66% das vítimas de acidentes ficam inválidas
Mato Grosso possui uma frota de 466 mil motocicletas, o que coloca este tipo de veículo como o recordista em acidentes de trânsito e de vítimas fatais. Em 2012 já deram entrada no Pronto-Socorro Municipal de Cuiabá 3.817 vítimas de acidentes com motos, das quais 1,65% morreram. Segundo dados do Seguro Obrigatório de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres (Dpvat), 66% das pessoas que se acidentam ficam inválidas para sempre. Muitas têm membros amputados. Este índice se reflete diretamente nos atendimentos realizados pelo Pronto-Socorro Municipal de Cuiabá, que recebe, por dia, entre sete e nove pacientes com fraturas ocasionadas por acidentes de moto, muitos dos quais em estado gravíssimo. Estes tipos de pacientes sobrecarregam o PSM gerando gastos elevados. Segundo o diretor geral do PSM, Antônio Ignácio, esse volume de acidentes com motos gera uma despesa de mais de R$1 milhão por mês em cirurgias ortopédicas, principalmente as de politraumatismo (mais de uma fratura), que são consideradas de alta complexidade. “As pessoas falam da fila para as cirurgias em Cuiabá, eu entendo, mas é complicado lidar com uma demanda tão grandiosa na instituição. Nós atendemos todo o estado, inclusive pacientes interestaduais e até internacionais, principalmente vindos da Bolívia. Se nós recebemos todas as pessoas que nos procuram, os corredores ficam cheios, se não recebemos, é omissão de socorro”, declarou. Além dos pacientes que permanecem internados, casos considerados de menor complexidade que aguardam cirurgia em casa, através de vagas pela Central de Regulação Municipal, chegam a ficar mais de um ano à espera do procedimento. Esta espera gera consequências trágicas a pacientes que muitas vezes não conseguem recuperar seu poder laboral por conta das sequelas adquiridas com o acidente, que ficam sem o tratamento adequado. Segundo a assessora jurídica da central, Miriam Guimarães, as vagas para os procedimentos são divididas em três classificações, sendo elas: eletiva 1, na qual o paciente fica em um mês na fila para a liberação do procedimento médico; eletiva 2, na qual o paciente espera em média quatro meses e eletiva 3, na qual a espera é de cerca de nove meses ou mais. “Esta classificação é realizada pelo médico da central e encaminhada para as vagas nos hospitais. O que muitas vezes acontece é que nós realizamos a liberação, mas os hospitais não têm vagas para fazer os procedimentos”, informou. Imprudência – Para o presidente do Comitê Municipal de Mobilização pela Saúde e Segurança no Trânsito, Fabio Liberali Weissheimer, cerca de 90% dos acidentes com moto poderiam ser evitados apenas com ações de prevenção e repressão à imprudência. “A repressão aos crimes e à imprudência no trânsito funciona muito bem, nós tivemos a prova disto com a implantação da Lei Seca. Nesta implantação da lei eu era médico do Samu (Serviço Móvel de Urgência); na época eu fiz um estudo sobre a aplicação que constatou que a Lei Seca impactou em 60% na diminuição dos acidentes no mês da fiscalização ostensiva”, declarou o médico que ainda complementou que a falta de fiscalização gera o não funcionamento da lei. “É preciso que todos tomemos consciência de que se houvesse mais cautela no trânsito, os recursos poderiam ser investidos em outras áreas de atendimento que ainda se encontram muito deficientes”. Fonte: Circuito Mato Grosso