Buzina não é brinquedo: por que o uso indevido é uma infração que coloca todos em risco
Em vez de melhorar a segurança, a buzina mal utilizada pode causar pânico, acidentes e poluição sonora.

No trânsito, cada som tem sua função. A buzina, por exemplo, foi projetada para ser um recurso de alerta e não uma ferramenta de intimidação ou impaciência. Apesar disso, o que se vê nas ruas é um uso cada vez mais abusivo desse dispositivo — com destaque para túneis e áreas urbanas densas, onde o barulho se multiplica e pode causar mais confusão do que solução.
O que diz a legislação sobre buzinar em túneis
O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) é claro: o uso da buzina deve respeitar normas específicas. O artigo 227 proíbe expressamente a utilização em locais e horários vetados por sinalização e em desacordo com as normas do Conselho Nacional de Trânsito (Contran).
Penalidade:
- Infração leve;
- Multa de R$ 88,38;
- 3 pontos na CNH.
Nos túneis, o reforço da proibição ocorre através de placas de sinalização específicas. Portanto, quando o motorista buzina nesses locais, desrespeita diretamente uma ordem clara de trânsito, o que configura infração autônoma.
Por que buzinar em túneis é mais grave do que parece
Quem já passou por um túnel com tráfego intenso sabe: o ambiente é fechado, barulhento e com pouca ventilação. Agora imagine o som estridente de uma buzina reverberando nas paredes de concreto — o impacto é imediato, assustador e, muitas vezes, perigoso. Veja os principais riscos:
- Amplificação sonora: o som se propaga com muito mais intensidade, gerando incômodo e confusão entre motoristas e passageiros;
- Possibilidade de sustos: ruídos inesperados podem causar reações bruscas, principalmente em condutores menos experientes ou em situações de estresse, provocando colisões ou freadas perigosas;
- Prejuízo à comunicação de emergência: buzinas constantes podem mascarar alertas importantes, como sirenes de ambulâncias, alarmes de incêndio ou orientações sonoras do próprio túnel.
Quando a buzina é permitida
O CTB permite o uso da buzina apenas em duas situações:
- Advertência breve e em local permitido, para evitar acidentes;
- Alerta a outros usuários em caso de risco iminente, como quando um pedestre atravessa inesperadamente na frente do veículo.
Fora desses contextos, buzinar é desnecessário e, muitas vezes, contraproducente. Em emergências, o uso de luzes — como faróis ou pisca-alerta — é uma alternativa menos invasiva e igualmente eficaz.
Uso abusivo da buzina nas cidades: um problema crescente
Além dos túneis, há outro cenário cada vez mais comum nos centros urbanos: o uso indiscriminado da buzina como forma de expressão de impaciência ou “pressa”. Motoristas que buzina ao menor sinal de lentidão no trânsito, ao esperar pedestres, ou até em frente a hospitais, mostram um desrespeito à função do equipamento e às normas de convivência.
Entre os protagonistas desse cenário, destaca-se um comportamento recorrente: motociclistas que fazem uso abusivo da buzina para forçar passagem, mesmo em situações sem justificativa de risco. Embora muitos utilizem esse recurso como forma de se tornarem mais visíveis no trânsito — algo compreensível em alguns contextos — a insistência em buzinar em corredores, sinais vermelhos ou vias congestionadas aumenta o estresse coletivo e fere o espírito da boa convivência no trânsito.
Poluição sonora também é uma questão de saúde pública
O barulho excessivo das buzinas não gera apenas incômodo: ele afeta a saúde física e mental de quem convive com o trânsito urbano. Estudos mostram que ruídos constantes podem elevar os níveis de estresse, ansiedade e até pressão arterial, especialmente em grandes cidades. Portanto, usar a buzina com consciência também é uma forma de contribuir com a qualidade de vida da comunidade.
Educação e fiscalização: caminhos para mudar esse cenário
A buzina não deve ser vista como uma extensão do temperamento do condutor. Ela existe para situações específicas de perigo. É preciso combater o uso errado — seja em túneis, seja nas ruas — com campanhas educativas, mas também com fiscalização efetiva.
É essencial que os condutores compreendam que o silêncio também é parte da segurança viária. O trânsito não é lugar para desabafo sonoro, e o excesso de ruído só contribui para tornar as cidades menos humanas e mais caóticas.
