A cada 39 minutos, um motociclista morre no trânsito brasileiro

A cada 39 minutos, uma família brasileira perde um ente querido que pilotava uma motocicleta.


Por Mariana Czerwonka
motociclista trânsito brasileiro
Os dados do Ministério da Saúde são um alerta para toda a sociedade. Foto: nitinut380 para Depositphotos

Dados do Ministério da Saúde revelam que 34.881 pessoas perderam a vida em sinistros de trânsito no Brasil ao longo de 2023. O número mantém a preocupante tendência de alta nas mortes no trânsito observada desde 2020, reforçando a urgência de ações mais efetivas para combater essa tragédia. Entre as vítimas fatais do trânsito brasileiro, os motociclistas são os mais impactados: 13.477 mortes foram registradas nessa categoria, o que representa quase 39% do total.

Ao analisarmos esses números, é possível dimensionar a gravidade da situação: um motociclista perde a vida no trânsito brasileiro, em média, a cada 39 minutos. Esse dado alarmante ressalta o quanto as condições de segurança para quem utiliza motocicletas continuam sendo um dos maiores desafios no combate à violência no trânsito.

Tendência preocupante desde 2020

Os números divulgados indicam que o trânsito brasileiro enfrenta uma escalada nos índices de mortalidade desde 2020. Apesar das restrições à circulação impostas pela pandemia de Covid-19 naquele ano, que inicialmente fizeram os números de mortes caírem, o retorno à normalidade veio acompanhado de um aumento significativo nos acidentes fatais.

Especialistas apontam que a combinação de fatores como o aumento da frota de motocicletas, o desrespeito às leis de trânsito, a imprudência de condutores e a falta de infraestrutura adequada para o tráfego seguro agrava o cenário. Além disso, a motocicleta, que para muitos representa uma alternativa econômica de transporte ou trabalho, também expõe seus usuários a riscos muito maiores.

O impacto nos motociclistas

Os 13.477 motociclistas mortos em 2023 refletem uma realidade que atinge diretamente as famílias brasileiras. Muitos desses condutores utilizavam a motocicleta como meio de sustento, principalmente em atividades como entregas e transporte de passageiros. A vulnerabilidade desses trabalhadores é evidente: em sinistros de trânsito, eles enfrentam maiores chances de sofrer lesões fatais devido à exposição direta ao impacto.

Além disso, as motocicletas são cada vez mais presentes no trânsito brasileiro. De acordo com dados de associações do setor, a frota de motocicletas tem crescido de forma acelerada nos últimos anos, especialmente em cidades menores, onde a opção é mais acessível financeiramente do que outros veículos. Porém, o aumento da frota não teve o acompanhamento de melhorias na segurança viária, como campanhas educativas efetivas, fiscalização intensiva e infraestrutura que priorize todos os usuários da via.

O que é possível fazer?

Conforme Celso Mariano, especialista e diretor do Portal do Trânsito, diante desse cenário, é essencial reforçar as políticas públicas voltadas à segurança no trânsito. “Medidas como a ampliação de programas de educação, o incentivo ao uso de equipamentos de segurança, o aperfeiçoamento da fiscalização e a construção de vias que garantam a proteção dos motociclistas são fundamentais”, aponta.

Para ele, ao mesmo tempo, a conscientização dos próprios condutores também é imprescindível.

“O respeito às normas de trânsito e a direção defensiva podem salvar vidas”, relembra Mariano.

Os dados do Ministério da Saúde são um alerta para toda a sociedade. A cada 39 minutos, uma família brasileira perde um ente querido que pilotava uma motocicleta. “Enfrentar essa realidade exige o comprometimento conjunto de governos, organizações assim como cidadãos para transformar o trânsito brasileiro em um espaço mais seguro para todos”, finaliza o especialista.

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