
O presidente da entidade, Sérgio Neto, destaca que antes esse era um ofício que passava de pai para filho. “Hoje, esses jovens estão buscando outros caminhos”, constata o dirigente. O coordenador da comissão de infraestrutura do Setcergs, Frank Woodhead, concorda com Neto e acrescenta que o motorista que dirige um veículo que representa um alto investimento precisa ser bem treinado. “Eles começam em caminhonetes, passam para os caminhões pequenos e depois chegam às carretas”, detalha Woodhead.
Além da migração para outras atividades, a Lei do Motorista (12.619), que limitou a jornada de trabalho da categoria em até 10 horas ao dia e determinou descanso semanal de 35 horas (viagens curtas) e 36 horas (viagens longas), agravou o problema. Isso porque, atualmente, há a necessidade de mais motoristas para atender à demanda. Apesar dessa dificuldade, o vice-presidente de transporte internacional do sindicato, Francisco Cardoso, alerta que as empresas transportadoras devem cumprir fielmente a legislação. Caso contrário, elas correm o risco de acumular um passivo trabalhista muito grande, que será cobrado no futuro.
Ele argumenta que os maiores fiscais da legislação são o Ministério do Trabalho e o próprio motorista. “Não respeitar a lei é criar uma bomba-relógio”, compara o dirigente. Essas são algumas das questões que serão discutidas durante a 15ª Feira e Congresso de Transporte e Logística (Transposul), que acontecerá no Centro de Eventos da Fiergs, em Porto Alegre, entre quarta e sexta-feira. O evento também deverá alcançar um volume de negócios de aproximadamente R$ 138 milhões.
A infraestrutura é outro assunto que será tratado no encontro. Aproveitando a onda de manifestações, o presidente Sérgio Neto afirma que é a hora de mudar esse setor. O coordenador da Transposul e vice-presidente Institucional do Setcergs, Afrânio Kieling, enfatiza que o Brasil precisa investir mais em infraestrutura. Segundo ele, o País destina apenas 0,3% do PIB a essa área.
De acordo com informação do sindicato, o custo logístico do Brasil é de 17,3% do PIB, contra 8% nos Estados Unidos e 9,5% na Ásia. O modal rodoviário representa 68,6% da matriz logística nacional, seguido do ferroviário, com 23,7%, e o restante é dividido entre o dutoviário e o hidroviário.
Fonte: Jornal do Comércio