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23 de outubro de 2024

Artigo: O Milagre do vírus


Por Artigo Publicado 29/06/2020 às 18h56 Atualizado 08/11/2022 às 21h47
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A história da civilização mostra que grandes desastres naturais trazem lições que acabam absorvidos pela sociedade e transformados em conquistas.

 

J. Pedro Corrêa *

Foto: Pixabay.com

A história da civilização mostra que grandes desastres naturais ocorridos ao longo do tempo deixam um rastro de destruição, de problemas, mas geralmente também trazem benefícios e lições que acabam absorvidos pela sociedade e transformados em conquistas.

Passados três meses de enfrentamento e dissabores provocados pelo COVID-19 talvez não seja ainda a hora de fazer um balanço final (afinal, não sabemos ainda o que está por vir) mas já é possível mencionar algumas boas lições trazidas pelo vírus e provavelmente saudar uma importante e inesperada vitória conquistada na área da segurança no trânsito no País.

O fato de ter obrigado boa parte da sociedade a ficar trancada em casa, em respeito ao isolamento social, provocou um fenômeno que, de outra forma, dificilmente poderia ocorrer. As pessoas tiveram de inventar alguma coisa para encher o tempo ou, em muitos casos, para conseguir ganhar algum dinheiro para suportar as adversidades usando as mídias sociais pela Internet.

Foi nesta esteira que começaram a surgir as LIVES, transmissões pela Internet de debates sobre temas relacionados ao trânsito com ênfase na segurança, educação, legislação, fiscalização, enfim, a tudo que diz respeito ao trânsito e ao transporte.

 

Na minha opinião, este foi o milagre: foi preciso surgir o vírus para promover um grande encontro da comunidade do trânsito no País.

Durante meus 30 anos de atuação no setor, nunca vi tanta discussão procurando atrair atenções dos internautas reclusos. Em todas as regiões do país influenciadores buscavam convidados, especialistas, consultores em trânsito para opinar sobre as diversas facetas do trânsito e sempre envolvendo os internautas em casa.

Foi aí que nos demos conta de quem são “autoridades” do nosso trânsito, aqueles que se dispõem a contribuir para o melhor esclarecimento da sociedade sobre abordagens diversas do sagrado direito de ir e vir. Sempre defendi que nosso trânsito precisa de “Pelés e Garrinchas”, isto é, porta-vozes que possam falar do assunto nas muitas oportunidades que sempre surgem.

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Fico com a clara sensação de que esta intensa repetição de debates com envolvimento do público foi importante para mostrar que, sim, o trânsito tem seus interlocutores, ainda que, lamentavelmente praticamente não tivesse visto autoridades governamentais no centro das discussões. Isto pode significar que nossas autoridades parecem não estar muito cotadas por aqueles que comandam as lives na mídia social. Se isto for verdade, é péssimo indicador.

Considero como muito importante esta série de debates porque trouxeram muito mais brasileiros para a discussão sobre o trânsito. Defendo há muito tempo que cultura de segurança no trânsito só vai se afirmar quando conseguirmos levar o tema trânsito para o café de manhã, almoço e jantar da família brasileira. Durante a quarentena demos um bom empurrão nesta direção e isto para mim é um ponto vitorioso diante da goleada que sofremos para o vírus.

Resta saber o que, na prática tiramos de lição desta pandemia. Quando ela terminar é que veremos o que de fato aprendemos e colocaremos doravante em prática em relação ao trânsito. Vimos, claro, que um trânsito mais calmo ameniza bastante a vida do brasileiro e oferece possibilidades para outros modais crescerem para benefícios de todos. A questão, agora, é como conseguir manter algum ganho após a pandemia.

Temo, contudo, de que o novo normal do trânsito não será muito diferente do velho normal e que tudo não passou de uma tempestade que terá terminado sem que a bonança tenha chegado ao trânsito. Afinal, não tenho visto sinais tanto nas áreas de governo quando do cotidiano das cidades e da sociedade que justifiquem um entusiasmo maior com prováveis futuras mudanças.

Se não fizemos quase nada, como esperar novidades pela frente? Se sempre fizemos as coisas do mesmo jeito porque esperar resultados diferentes?

Ainda dá tempo de mudar!

* J. Pedro Corrêa é Consultor em programas de trânsito

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