estratégia eficaz

A gestão da velocidade é uma das estratégias mais eficazes para reduzir mortes e lesões graves no trânsito. Ao adotar políticas públicas, investir em infraestrutura e reforçar a educação, cidades brasileiras podem transformar a mobilidade e salvar milhares de vidas.

“A mensagem da Semana Nacional de Trânsito 2025 reforça essa ideia: desacelerar não é sinônimo de atraso, mas de respeito à vida”, conclui Mariano.

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