IPI Verde zera imposto para carros sustentáveis e estimula descarbonização da frota nacional

Nova política automotiva estabelece benefícios fiscais para veículos produzidos no Brasil com alta eficiência ambiental, sem impacto fiscal para o país.


Por Redação
IPI verde
O decreto cria a modalidade de Carro Sustentável. Compactos com alta eficiência energética-ambiental fabricados no Brasil terão o IPI zerado. Foto: Agência de Notícias da Indústria

O Brasil passou a contar com um novo modelo de tributação que privilegia veículos sustentáveis e fabricados no território nacional. Trata-se do chamado IPI Verde, que zera o imposto sobre produtos industrializados (IPI) para carros que atendem a critérios rigorosos de eficiência ambiental e sustentabilidade. A medida faz parte do Programa Nacional de Mobilidade Verde e Inovação (Mover), criado com o objetivo de promover a descarbonização da frota automotiva e incentivar a indústria nacional rumo à transição energética.

Para se enquadrar no benefício de IPI zero, o veículo precisa cumprir os seguintes requisitos:

Novo sistema de tributação e equilíbrio fiscal

O decreto que regulamenta o programa reformulou a tabela do IPI, estabelecendo um modelo de cobrança baseado em critérios técnicos e ambientais, como:

Com isso, o valor do imposto pode aumentar ou diminuir, conforme o desempenho ambiental e tecnológico do veículo. Modelos com melhor avaliação recebem descontos na alíquota, enquanto os menos eficientes pagam mais.

Como exemplo, um carro de passeio híbrido-flex pode ter a alíquota inicial de 6,3% reduzida em três etapas:

Sustentabilidade sem aumento de imposto

Conforme o governo federal, o novo modelo de cobrança tem impacto fiscal neutro, ou seja, não aumenta a carga tributária. O sistema é de “soma zero”: o que se perde com incentivos a veículos sustentáveis é compensado com acréscimos sobre os menos eficientes.

“O carro sustentável não aumenta imposto, não onera o fiscal e ainda estimula a sustentabilidade, a descarbonização e o social”, resume o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, ao comentar o mecanismo de equilíbrio criado pelo decreto.

Estímulo à indústria e ao consumidor

O Programa Mover prevê R$ 19,3 bilhões em créditos financeiros entre 2024 e 2028. A estimativa do governo é que cerca de 60% dos veículos vendidos no Brasil tenham o IPI reduzido com base nos critérios ambientais e de eficiência.

Para o setor automotivo, o impacto é considerado estratégico. A cadeia produtiva — que inclui fabricantes, autopeças e concessionárias — projeta até R$ 190 bilhões em investimentos nos próximos anos, impulsionados pelos incentivos fiscais e pela previsibilidade regulatória.

De acordo com o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Igor Calvet, a evolução da indústria automotiva brasileira já é expressiva:

“Um carro produzido hoje no Brasil polui 20 vezes menos do que um fabricado no início dos anos 2000. Reduzimos em 35% o consumo de combustível e, consequentemente, as emissões de CO₂, nitrato e outros poluentes. Essa previsibilidade, de política de Estado, é o que o Mover nos traz.”

Validade e transição para a reforma tributária

O decreto que institui o novo sistema de IPI tem validade até dezembro de 2026, atuando como uma ponte para a transição tributária que o país deve vivenciar com a implantação da nova reforma em discussão no Congresso Nacional.

Até lá, o objetivo do governo é consolidar uma política pública que favoreça o consumo consciente, estimule a produção nacional, amplie a oferta de veículos sustentáveis e contribua diretamente com as metas de redução de emissões assumidas pelo Brasil no contexto da mudança climática.

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