Cidades ignoram benefícios da tecnologia para o trânsito
FGV entrevistou representantes de 31 municípios com mais de 200 mil habitantes no país
Menos de 20% das grandes cidades brasileiras utilizam as tecnologias para o controle de trânsito. Quando se fala em monitoramento de crimes, são 10%. Preliminares, os dados são de uma pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) Projetos, que será divulgada nesta terça no Rio de Janeiro.
O estudo foi feito por meio de um questionário estruturado, enviado aos representantes – principalmente secretários de planejamento e de urbanismo – das cidades brasileiras com mais de 200 mil habitantes. De um total de 133, somente 31 municípios responderam às perguntas. Desses, 19 eram capitais, mais o Distrito Federal.
O trabalho revela que 50% das cidades pesquisadas usam algum tipo de tecnologia em seu planejamento estratégico. Por outro lado, esse uso ainda é muito limitado. “Eles estão usando em um patamar inicial, que é colocar informações à disposição do cidadão. Nos sites das prefeituras, o morador consegue ter algumas informações de serviços como, no máximo, pegar um recibo de IPTU”, explica Carlos Augusto Costa, diretor adjunto de mercado da FGV Projetos. Ele afirma que poderiam fazer melhor se incluíssem no canal informações como os horários em que os ônibus passam em uma determinada estação, por exemplo.
A pesquisa tem exemplos bem-sucedidos, como a cidade gaúcha de Porto Alegre, que tem sensores nas ruas para monitorar fluxo de veículos e melhorar a abertura e o fechamento de semáforos. No Rio de Janeiro, o Centro de Operações do Rio (COR) monitora o trânsito e libera informações em seu site e Twitter para os cidadãos.
Assim, as capitais e as grandes cidades brasileiras ainda estão longe do conceito das chamadas “smart cities”. “As cidades inteligentes são mais humanas, criativas, resilientes, mas, sobretudo, são cidades que vão aprendendo a ser mais dinâmicas e vão gerando coisas novas que melhoram a vida do cidadão”, explica Costa.
Os resultados trazidos pela pesquisa surpreenderam os envolvidos. “Cem por cento dos gestores têm consciência de que é necessário planejamento. Os números relativos ao uso das tecnologias ainda não representam um bom percentual, mas eu considero como um começo”, afirma Costa.
Fonte: O Tempo