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06 de outubro de 2024

Câmbio CVT é nova ‘tendência’ nos carros brasileiros após novas regras


Por Mariana Czerwonka Publicado 18/12/2012 às 02h00 Atualizado 08/11/2022 às 23h54
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Segundo especialistas, sistema reduz até 10% consumo de combustível. Saiba o que é câmbio manual, automático, automatizado e overdrive

O câmbio CVT chegou aos carros em 1960, mas só agora, em 2013, terá um papel importante na indústria automobilística nacional: reduzir o consumo de combustível para atender às novas normas estabelecidas pelo Inovar Auto — regime automotivo brasileiro, que entra em vigor a partir de janeiro do ano que vem. Mas o que é o câmbio CVT e qual a diferença para o manual, automático e automatizado? A pedido do G1, especialistas explicam cada uma das tecnologias que não, necessariamente, são melhores ou piores.

As características de cada uma são bem distintas e, por isso, o que vai determinar a vantagem é o objetivo da montadora ou do consumidor. No caso do CVT, trata-se de uma transmissão que consome 10% menos combustível do que a manual e 8% menos do que a automática, de acordo com o engenheiro da Toyota e diretor da Associação de Engenheiros Automotivos (AEA), Edson Orikassa.

“Hoje, os câmbios automáticos estão mais econômicos do que os manuais”, destaca o engenheiro. Segundo ele, a transmissão automática “normal”, ou mesmo a automatizada, reduz em 2% o consumo de combustível na comparação com a manual.

CVT

O CVT (Continuously Variable Transmission) oferece relações de marcha continuamente variáveis, ou seja, pode-se dizer que este tipo de transmissão tem marchas infinitas. Isso é possível porque esta tecnologia não possui engrenagens, exatamente o que a difere de um câmbio automático tradicional. O câmbio CVT possui duas polias de diâmetro variável, unidas por uma correia metálica de alta resistência. Dessa forma, o sistema permite uma aceleração contínua, sem trancos, o que dá a impressão de que o carro nunca troca de marchas.

“Esta é uma solução muito apropriada para carros com motorização até 2.5 litros. Mais do que isso, o custo deste tipo de transmissão fica muito caro”, afirma o engenheiro e conselheiro da Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE Brasil), Francisco Satkunas.

Os modelos com câmbio CVT vendidos no Brasil atualmente são o Nissan Sentra, Renault Fluence e Jeep Compass, todos importados. A expectativa é que, ao oferecer economia de combustível, esse tipo de câmbio seja cada vez mais adotado, fazendo com que o volume de produção nas montadoras seja suficiente para o custo desse tipo de tecnologia cair. E é exatamente isso que o Inovar Auto quer estimular.

Câmbios manuais x automáticos

A diferença básica entre uma transmissão manual e a automática é que a primeira trava e destrava diferentes sequências de engrenagens dentro da caixa de mudanças e, assim, permite diversas velocidades. Para fazer as trocas, o sistema manual possui a embreagem. Ela acopla e desacopla o conjunto. Os câmbios manuais mais modernos já vêm com seis marchas ou mais, o que também ajuda na economia de combustível.

Já a transmissão automática traz um conjunto de engrenagens “planetárias”, que é um jogo igual ao das engrenagens utilizadas na manual, mas concentrado em uma única peça. Para que o sistema funcione, existe um componente chamado de conversor de torque, que faz a função de embreagem. Este item faz um acoplamento hidráulico que permite que o motor gire de forma independente da transmissão.

Assim, se o motor girar mais lentamente, a quantidade de torque que passa pelo conversor é menor. Se o motorista acelera, o motor bombeia mais fluido para dentro do conversor de torque, o que faz com que essa força seja transmitida às rodas. “A vantagem das transmissões automáticas e automatizadas no trânsito é o que tem popularizado este tipo de tecnologia”, avalia Satkunas.

Hoje, os carros podem contar com transmissões automáticas de até 8 velocidades. Essa transmissão, especificamente, foi desenvolvida pela empresa ZF e já equipa os modelos Range Rover Sport, Volkswagen Amarok, Chrysler 300 Luxury Series, Bentley Continental GT Speed, entre outros.

A tecnologia traz o recurso “Block Shifting”, que reduz, por exemplo, de 8ª para 4ª marcha, dependendo da demanda. Outra tecnologia faz com que a transmissão corte a aceleração quando detecta que o motor está na rotação ideal para o torque que foi entregue. As vantagens da transmissão de 8 velocidades são as mudanças de marcha mais rápidas e suaves e a melhor eficiência de combustível.

Câmbio automático sequencial

Existe ainda uma variação do câmbio automático chamada de “automático sequencial”. Esse tipo de câmbio é um modelo automático que tem como opção as trocas manuais, ao comando do motorista. Porém, esse “manual” só troca as marchas em sequencia, ou seja, não dá para ir da terceira para quinta sem passar pela quarta, por exemplo. Essas trocas podem ser feitas pela alavanca (sentido “+” e “-“) ou por borboletas no volante. É por causa dessa opção, que muitos confundem o câmbio automático sequencial com os automatizados. Mas uma tecnologia é diferente da outra.

Câmbios automatizados

As montadoras desenvolveram os câmbios automatizados em parceria com seus fornecedores para ajudar o motorista a descansar o pé esquerdo, mas sem gerar grandes custos, o que encareceria o produto. Cada uma delas dá um nome para o seu sistema, como acontece com os motores bicombustíveis. Na Fiat, o câmbio automatizado é o Dualogic; na GM, Easytronic; e na Volkswagen, I-Motion, por exemplo.

Os câmbios automatizados têm a mesma dinâmica do câmbio manual tradicional. No entanto, recebem a ajuda de uma embreagem automática e da centralina, dispositivo que trabalha o engate das marchas. Por isso, também não há pedal de embreagem e os comandos da alavanca são os mesmos de um câmbio automático sequencial. Na prática, o motorista tem todas as facilidades do câmbio automático, mas com preço e manutenção mais baratos. Em alguns modelos, a troca de marchas também podem ser feitas por meio de borboletas no volante.

No entanto, as transmissões automatizadas têm respostas mais lentas e os “trancos” são mais sentidos. Para reduzir isso, a opção atual das montadoras é a adoção da dupla embreagem, como no novo Ford EcoSport, embora essa tecnologia gere um custo adicional. Com ela, o desempenho fica mais parecido com o de um câmbio automático. Com tal recurso, é possível aplicar os câmbios automatizados em carros mais potentes sem perda do desempenho.

A dupla embreagem surgiu para veículos de competição, que necessitam de troca de marchas mais rápida. Ela trabalha com dois conjuntos de disco de fricção. Um deles agrega as marchas pares, o outro, as ímpares. “Quando a primeira está engatada, a segunda já é colocada ‘em espera’ na outra embreagem e, assim, sucessivamente”, descreve Satkunas.

Conforme o motorista aumenta a pressão no acelerador, os engates e desengates são feitos de forma muito mais rápida. Todo o movimento é controlado eletronicamente. Com isso, a marcha não “arranha”, como acontece em um carro normal e o consumo de combustível também é reduzido.

Overdrive

Há ainda um recurso chamado overdrive, utilizado por poucos carros atualmente. Nada mais é do que um “alongador” de marcha — o mecanismo permite um ajuste “artificial” para o carro manter a velocidade em baixa rotação, aproveitando melhor o combustível. “Isso era muito usado antigamente, quando as transmissões automáticas tinham apenas 3 marchas”, explica Orikassa.

Fonte: Auto Esporte

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