Acidente em Curitiba: investigações apontam que motorista não sofreu mal súbito ao volante; ela segue presa
As investigações em torno do acidente de trânsito que matou uma pessoa e deixou outras quatro feridas na Praça Tiradentes apontam, inicialmente, que a motorista envolvida não sofreu um mal súbito ao volante. No entanto, o delegado responsável pelo caso afirmou que “nada impede que essa prova seja produzida durante a tramitação do inquérito policial”. O acidente foi registrado nesta sexta-feira (6), na região central de Curitiba (PR).
Em depoimento, porém, a motorista afirmou ter tido uma espécie de “apagão” enquanto dirigia e, por isso, perdeu o controle da direção, invadiu uma calçada e colidiu contra uma unidade da Lojas Pernambucanas. Um vídeo registrado por câmera de segurança mostra a motorista trafegando na contramão antes da colisão.
“Ela foi presa em flagrante por homicídio culposo, com causa de aumento por ter sido praticado em cima de uma calçada. Com as provas que foram produzidas ontem [sexta-feira, 6], não ficou claro e não há provas de que de fato ela sofreu um mal súbito. Nada impede que essa prova seja produzida durante a tramitação do inquérito policial”, disse o delegado Edgar Santana, em coletiva de imprensa neste sábado (7).
Segundo Santana, até o momento, a Polícia Civil considera que “houve negligência e imprudência” por parte da motorista. A mulher alegou na delegacia, logo após deixar o hospital, que faz uso de medicamentos controlados. Os remédios mencionados por ela serão periciados a fim de saber se as substâncias possuem potencial para afetar a capacidade psicomotora da motorista. Ela foi submetida ao teste de bafômetro, que não indicou o consumo de bebidas alcóolicas.
A mulher não tem direito à fiança neste momento e seguirá presa até a audiência de custódia, que deve ocorrer nos próximos dias. “Com base nas provas produzidas e principalmente os depoimentos dos policiais e testemunhas que presenciaram o fato, entendemos, sim, que há indícios razoáveis de autoria e materialidade”, afirmou Santana.
A prisão da mulher já foi comunicado ao Poder Judiciário e ao Ministério Público.
Filha de idosa morta no acidente pede justiça
A filha de Vidalina Rates, de 66 anos, idosa que morreu no local do acidente devido ao atropelamento, lamentou o episódio e cobrou justiça. A mulher sofreu uma parada cardiorrespiratória após ser atingida pelo automóvel.
“Ela não merecia isso. Eu soube que tentaram de tudo [para reanimá-la], mas não conseguiram. Só quero justiça e vamos atrás disso. Ninguém entrou em contato. Tivemos que ir atrás. Eu não soube por ninguém o que tinha acontecido. Tivemos que ligar para os hospitais”, lamentou a filha da idosa, Alexandra Ferri, em entrevista à Banda B.
Segundo Alexandra, a demora da mãe para chegar em casa gerou preocupação, embora ela costumasse frequentar a região central de Curitiba. “Sentimos falta, e ela não era de fazer isso”, acrescentou. Vidalina vivia em um município da região metropolitana da capital paranaense e era aposentada.
“Estou com meus irmãos e o neto dela que vai nascer, mas não vai conhecer. Ela já tinha uma neta e está vindo outro”, disse Alexandra, que se encontraria com a mãe neste fim de semana.
O acidente
Uma câmera de segurança flagrou o acidente que matou Vidalina Rates na rua Monsenhor Celso, no centro de Curitiba. Nas imagens, é possível ver que a motorista do veículo Jeep Compass surge trafegando pela rua Barão do Cerro Azul na contramão e invadindo uma calçada, em frente a uma loja da rede Pernambucanas.
A motorista do carro responsável pelo acidente foi hospitalizada e, em seguida, levada para a Delegacia de Delitos de Trânsito (Dedetran), onde passou a noite presa.
De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde do Paraná, uma mulher, de 32 anos, que foi atropelada, segue internada em estado gravíssimo no Hospital do Trabalhador.
Outras três pessoas foram encaminhas ao Hospital Evangélico. Duas já receberam alta e uma permanece internada.
Acidente semelhante em 2010
Há 13 anos, um acidente de trânsito semelhante ao registrado nesta sexta-feira (6), na Praça Tiradentes, aconteceu no mesmo endereço. À época, um ônibus da linha Colombo/CIC invadiu a calçada e uma unidade da Lojas Pernambucanas, deixando mais de 30 feridos e duas pessoas mortas. O caso foi registrado em junho de 2010.
As vítimas que morreram em decorrência do acidente foram identificadas como Edson Pereira da Silva, de 55 anos, e Carlos Alberto Fernandes Brantes, de 63. Um deles chegou a ser encaminhado ao hospital de helicóptero, mas não resistiu. As demais vítimas, que sofreram ferimentos, foram encaminhadas a diferentes hospitais de Curitiba.
Edson foi atropelado enquanto aguarda um ônibus em um ponto situado em frente à loja de departamentos, e Carlos foi atingido pelo veículo enquanto caminhava pelo local.