Idosos no trânsito: os desafios de quem dirige (ou atravessa a rua) na terceira idade

Envelhecer exige adaptações também na mobilidade urbana. Saiba quais são os principais riscos enfrentados por motoristas e pedestres idosos — e o que diz a legislação brasileira.


Por Mariana Czerwonka
Idosos trânsito
A capacidade de dirigir pode se manter por muitos anos, mas com o tempo, o corpo passa por transformações que impactam diretamente a condução. Foto: PantherMediaSeller para Depositphotos

Com o aumento da expectativa de vida, o número de idosos em circulação nas cidades também cresce. Conforme dados do IBGE, o Brasil tem mais de 30 milhões de pessoas com 60 anos ou mais, e essa parcela da população está cada vez mais ativa — inclusive no trânsito.

Porém, o avanço da idade traz mudanças físicas e cognitivas que exigem atenção tanto de quem dirige quanto de quem caminha pelas ruas. A segurança viária da pessoa idosa não depende apenas dela, mas de um sistema que reconheça suas necessidades e promova acessibilidade, respeito e prevenção.

Os riscos enfrentados por motoristas idosos

A capacidade de dirigir pode se manter por muitos anos, mas com o tempo, o corpo passa por transformações que impactam diretamente a condução:

De acordo com o especialista em trânsito Celso Mariano, é fundamental reconhecer que essas mudanças não significam necessariamente que o idoso esteja inapto para dirigir, mas sim que ele precisa de avaliações periódicas, acompanhamento e, muitas vezes, pequenas adaptações na rotina de condução.

“O envelhecimento não é uma doença. Muitos idosos são excelentes condutores, com grande experiência e cautela. O que precisamos é garantir que eles tenham suporte e que o ambiente urbano esteja adequado à sua realidade”, explica Mariano.

Exames médicos mais frequentes a partir dos 70 anos

O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) determina que motoristas com 70 anos ou mais devem renovar a CNH a cada 3 anos — e passar por exames médicos e psicológicos. Antes dessa idade, o prazo de validade da habilitação é de até 10 anos, dependendo da categoria e da avaliação médica.

A avaliação médica inclui testes de visão, audição, coordenação motora e atenção, podendo haver restrições ou recomendações específicas, como:

Os riscos enfrentados por pedestres idosos

De acordo com o Atlas da Violência, a taxa de mortalidade por atropelamento entre idosos é proporcionalmente maior do que em outras faixas etárias. Isso acontece porque a capacidade de reação, mobilidade reduzida e fragilidade física tornam os idosos mais vulneráveis.

Entre os principais desafios enfrentados por pedestres da terceira idade estão:

A cidade que não oferece infraestrutura segura para os idosos acaba limitando a autonomia e aumentando o risco de acidentes.

O papel da educação para o trânsito

Uma cidade segura para o idoso é uma cidade segura para todos. Promover o respeito à mobilidade da pessoa idosa exige um esforço coletivo: condutores, poder público, urbanistas e a própria sociedade.

“A presença de idosos no trânsito é um sinal positivo de envelhecimento ativo, mas precisamos ajustar o sistema viário e promover a empatia. Educação para o trânsito não é apenas para quem dirige — é para todos”, destaca Celso Mariano.

Ações educativas que conscientizem sobre a prioridade dos idosos na travessia, o respeito à faixa de pedestre, a paciência no trânsito e a importância de oferecer ajuda a quem precisa caminhar com mais calma são fundamentais.

Dicas para promover a segurança da pessoa idosa no trânsito

Para motoristas idosos:

Para pedestres idosos:

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