
Em muitos países, os níveis de proteção dos ocupantes dos veículos, tanto crianças como adultos, ainda estão muito abaixo dos padrões mínimos de segurança exigidos pelas Nações Unidas. Por esse motivo, o Latin NCAP – Programa de Avaliação de Veículos Novos para América Latina e o Caribe- continua realizando os testes de colisão para impulsionar as montadoras a melhorar esses requisitos de segurança.
Os últimos resultados divulgados ontem (30) pelo Programa mostram os testes envolvendo o Nissan Tiida Sedã, fabricado no México, e a Renault Duster, fabricada na Colômbia.
O Nissan Tiida Sedã, fabricado no México – não é importado para o Brasil-, atingiu quatro estrelas em relação à proteção do ocupante adulto e duas estrelas quando trata-se da proteção da criança. O Tiida Sedã, que era oferecido na América Latina em sua versão básica sem airbags, foi remodelado incluindo dois airbags e dois pré-tensores. Os pré-tensores, para quem desconhece o termo, servem para ajustar o cinto de segurança ao corpo, manter o passageiro no respectivo banco e aumentar assim a sua eficácia.
Essa remodelada do Tiida Sedã, de acordo com o Latin NCAP, se deu devido ao péssimo resultado dos testes de colisão obtido pela versão sem airbags publicada no início deste ano. Isso mostra a reação proativa da Nissan de querer aperfeiçoar a segurança dos veículos para a América Latina, depois do resultado negativo.
Segundo o relatório, essa estrutura, agora padrão, conseguiu proteger melhor os ocupantes adultos no impacto frontal. Nada melhorou em relação às crianças.
Já a versão básica da Renault Duster, fabricada na Colômbia, é oferecida atualmente só com airbag para o motorista, mesmo assim conseguiu quatro estrelas na proteção do adulto. O modelo fabricado no Brasil possui airbag tanto para o motorista quanto para o passageiro.
O resultado do teste de impacto mostrou falhas na estrutura do veículo, como instabilidade e dificuldade no socorro aos passageiros. Para abrir a porta do motorista, foram usadas ferramentas que usualmente não se encontram nas vias quando se tem que resgatar um acidentado.
Além disso, o manual do veículo indica que existe uma versão do modelo equipada com ancoragens ISOFIX para os sistemas de retenção infantil. Contudo, a unidade testada pelo Latin NCAP não tinha essas ancoragens.
Comparação com a Europa
Este modelo, comercializado como Dacia na Europa, é bem diferente. Lá ele proporciona dupla proteção frontal e lateral, ancoragens ISOFIX e Controle Eletrônico de Estabilidade de série na versão mais básica. Até agora, a Renault não tomou a decisão de remover a versão testada pelo Latin NCAP do mercado visando proporcionar mais segurança aos consumidores.
Para María Fernanda Rodríguez, Presidente do Latin NCAP, é preocupante o fato das montadoras deixarem de lado a segurança infantil. “Pergunto-me se os responsáveis deixariam que seus filhos viajassem nesses carros que não proporcionam boa proteção em uma batida. Em outras regiões do mundo os fabricantes se importam com a segurança infantil, e na América Latina e no Caribe isso não é uma prioridade para eles. Tomara que esta triste realidade seja modificada logo”.
Segundo Alejandro Furas, Secretário Geral do Latin NCAP, é decepcionante ver modelos como a Duster, vendidos com menos equipamento de segurança na América Latina que na Europa. “Infelizmente, a proteção do ocupante infantil é ainda muito baixa na região. O Latin NCAP aumentará seus requisitos de testes em 2016 para ajudar a elevar a segurança infantil e para que seja uma prioridade para os fabricantes. O Latin NCAP continua a incentivar os governos a exigir novas melhorias em relação à segurança em todos os mercados da América Latina e do Caribe. O Latin NCAP apoia firmemente o chamado realizado pelo Global NCAP para democratizar a segurança dos veículos, garantindo que os consumidores da América Latina e do Caribe tenham acesso aos mesmos níveis de desempenho de segurança que os da América do Norte e da Europa”.