Jovens em situação de vulnerabilidade vão estagiar no Detran/RJ
Jovens que vivem em situações de vulnerabilidade em comunidades do Rio de Janeiro vão começar a desempenhar funções no Departamento de Trânsito do Estado do Rio (Detran-RJ). Um convênio do órgão com a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos do Rio vai permitir que, até o fim do ano, 245 adolescentes atuem em diversas funções, em áreas como informática, habilitação, controle interno, recursos de multas e ainda em educação para o trânsito.
Na assinatura do convênio, firmada no início do mês pela secretária e presidente da Fundação para Infância e Adolescência (FIA), Fabiana Bentes, e pelo presidente do Detran-RJ, Luiz Carlos Neves, estavam presentes 35 jovens que fazem parte da primeira turma dos estágios práticos de rotinas administrativas no órgão.
Oportunidade
A aposentada Maria Teresa Mesquita, de 74 anos, estava na cerimônia para acompanhar o neto que mora com mãe em Bento Ribeiro, na zona norte. “A gente não tem dinheiro para pagar os cursos. Ele conserta celulares e lá vai poder fazer informática e crescer. A gente quer que ele cresça. Eu estou aposentada e ganho pouco é uma oportunidade que vai depender agora dele se empenhar mesmo para seguir carreira, porque ele tem chance”, disse, revelando ainda que estava muito feliz.
Pedro Henrique Marcelo de Souza Santos, 16 anos, mora na comunidade Chapéu Mangueira, no Leme, zona sul do Rio e estuda na escola Roma da rede pública, em Copacabana. O jovem está ansioso para começar na sua primeira experiência de trabalho.
“Essa é uma experiência boa para mim. Eu estudo de manhã e saindo da escola vou trabalhar”, comentou o rapaz, que pretende seguir a carreira militar no Exército, mas também pensa em fazer um curso de intercâmbio no exterior. “Para ter uma vida melhor”.
O estágio vai começar na terça-feira (16), mas na véspera todos vão passar por um processo de ambientação para conhecer todas as instalações do Detran. A maior parte vai estagiar na sede do órgão, no centro do Rio.
Durante um ano, os jovens vão desempenhar funções em um dos dois turnos de quatro horas. O da manhã é das 9h às 13h e o da tarde de 14h às 18h. O horário foi escolhido para permitir que no outro turno os jovens possam frequentar as suas escolas.Pelo trabalho, vão receber uma bolsa de R$ 400, e ainda auxílio para o transporte, de R$100, e para alimentação de R$50.
Vulnerabilidade
A secretária informou que a FIA tem outro convênio em funcionamento, pelo qual 120 jovens fazem estágios na Procuradoria-Geral do Estado. “A gente quer ampliar não só para outras secretarias como para a iniciativa privada. Esses jovens não fazem parte do Programa Jovem Aprendiz, que é um processo de seleção de alunos que estão estudando. O nosso, da Fundação, são jovens que estão em medidas socioeducativas, com vulnerabilidade social maior. São jovens que precisam de suporte. Não é uma oportunidade de emprego é de suporte de um órgão para fazê-los sair de um ambiente de vulnerabilidade, principalmente, de medidas socioeducativas, voltar a ser inserido para que tenha uma possibilidade de futuro”, afirmou Fabiana Bentes.
“Acho que eles estão ansiosos para começar. É um momento de renovação e de esperança, porque a gente está em um estado muito violento, com muita gente desempregada e em uma situação crítica, então esses 35 jovens inicialmente e mais 210 até o final do ano é oportunidade mesmo. Eles reconhecem nesse programa uma forma em que eles dizem que precisam disso”, completou a secretária.
Carreira
Para o presidente do Detran/RJ, há uma possibilidade de despertar nos jovens a escolha das carreiras que pretendem seguir, uma vez que o órgão atua de maneira multidisciplinar com diversas funções.
“Tem uma série de disciplinas e carreiras que estes jovens podem despertar e seguir para um caminho escorreito, que fuja dessa vulnerabilidade e de um ambiente, provavelmente, hostil. Eu estudei em escolas públicas e tive esta oportunidade. No Detran, os meus estagiários conseguiram ocupar um cargo. Hoje o assessor da presidência foi estagiário. É importante criar esta oportunidade a possibilidade deles seguirem um caminho do bem”, disse.
Antes de serem selecionados para os estágios todos os adolescentes passaram pelo Programa de Trabalho Protegido na Adolescência (PTPA), desenvolvido pela FIA, para oferecer aos adolescentes em situação de vulnerabilidade oportunidade de inserção qualificada no mercado de trabalho por meio de parcerias promovidas pela Fundação com instituições públicas e privadas. A idade mínima para entrar no programa é 15 anos e durante 4 meses recebem informações sobre cidadania, língua portuguesa, matemática, informática. Depois de passarem pelo estágio, quando completam 18 anos, eles são encaminhados para o programa Jovem Aprendiz.
“A gente trabalha com empresas que tem o Programa Jovem Aprendiz, ajuda a fazer o currículo e encaminha. A gente consegue muitas vagas, mas aí eles estão preparados”, contou a diretora de promoção social da FIA, Tânia Gil Aparecido.
As informações são da Agência Brasil