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Acidentado no trânsito custa em média R$ 36 mil por mês


Por Mariana Czerwonka Publicado 22/09/2011 às 03h00 Atualizado 10/11/2022 às 18h47
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Imprudência, uso de álcool, ausência de capacete, alta velocidade, infrações em geral. São dezenas de atos falhos que, certamente, ocasionaram a internação, no período de janeiro a agosto deste ano, de 10.007 vítimas de acidentes de trânsito na maior unidade de emergência da Capital, o Instituto Dr. José Frota (IJF). Toda essa demanda vem gerando um custo muito alto para a Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo o titular da Secretaria de Saúde do Estado (Sesa), Arruda Bastos, se for considerado que uma vítima de acidente de trânsito com ferimentos de média complexidade passa pelo menos 30 dias em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde a internação diária custa R$ 1.200,00, o Estado gasta, em média, R$36.000,00 com cada paciente. Mas, se for incluso no custo um procedimento cirurgia, esse valor pode aumentar para R$46.000,00 mensais. Ainda de acordo com Arruda, o custo da permanência diária na enfermaria é em torno de R$ 600,00. Contudo, ele ressalta que esse é o valor inicial dos gastos com a saúde da vítima do trânsito, já que, após sair da unidade, ela acaba gerando gastos com medicamentos, tratamentos de fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional. Além disso, ele acrescenta que esse paciente também cria uma grande repercussão negativa na previdência social. “Algumas vezes, esses pacientes se aposentam por invalidez, e outros ficam recebendo auxilio-doença durante meses e até anos, o que acaba gerando um custo elevado para os cofres públicos”, afirma. Previdência Foi o que aconteceu com o porteiro João Batista Bruno, 43 anos. Em março deste ano, quando conduzia sua motocicleta, avançou a preferencial entre o cruzamento das ruas Floriano Peixoto e Castro e Silva, no Centro, e acabou colidindo com um caminhão. Diante disso, teve lesões graves na perna e no braço e passou três meses internado na enfermaria do IJF. Durante esse período, realizou uma cirurgia para implantar pinos de platina em um dos braços. Mesmo ao receber alta da unidade de saúde, o porteiro precisou ficar mais dois meses em casa recebendo o benefício da Previdência Social. Na mesma situação de João Batista, existem milhares de pacientes dando entrada diariamente no IJF, segundo Messias Simões, diretor clínico da unidade. Conforme ele, os pacientes vítimas de acidentes de trânsito chegam a passar de quatro até seis meses internados na unidade, variando de acordo com o grau de complexidade dos ferimentos. “Existem lesões que não são de grande complexidade, mas se o paciente tem perda de substâncias óssea, muscular, de pele ou de gordura exige um cuidado especial e continua na internação”, explica. Município Por outro lado, segundo Messias Simões, esse custo gera um impacto muito grande não só nos cofres do Ministério da Saúde, mas também para o Município, já que, segundo ele, a verba Federal só custeia, por exemplo, 30% dos R$ 1.200,00 diários gastos com um paciente da UTI, o restante é mantido pelo município de Fortaleza. “A tabela do Sistema Único de Saúde só custeia de 30% a 60 % das internações e procedimentos, gerando uma situação insustentável para o município de Fortaleza”, ressalta o diretor. Ainda conforme Simões, a média de permanência de todos os pacientes na unidade é de 12 dias, e o custo varia de R$ 10 a R$ 20 mil. “O impacto financeiro é catastrófico. Para reverter essa realidade, é preciso investir em política de segurança pública e não aumentar os investimentos em saúde”, destaca. Impacto financeiro 1,2 mil reais é o custo diário da internação de uma vítima de acidente de trânsito com ferimentos de média complexidade que não precise de um procedimento cirúrgico 600 reais é o valor da permanência diária de uma pessoa na enfermaria. Muitas vezes, o paciente se aposenta ou se afasta do trabalho, recebendo auxílio-doença por até anos FALHA HUMANA 90% dos casos são infrações De acordo com o coronel Túlio Studart, comandante da Polícia Rodoviária Estadual (PRE), os acidentes de moto têm evoluído bastante nos últimos anos. Entre todos os motivos que acarretam esse acidentes como, por exemplo, o fator climático, más condições da malha viária e ausência de fiscalização, a falha humana está em primeiro lugar. Quase em 90% dos casos de acordo com os relatórios da Polícia Rodoviária Estadual. “Na avaliação dos relatórios que faço diariamente, a maioria dos acidentes é provocado por infrações de trânsito, e, muitas vezes, o próprio crime de trânsito, como alta velocidade e efeito da bebida alcoólica”, ressalta Túlio Studart. Ainda segundo o comandante da PRE, as infrações mais graves, que também são grandes causadoras de acidentes nas rodovias, são condutores que não possuem a habilitação e motociclistas dirigindo sem o capacete. Túlio Studart afirma que a única maneira de reverter essa realidade é aumentando de fiscalização. De janeiro a 19 de setembro deste ano, já foram apreendidos cinco mil e 16 veículos por infrações graves, sendo 2.203 motos, 2.100 carros e 713 mobiletes. “Infelizmente a educação no trânsito só funciona para crianças e adolescentes, já no caso dos adultos só a fiscalização funciona. Não ficamos felizes em apreender tantos veículos, gostaríamos que esse número fosse bem menor”, destaca. Fonte: Diário do Nordeste

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