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Artigo: ONGs do trânsito


Por Artigo Publicado 09/02/2021 às 21h00 Atualizado 08/11/2022 às 21h34
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O artigo de J. Pedro Corrêa aborda os serviços das ONGs, OSCIPs e serviços voluntários ligados ao trânsito durante a pandemia do Covid-19 e principalmente o que ainda podem fazer.

J. Pedro Corrêa*

ONGs do trânsitoFoto: Arquivo Tecnodata.

Faz um ano que a pandemia do Covid-19 surgiu e o mundo inteiro continua se debatendo para livrar-se deste mal que provocou estragos impensáveis em todos os países, ricos ou pobres. Mesmo nas nações mais poderosas, a devastação deixará marcas que nunca mais serão esquecidas. No Brasil não será diferente. O “Salve-se quem puder” tomou conta.

Creio que, além das imensas perdas humanas, a marca que ficará para a história do ano de 2020, o ano da pandemia, será a da solidariedade, da ajuda aos necessitados nesses momentos tão difíceis e tão importantes. O sacrifício a que foram submetidas algumas categorias profissionais, notadamente a da medicina (mas não só ela, por favor!) foi algo extraordinário pois, como numa guerra, muitos tombaram nos campos de batalha. Os meios de comunicação mostraram bem o esforço desta gente que lutou e ainda luta bravamente para combater um inimigo que não dá trégua.

Comecei então a pensar nas ONGs e nos serviços voluntários que possuímos em grande número pelo País: o que fizeram ou ainda fazem na relevante tarefa de procurar diminuir a dor e as dificuldades dos que foram mais atingidos pelo vírus.

Constatei que, apesar de não ter sido um trabalho de maior monta, em razão das inúmeras dificuldades, eles fizeram bastante coisas.

É bom ressaltar que, aqui não me refiro apenas aos hospitais de caridades, às Santas Casas que continuam exigidos à exaustão, mas a todas as instituições assemelhadas como OCIPS, grupos de voluntários e outros.

Em agosto passado a plataforma Atados, na Internet, promoveu um encontro online de ONGs brasileiras para saber como estavam atuando para ajudar na pandemia. Participaram 55 voluntários, de 47 organizações de 5 estados que mostraram bastante do que estavam fazendo, as dificuldades que enfrentavam assim como a disposição de continuar na luta, arregimentando outros voluntários. Serviço notável e inesquecível.

Óbvio que eu tinha interesse especial em ver quantas dessas ONGs se dedicavam ao trânsito, mas não encontrei.

Delas, anotei apenas a Criança Segura, mas com um trabalho fora do trânsito (uma campanha de arrecadação para o combate de acidentes domésticos infantis durante o período de quarentena). Fiz outras buscas na Internet, vi muito pouco, quase nada, o que não me surpreendeu pois já havia pesquisado noutros países e os resultados também foram pífios na área da segurança no trânsito.

Neste sentido, sinto pena que não tenhamos tido no trânsito nenhum grande trabalho para mostrar na luta contra a Covid-19. Pode ser até que tenha havido alguns, mas não registrados na Internet ou não captados por mim.

O trabalho voluntário que mais me impressionou desde o ano passado foram as dezenas de lives organizadas por administradores de grupos de discussão na Internet que fizeram um serviço maravilhoso.

Creio que o trânsito nunca foi tão discutido nas últimas décadas como durante esta pandemia.

Este movimento, não programado, não liderado permitiu a discussão de trânsito a partir de inúmeras formas de abordagem. Cada live tinha centenas ou quem sabe até milhares de seguidores localizados nos mais diversos cantos do país e isto é impressionante.

A partir deste começo de ano observou-se uma redução considerável destes eventos pela Internet, mas não é impossível que retornem, quem sabe, com novas abordagens e trazendo à tona novos personagens, o que seria muito bom para reaquecer o debate.

Precisamos sempre de novos atores, novas ideias, novos conceitos como forma de pensar o trânsito do futuro imediato e de longo prazo. Aos poucos vamos nos habituando com a ideia de que o “novo normal” é o que já estamos vivenciando agora mas se queremos algo mais, é preciso que lancemos novas ideias para debates e principalmente para que sejam implementadas.

Veja outros artigos do autor:

Artigo: Sinistro de trânsito 

Artigo: Cidades a 50 Km/h 

Repetindo o que dissemos há algum tempo: não podemos prever o futuro, mas, com certeza, podemos influenciá-lo.

Ainda com relação às ONGs, OSCIPs, serviços voluntários nas áreas de trânsito que, eventualmente tentaram, mas não conseguiram dar suas contribuições ao combate à Covid-19: ainda há tempo, a pandemia não acabou (vai longe, ainda) e há inúmeras possibilidades a espera de atores.

O trânsito é uma agenda aberta, permanente. Mesmo nos países mais adiantados, todos os dias surgem novas necessidades. Num país como o Brasil, as necessidades estão escancaradas em todos os subsetores do trânsito: na educação, na engenharia, na fiscalização, na capacitação daqueles que se ocupam do setor, na comunicação, na própria criação de serviços voluntários para ações específicas, enfim, há opções para todos os gostos. É só escolher.

Aliás, é preciso enfatizar que temos relativamente poucas ONGs, OSCIPs e organizações voluntárias dedicadas ao trânsito. Aqui está uma boa oportunidade de identificar uma área de atuação e partir para a ação. Exemplos?

Atualmente estamos acompanhando os municípios brasileiros decolarem no início de nova gestão com novos prefeitos e novas equipes de comando: que novos desafios eles têm e como podemos ajudá-los? O Denatran precisa colocar em ação o seu PNATRANS: em que medida podemos dar uma contribuição? A ONU/OMS estão incentivando a 2ª Década Mundial de Ações de Trânsito: de que forma podemos colaborar? Isto apenas para citar exemplos locais, nacionais ou mundiais.

Não podemos ficar esperando pelo novo normal para começar a (re)agir.

O momento de mobilizar a sociedade (e os governos) é agora. Afinal, como temos aprendido com o passar do tempo, “o ontem é história, o amanhã é incógnita, mas o hoje é uma dádiva. É por isso que se chama presente. ”

* J. Pedro Corrêa é consultor em segurança no trânsito

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