Depois da Semana Nacional de Trânsito, o alerta: sem autoescolas, quem vai ensinar a desacelerar?

Esta é a última matéria da série especial que o Portal do Trânsito preparou para a Semana Nacional de Trânsito 2025 e traz um alerta importante. Acompanhe!


Por Mariana Czerwonka
Sem autoescolas
No Brasil, onde a violência no trânsito já é uma das principais causas de morte entre jovens, o cenário pode se agravar ainda mais. Foto: Divulgação Detran/PE

A Semana Nacional de Trânsito 2025 está chegando ao fim e deixa uma mensagem clara: a pressa e a velocidade estão entre os maiores riscos à vida no trânsito brasileiro. Durante este período, especialistas, gestores públicos e a sociedade refletiram sobre como desacelerar é um ato de responsabilidade e preservação da vida.

Mas, passada a mobilização, outra questão urgente volta a ocupar espaço nos debates sobre segurança viária: o futuro da formação de condutores e a possível flexibilização da obrigatoriedade das autoescolas no processo de primeira habilitação.

Esta é a última matéria da série especial que o Portal do Trânsito preparou para a Semana Nacional de Trânsito 2025 e traz um alerta importante. Acompanhe!

Conexão direta entre formação e segurança

A campanha deste ano focou na necessidade de mudar comportamentos ao volante, especialmente em relação à velocidade. E é justamente nesse ponto que entra a discussão sobre a formação de novos motoristas.

Conforme o especialista em trânsito Celso Mariano, diretor do Portal do Trânsito e da Tecnodata, não há como falar em reduzir riscos sem falar em educação.

“A Semana Nacional de Trânsito mostrou que precisamos repensar a pressa e os limites de velocidade. Mas quem vai ensinar isso ao futuro motorista, se não houver um processo estruturado de formação? As autoescolas cumprem exatamente esse papel: transformar regras em consciência e prática segura no trânsito.”

O risco de retrocesso

Recentemente, o Ministério dos Transportes começou a divulgar uma proposta que pode tornar facultativa a formação em autoescolas para quem deseja tirar a CNH. A ideia tem gerado polêmica: de um lado, quem defende a redução de custos para o cidadão; de outro, especialistas e entidades que alertam para os riscos de colocar motoristas nas ruas sem a devida preparação.

A experiência internacional mostra que países que flexibilizaram a formação inicial viram aumentar os índices de acidentes entre motoristas recém-habilitados. No Brasil, onde a violência no trânsito já é uma das principais causas de morte entre jovens, o cenário pode se agravar ainda mais.

Educação como ferramenta para “desacelerar”

A mensagem da Semana Nacional de Trânsito — “Desacelere. Seu bem maior é a vida” — reforça a importância de escolhas responsáveis. E não há como esperar responsabilidade de quem nunca foi instruído ou treinado para dirigir em condições reais de risco. “É na formação que o candidato aprende o que significa, na prática, respeitar um limite de velocidade, entender a distância de frenagem e perceber que cada quilômetro a mais pode custar uma vida. Isso não se aprende sozinho ou apenas lendo o Código de Trânsito. Precisa de orientação técnica e pedagógica, como a oferecida pelas autoescolas”, explica Mariano.

Uma continuidade necessária

A Semana Nacional de Trânsito mobiliza, mas a construção de uma cultura de paz no trânsito depende de ações contínuas. A defesa das autoescolas como parte essencial do processo de habilitação é um desdobramento natural dessa mobilização.

Para Mariano, se queremos menos pressa, menos velocidade e menos violência no trânsito, precisamos investir mais, e não menos, em educação e capacitação de condutores.

“O recado da campanha de 2025 permanece: vida é prioridade. E garantir vidas no trânsito passa, necessariamente, por preparar condutores capazes de entender e praticar esse valor no dia a dia. O debate sobre a obrigatoriedade das autoescolas mostra que a mensagem da Semana Nacional de Trânsito não pode se restringir a uma semana no calendário. É preciso transformar conscientização em política pública e responsabilidade coletiva”, conclui.

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