Reprovar no exame prático para primeira habilitação não quer dizer que você será um mau motorista
Quando a decisão de tirar a carteira é tomada, eles são os principais obstáculos a serem vencidos. Os exames do Detran podem se tornar o pesadelo de quem está correndo atrás da primeira habilitação, mas, por conta do nervosismo ou falta de treino, foi reprovado. Nesse momento, o importante é não desanimar, pois há excelentes motoristas que não conseguiram passar de primeira nos teste. Acompanhe as histórias.
Oito vezes perseverante
Não é raro ver frases de efeito que incentivam a determinação na hora de tentar alcançar uma meta pessoal. Mas nenhum chavão substitui um bom exemplo. É por isso que resolvemos contar a história da técnica em segurança do trabalho Paula Bruno, 24. Ela realizou a prova prática do Detran nada menos do que oito vezes, sempre reprovando na hora da baliza. “Na segunda vez que fiz o teste, conseguir estacionar o carro bem e passei na prova. Peguei minha carteira provisória, mas cometi uma infração gravíssima antes de pegar a definitiva”, conta Paula. Resultado: a jovem teve de começar novamente todo o processo para tirar a primeira habilitação. Paula culpa o nervosismo pelo fracasso nas quatro tentativas seguintes. “Nas aulas eu fazia as manobras muito bem e ficava tranquila durante toda a prova prática. Mas na hora da baliza, minha perna começava a tremer e eu não conseguia nem sair do lugar com o carro”. Quando o prazo de um ano dado pelo Detran para que a habilitação fosse emitida sem custos já estava perto de vencer, Paula sentiu a pressão aumentar. “Toda a família estava me pressionando muito. Eu já era até motivo de chacota entre os amigos. Sem contar que o prazo estava vencendo. Se eu não passasse naquele momento, teria que pagar todas as taxas de novo”. Mas finalmente, na sua oitava experiência no exame do Detran, Paula trouxe a habilitação para casa. “Moro no Recife e trabalho em Suape. Precisava muito do carro para me locomover, então tive de ser perseverante. Peguei a definitiva em julho e, modéstia à parte, não tenho medo de enfrentar nenhuma situação no trânsito”, destaca.
Pressão no trabalho
A baliza também foi a carrasca da estudante e atendente de telemarketing Alice Couto, de 20 anos. “Foi uma das piores sensações da minha vida. Meu corpo tremia todo. Fiquei muito desorientada, chegando a esquecer meu RG no Detran e a pegar o ônibus errado para casa”, comenta Alice. E na hora de contar aos amigos do trabalho o resultado negativo do teste prático, faltou coragem. “Fiquei com muita vergonha. Quando eu pedi para faltar de manhã para fazer o teste, uma expectativa foi criada no pessoal. À tarde, assim que cheguei, todo mundo veio logo me dar os parabéns. Aí, tive de mentir”, relata. Após 20 dias, Alice repetiu o exame com mais tranquilidade e garantiu a habilitação. “Cheguei super feliz no trabalho, mas não podia dizer nada a ninguém. Todo mundo achou estranho. Depois de um tempo, expliquei tudo e todo mundo tirou onda”, brinca. A jovem, que já é habilitada há dois anos, tira o trânsito de letra. “Só é entrar dentro do carro e encarar a pista”, finaliza Alice.
Aluno exemplar
Quem se garantiu nos testes do Detran foi o estudante Arlindo Neto, 22 anos. Ele iniciou o processo há cerca de três anos e conta que tudo correu bem. “Acertei todas as 30 questões da prova teórica e fiz o exame prático com muita tranquilidade”, afirma. No entanto, o estudante não possui carro próprio. Segundo ele, a iniciativa de tirar a habilitação aconteceu porque seu primo tem um veículo e seria bom que mais alguém da família soubesse dirigir o carango num momento de necessidade. “Por isso, foram poucas as vezes que rodei com o carro. Hoje, me considero um motorista regular. Poderia ser muito melhor se tivesse mais prática no trânsito”, destaca.
O lado psicológico
Conversamos com a psicóloga Cyntia Monteiro e ela nos explicou que toda situação nova, como os exames práticos e teóricos do Detran, é estressante e provoca insegurança em quem está passando por ela. “Diante disso, é comum o êxito não vir de primeira. Mas isso não deve ser motivo de desistência. É preciso ter em mente que, numa próxima tentativa, a situação já será conhecida e o candidato já estará mais preparado”, afirma a psicóloga. Ela também comenta que, quanto mais pressão psicológica o candidato estiver sofrendo, mais difícil pode se tornar seu sucesso nos testes. “Essa pressão geralmente vem da família e dos amigos e deve ser controlada pelo candidato para que as provas ocorram o mais tranquilamente possível”. Cyntia ainda comenta que muitos pretendentes a motorista chegam ao centro de provas pela manhã e só realizam os testes à tarde. “O desgaste físico também é um obstáculo ao sucesso do candidato. Todas essas situações podem acabar gerando um trauma em quem não passa. A dica é não se deixar abalar. Se avalie, veja no que você pode melhorar e tente novamente até conseguir”, aconselha.
Saiba mais
Primeira habilitação
1º – Testes de saúde (psicológico e médico): Candidato pode ser considerado temporariamente inapto (problemas momentâneos) ou inapto. No caso de inaptidão temporária, o candidato reagenda o exame sem necessidade de pagar nova taxa.
2º – Prova teórica e prática: Em caso de reprovação, o candidato pode repetir o teste (reteste) no prazo de 15 dias. Não há número limite de repetições, desde que dentro do prazo de validade, de 12 meses, para obtenção de habilitação. A cada reteste, é paga taxa no mesmo valor do primeiro teste (R$ 21,50) diretamente nos postos do Detran. O reteste prático é agendado na autoescola e o teórico, em qualquer posto de atendimento do Detran.
Taxas:
Médico R$ 43,04
Psicólogo R$ 43,04
LADV R$ 21,50
1ª habilitação R$ 86,10
Total R$ 193,68
Exame prático em números (De janeiro a junho de 2012)
Homens Mulheres
Inscritos 337.660 (100%) 125.125 (100%)
Aptos 270.024 (79,96%) 83.328 (66,59%)
Inaptos 48.679 (14,41%) 32.378 (25,87%)
Faltosos 18.957 (5,61%) 9.419 (7,52%)
Fonte: Departamento Estadual de Trânsito de Pernambuco (Detran-PE)
FONTE: Vrum