28 de dezembro de 2026

Por que brasileiros dirigem com tanta pressa? Uma análise cultural sobre o comportamento nas ruas

Uma análise profunda sobre a pressa no trânsito brasileiro: causas culturais, impactos na segurança e reflexões do especialista Celso Mariano sobre esse comportamento.


Por Redação Publicado 28/12/2025 às 08h15
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pressa
Mesmo conscientes dos riscos, muitos condutores acreditam que conseguem “dar conta” de dirigir rápido com segurança. Foto: denrud para Depositphotos

A pressa é um dos comportamentos mais marcantes — e perigosos — do trânsito brasileiro. Acelerar em excesso, cortar caminho, pressionar outros motoristas, ignorar limites de velocidade e avançar no amarelo são atitudes comuns em diferentes regiões do país. Mas por que isso se tornou um traço cultural tão forte?

O fenômeno tem explicações sociológicas, urbanas e comportamentais. E, para entender melhor esse comportamento ouvimos Celso Mariano, especialista e diretor do Portal do Trânsito.

A pressa como hábito social

Muitas cidades brasileiras se desenvolveram de forma desordenada, com longos deslocamentos, transporte coletivo insuficiente e horários rígidos de trabalho. Isso faz com que a sensação de estar “sempre atrasado” seja quase permanente.

Para Celso Mariano, essa experiência altera a relação das pessoas com o tempo no trânsito. “O motorista brasileiro vive pressionado pela rotina, pelo medo do atraso e pela ideia de que precisa se mover rápido o tempo todo. A pressa acaba virando comportamento automático.”

A ilusão de controle

Mesmo conscientes dos riscos, muitos condutores acreditam que conseguem “dar conta” de dirigir rápido com segurança. É a chamada ilusão de controle, comum em ambientes de risco.

“A pessoa acredita que domina o veículo e que nada vai acontecer com ela. Mas essa sensação é enganosa, porque o trânsito é um ambiente coletivo. Não adianta você dirigir bem se o outro também está sob pressão e pode errar”, explica Mariano.

Uma cultura que normaliza riscos

O trânsito brasileiro sempre foi associado à ideia de esperteza e vantagem. Muitos motoristas acreditam que “se não acelerar, ficará para trás”. Essa lógica reforça comportamentos perigosos. “Falta ao brasileiro compreender que dirigir é um ato social. Cada escolha impacta dezenas de pessoas ao redor. A pressa cega o motorista para essa dimensão coletiva”, afirma o especialista.

Consequências graves da pressa

  • Aumento significativo de colisões traseiras
  • Mais atropelamentos em travessias
  • Maior letalidade em acidentes
  • Estresse, agressividade e conflitos

Como mudar esse cenário?

A transformação exige políticas públicas, fiscalização e, sobretudo, mudança de mentalidade. Para Celso Mariano, o primeiro passo é enxergar o trânsito como ambiente humano.

“Quando entendemos que há vidas envolvidas, reduzimos naturalmente o ritmo. Ninguém deveria dirigir como se estivesse em uma corrida.”

Fenômeno cultural

A pressa no trânsito brasileiro não é apenas um comportamento individual — é um fenômeno cultural consolidado. Entendê-lo é fundamental para reduzir sinistros e promover uma convivência mais respeitosa nas ruas.

Redação

Matérias escritas pela equipe de Redação do Portal do Trânsito.

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