15 de janeiro de 2025

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15 de janeiro de 2025

A cada 10 minutos, 1 motorista desobedece a Lei Seca no Brasil

Venda e consumo de álcool crescem cerca de 30% no final do ano e colocam autoridades de trânsito em alerta.


Por Assessoria de Imprensa Publicado 16/12/2024 às 08h15
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Lei seca no Brasil
Somente nas rodovias federais, o consumo de álcool provocou 2.866 acidentes com 2.276 feridos e 142 mortos nos nove primeiros meses de 2024. Foto: PRF/Divulgação

A cada 10 minutos, uma pessoa foi multada por desobedecer a Lei Seca nas rodovias federais no Brasil em 2024. Segundo dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF), entre janeiro e setembro, houve o registro de 45.930 mil infrações entre recusa de fazer o teste do bafômetro e constatação de embriaguez. É nesse contexto que órgãos de trânsito e as policiais rodoviárias se preparam para mais um período de festas. 

“O consumo de álcool nessa época do ano cresce muito por causa das festas e isso se traduz em mais imprudência, acidentes e mortes”, comenta a presidente da Associação de Clínicas de Trânsito do Estado de Minas Gerais (ACTRANS-MG) e psicóloga especialista em Trânsito, Adalgisa Lopes. 

Segundo a especialista, além de afetar negativamente funções cerebrais essenciais, comprometendo a coordenação motora, o equilíbrio e a leitura espacial, o álcool deixa os reflexos mais lentos. Além disso, diminui a concentração e capacidade de multitarefa, aumentando significativamente o risco de acidentes. “Além disso, o álcool causa alterações de humor, perda de inibição e discernimento, aumento da agressividade, dificuldades de raciocínio e prejuízos na memória e julgamento. Motoristas sob efeito de álcool são mais propensos a dirigir em alta velocidade e a desrespeitar as leis de trânsito”, comenta Adalgisa.

Leis duras X sensação de impunidade

O Brasil enfrenta um paradoxo. Possui uma das legislações mais rígidas do mundo contra a combinação de álcool e direção, mas ainda registra números alarmantes de acidentes, feridos e mortes causados por motoristas embriagados. Fatores culturais, como o “jeitinho brasileiro” e a banalização do consumo de álcool, especialmente entre jovens, contribuem para a persistência desse problema. 

A alta incidência do consumo de álcool, somada à percepção de impunidade e à leniência na aplicação da lei, reforçam a sensação de que dirigir alcoolizado não acarretará consequências graves. Assim, perpetuando o ciclo de tragédias no trânsito.

Dados alarmantes revelam a magnitude do problema. Somente nas rodovias federais, o consumo de álcool provocou 2.866 acidentes com 2.276 feridos e 142 mortos nos nove primeiros meses de 2024. 

“O consumo de álcool, enraizado na cultura brasileira e associado a momentos de lazer e socialização, mascara os seus efeitos sobre a capacidade de dirigir, como a redução da atenção, reflexos e o aumento da impulsividade. Esse contexto exige uma abordagem multifatorial para combater o problema”, comenta Adalgisa. 

A solução, diz a especialista, passa por uma combinação de ações. Ou seja, aplicação rigorosa da lei seca no Brasil, responsabilização efetiva dos culpados, aumento da fiscalização e campanhas educativas de longo prazo. “Precisamos desconstruir a cultura de permissividade em torno do álcool e direção, conscientizando a população sobre os riscos envolvidos”, diz a presidente da ACTRANS-MG. 

Segundo ela, a educação, iniciada precocemente e com abordagem consistente, aliada a campanhas de conscientização impactantes, com a colaboração do governo, sociedade civil e iniciativa privada, são fundamentais para a construção de um trânsito mais seguro e responsável para todos.

1 comentário

  • Fernando Pedrosa
    17/12/2024 às 06:44

    O mesmo acontece com o uso de drogas. Ambas, álcool e drogas, são substâncias psicoativas que atuam no Sistema Nervoso Central. As diferenças são que o álcool é uma droga lícita e tem instrumentos de identificação de seu uso e, a droga, é ilícita e não há como detectá-la na pista.
    Solução pra isso é o desenvolvimento de ações preventivas que aconteçam ANTES do condutor assumir a direção veicular.
    Defendo a exigência do exame toxicológico para a concessão e a renovação da habilitação e sua aplicação em todos os condutores envolvidos em sinistros de trânsito com mortes e lesões graves.

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