“O futuro das autoescolas”: live do Portal debate flexibilização da CNH e aponta desafios do setor
Live do Portal do Trânsito debate o futuro das autoescolas e a flexibilização da CNH, destacando desafios, protagonismo feminino e propostas de modernização da formação de condutores no Brasil.

Em uma live realizada pelo Portal do Trânsito em 18 de setembro de 2025, especialistas, dirigentes de autoescolas e representantes de entidades do setor se reuniram para discutir as dificuldades e inseguranças geradas pelas propostas do governo federal que visam flexibilizar o processo de obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Intitulada “O futuro das autoescolas”, a transmissão ao vivo trouxe à tona críticas, contrapropostas e perspectivas de modernização para os Centros de Formação de Condutores (CFCs) no Brasil. A live teve a apresentação do especialista em trânsito Celso Mariano. Participaram: Carolina Marino, do Instituto Nacional Mulheres pelo Trânsito, Olga Catarina Zanoni, da ABRAUTO, e Ygor Valença, da FENEAUTO.
Contexto e críticas à flexibilização da CNH
A live aconteceu durante a Semana Nacional do Trânsito, em um cenário de incerteza para o setor. O foco principal da discussão foi a proposta de desobrigar a frequência em cursos de formação de condutores nas autoescolas, medida considerada por todos os participantes como um retrocesso.
O apresentador da live, Celso Mariano, destacou que as discussões recentes sobre o tema têm se concentrado nos aspectos econômicos, como o custo da CNH, enquanto pouco se debateu sobre quem assumirá as responsabilidades caso a violência no trânsito aumente com as mudanças propostas.
“Estamos falando de vidas, não apenas de documentos mais baratos”, alertou Celso, reforçando a importância do papel educativo das autoescolas.
O papel estratégico dos CFCs
Conforme os especialistas, em mais de 26 anos de vigência do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), as autoescolas deixaram de ser apenas locais para aulas práticas e se transformaram em verdadeiros centros educacionais. Hoje, o setor enfrenta desafios didáticos significativos, recebendo alunos com idades e níveis de instrução variados, desde semi-alfabetizados até pós-graduados.
Os CFCs atuam como preparatórios para avaliações do Detran, oferecendo não apenas ensino prático, mas também educação de trânsito, algo que, de acordo com os especialistas, não é suficientemente coberto pela rede escolar tradicional.
Reação unificada do setor
Apesar da surpresa e das dificuldades, o setor reagiu de forma organizada. Houve uma união inédita entre entidades como a Associação Brasileira das Autoescolas (Abrauto), sindicatos, a Federação Nacional das Autoescolas e Centros de Formação de Condutores (Feneauto) e o Instituto Nacional Mulheres pelo Trânsito. Olga Catarina Zanoni, da Abrauto, destacou:
“É a primeira vez que as instituições estão trabalhando juntas, e isso faz toda a diferença.”
A mobilização incluiu carreata, lançamento de Frente Parlamentar e uma audiência pública histórica com apoio de 48 deputados, que demonstraram atenção ao setor. De acordo com Igor Valença, presidente da Feneauto, o movimento alcançou 4,9 milhões de visualizações em apenas um mês, refletindo a força coletiva da categoria.
Protagonismo feminino e engajamento político
Carol Marino, do Instituto Nacional Mulheres pelo Trânsito, reforçou a importância do protagonismo feminino no setor. Ela criticou a gestão atual por desmontar grupos de trabalho e não dialogar com instituições de classe ou com o Parlamento, além de defender a luta pela valorização das mulheres que mantêm a excelência das autoescolas.
A Frente Parlamentar conta atualmente com mais de 250 assinaturas, reunindo políticos de diferentes espectros ideológicos em defesa da educação no trânsito e das empresas do setor. Mesmo figuras alinhadas ao governo, como a Ministra Gleisi Hoffmann, afirmaram que a proposta de flexibilização “não é um projeto de governo”.
Próximos passos: Jornada pela Educação no Trânsito (JET)
O setor reconheceu críticas válidas aos CFCs e propôs mudanças de postura, assumindo protagonismo na cidadania e educação no trânsito.
Para consolidar essas ações, Igor e Carol criaram a Jornada pela Educação no Trânsito (JET), que reúne 12 grupos de trabalho. O objetivo é apresentar um marco regulatório moderno e seguro para os CFCs. O Plano Nacional de Formação de Condutores (JET) será entregue em 19 de novembro, no Dia Nacional das Autoescolas, em Brasília.
Entre as propostas estão:
- Inserção de campanhas educativas e pós-venda de ensino de trânsito;
- Formação de profissionais como motoboys e motoristas de aplicativo;
- Defesa do EAD síncrono para alunos da primeira habilitação, com aulas remotas em tempo real, enquanto se mantém contrária ao EAD assíncrono.
Debate sobre custo e segurança
Olga questionou diretamente o Secretário de Trânsito Adrualdo Catão sobre os custos da plataforma gratuita proposta pelo governo. Já, Igor criticou a ideia de flexibilização baseada em reduzir o número de não habilitados. Ele comparou a proposta a dar ingresso a 20 mil pessoas em um campo de futebol lotado, com risco de morte mesmo habilitados.
“90% dos acidentes e mortes são por imprudência, que não se resolve apenas com um documento mais barato”, afirmou Igor.
Encerramento
A live foi concluída por Celso Mariano, que agradeceu a participação e o esforço dos especialistas. Assim, destacando a educação de trânsito como um momento mágico para sensibilizar a sociedade. Ele convidou o público a acompanhar a próxima live do Portal do Trânsito, que contará com a participação já confirmada do Secretário Adrualdo Catão.

É interessante que o Brasil e seus políticos em pleno século XXI ainda ficam remando contra a educação… A questão é salvar vidas, educar pessoas para termos um trânsito mais seguro e humano. O governo deveria propor melhorias, fiscalizar mais as auto escolas que só tem pilantras. Enfim; Hoje temos pessoas com vários níveis de escolaridades e posso afirmar de carteirinha que a nossa dedicação não é só preparar os alunos para passar nos exames tanto teórico como prático. Sou instrutor teórico com muito orgulho e viso sempre formar condutores e não motoristas… Quanto vale uma vida?