Quantas horas um motorista por aplicativo pode trabalhar?

Saiba sobre o projeto de lei complementar, em trâmite na Câmara Federal, que propõe regulação de direitos do motorista por aplicativo


Por Accio Comunicação
Motorista por aplicativo protestando.
Motorista por aplicativo protestam em diversas partes do Brasil. Foto: Marcelo Camargo (Agência Brasil)

A regulação da profissão de motorista por aplicativo segue em trâmite na Câmara Federal, por meio de um Projeto de Lei Complementar 012/2024. Entretanto, discussões no entorno do PLC seguem acontecendo.  

Para esclarecer possíveis dúvidas sobre esse e outros assuntos relacionados às atividades do motorista por aplicativo, trazemos aqui alguns pontos importantes do PLC, bem como análise de um advogado.  

Um dos pontos mais questionados sobre a PLC 012/2024 diz respeito as jornadas diárias de trabalho dos motoristas por aplicativo. Na legislação atual, não há critério algum para definir a carga horária máxima desses trabalhadores.  

Por isso, a proposta da a lei complementar é que o motorista por aplicativo tenha 8 horas diárias de trabalho (com o limite máximo estabelecido para 12 horas).  

Em contrapartida, as empresas UBER e 99 (os maiores players no Brasil), determinam que seus motoristas parceiros trabalhem no máximo 12 horas ao dia no App e que tenham 6 horas para descanso entre uma jornada e outra.  

Para a advogada e professora do curso de Direito da Universidade Positivo, Natalia Prigol, esse PLC busca estabelecer uma jornada de trabalho mais humana e dignificar o trabalho do motorista por aplicativo.  

“A exigência por carga horária máxima busca dignificar o trabalho e assegurar condições mínimas para que o serviço seja prestado de forma segura, adequada e dentro dos padrões previstos na Constituição Federal”, destaca.  

A exigência da “não exclusividade” também é válida na proposta, já que não prejudica a flexibilidade e autonomia do trabalhador.  

“Ao mesmo tempo em que não prejudica a flexibilidade e a autonomia (do motorista), que são proporcionadas pelos aplicativos, se permite que os trabalhadores prestem serviços para vários aplicativos. Sem regime de exclusividade”, detalha a advogada.  

A regulamentação da profissão 

A busca por melhor condições e melhor remuneração são as principais preocupações dos motoristas por aplicativo. Foto: Envato.

De acordo com Natalia Prigol, o PLC visa regulamentar uma profissão que não possui amparo atual na legislação brasileira.  

“O esforço em propor um enquadramento desta classe é louvável e necessário. Em especial, se considerarmos que atualmente estes trabalhadores estão sem proteção legal, muitos em jornadas exaustivas e sem locais apropriados para pausas. Além disso, sem qualquer garantia de recebimento de uma remuneração mínima”.  

Contudo, o projeto de lei complementar vem recebendo críticas da categoria. Três pontos se destacam entre as críticas:

  1. Jornada de trabalho;
  2. Piso estabelecido;
  3. E previdência social.

Segundo a  Federação Brasileira de Motoristas de Aplicativos – Fembrapp, o modelo proposto pelo Executivo pode incentivar uma jornada excessiva.  

A justificativa é de que motoristas por aplicativo já podem trabalhar por 12 horas. Porém, a limitação dessa carga reduz margem de lucro para o trabalhador.  

O piso proposto pela PLC é de 1 salário-mínimo (R$ 1.412,00), com R$32,10 definido como valor por hora trabalhada.  

A Fembrapp procura fazer um acordo coletivo para que se cumpra mais do que as horas já definidas.  

Vantagens e desvantagens da PLC para a regulação da profissão de motorista de aplicativo 

Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil.  

Confira abaixo as vantagens e desvantagens do PLC (ainda em trâmite na Câmara Federal), segundo a advogada e professora, Natalia Prigol:  

Vantagens: 

Desvantagens: 

Por fim, vale ressaltar que o projeto de lei complementar está atualmente na Comissão de Indústria, Comércio e Serviços. O PLC deve passar ainda pelas comissões de Trabalho e Constituição, Justiça e Cidadania.

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