
Ainda assim, os editais preveem praças onde o usuário desembolsará até R$ 12, como é o caso de um ponto na BR-101, na Bahia. “Estamos achando alto”, diz o presidente executivo da Associação Nacional dos Usuários do Transporte de Carga (Anut), Luis Henrique Teixeira Baldez. “Está caro, principalmente por aumentar os custos para o setor produtivo e comprometer a competitividade do País”, concorda o presidente da Associação Brasileira de Transporte, Logística e Carga (ABTC), Newton Gibson. Na reta final antes do início dos leilões de rodovias, marcado para 18 de setembro, aumentam as pressões sobre o governo para alterações de última hora.
Pedágios
Há duas semanas, parlamentares do Espírito Santo estiveram com a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, para pedir mudanças no leilão. Eles reclamam da cobrança de pedágios de R$ 9 e R$ 9,70 em duas praças na BR-262, num trecho que será duplicado com recursos públicos, do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e depois entregue aos concessionários. Os capixabas querem que as tarifas sejam menores. A ministra ficou de dar uma resposta. Na semana passada, o presidente da Anut esteve no Ministério dos Transportes e apresentou uma análise sobre o programa, com sugestão para reduzir as tarifas à metade. Uma segunda conversa foi agendada para esta semana. “As tarifas estão caras porque o governo concentrou a duplicação, que é o investimento maior, nos primeiros cinco anos”, disse Baldez. “Normalmente, as rodovias são duplicadas quando o tráfego justifica.” Para ele, as vias duplicadas em cinco anos é bom, mas essa exigência de rapidez fará com que a tarifa fique 40% mais cara.
Duplicação total
A proposta da Anut é que o governo faça em todos os 7,5 mil km a serem concedidos o que está fazendo só em alguns trechos: duplicar com recursos públicos. Depois, as rodovias seriam entregues aos concessionários, que cuidariam da manutenção e conservação. Nesse desenho, as tarifas seriam 50% mais baixas. Baldez reconheceu, porém, que será difícil convencer o governo a atrasar novamente os leilões. Segundo o Ministério dos Transportes, as tarifas de pedágio nos editais são valores máximos.
Espera-se que a competição reduza esses preços, pois vencerá o concessionário que se dispuser a cobrar menos. “Apesar da ação do PAC, existem investimentos significativos que serão realizados pela concessionária”, informou o ministério ao justificar as tarifas. Além da duplicação em cinco anos e manutenção durante 25 anos, o órgão cita vários melhoramentos e serviços como apoio médico e mecânico.
O governo considera que o modelo de concessões foi suficientemente debatido. Antes de publicar os editais, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) colocou um esboço em consulta pública e acolheu sugestões. Assim, é pequena a possibilidade de mudanças nessa reta final. Desde o lançamento do programa, há um ano, o setor privado questiona a ideia de duplicar as rodovias em cinco anos. O governo, porém, jamais cogitou abrir mão dela.
Fonte: Em.com.br