PDL pretende sustar efeitos da Resolução que muda regras da CNH antes mesmo de sua publicação no Diário Oficial
PDL busca sustar a Resolução 1.020/25 do Contran, aprovada mas ainda não publicada, alegando ilegalidades e riscos à segurança viária.

A formação de condutores no Brasil voltou ao centro do debate político e jurídico. Horas após o anúncio de que o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) aprovou a Resolução 1.020/25 — texto que deve alterar profundamente o processo de obtenção da CNH — um movimento no Congresso Nacional promete travar a norma antes mesmo de ela ganhar validade oficial.
Trata-se do Projeto de Decreto Legislativo (PDL) 1031/2025, apresentado nesta segunda-feira (1º) pelo deputado Coronel Meira (PL/PE). O texto pretende sustar integralmente os efeitos da resolução recém-aprovada pelo Contran, fundamentando-se no inciso V do artigo 49 da Constituição, que autoriza o Legislativo a barrar atos normativos do Executivo que excedam seu poder regulamentar.
A iniciativa amplia a já intensa disputa entre Executivo, Legislativo e entidades do setor de formação de condutores, que vêm se articulando para pressionar por mais transparência, diálogo técnico e análise de impacto antes de qualquer mudança no processo da CNH.
Um PDL preventivo: freio antes da largada
O ponto central que chama atenção é o timing: o PDL pede a suspensão de uma norma que sequer foi publicada no Diário Oficial da União. Como a resolução ainda não entrou em vigor, Meira busca impedir que qualquer efeito jurídico seja produzido — um movimento incomum, mas permitido pelo rito legislativo.
Para o deputado, o Contran teria extrapolado sua competência ao aprovar um texto que, segundo ele, “desmonta pilares essenciais do processo de formação de condutores” e interfere diretamente em um setor que emprega mais de 200 mil profissionais.
Principais argumentos: ilegalidade, insegurança jurídica e risco à segurança no trânsito
O documento apresentado pelo deputado traz uma justificativa extensa, com forte crítica ao conteúdo da resolução aprovada pelo Contran.
De acordo com o autor, o ato apresentaria vícios de legalidade, “clara extrapolação do poder regulamentar” e impactos danosos à segurança viária e ao setor de autoescolas.
Entre os principais pontos citados:
1. Extrapolação do poder regulamentar
O PDL argumenta que o Contran teria invadido competência exclusiva do Legislativo ao alterar profundamente regras que deveriam ser discutidas via projeto de lei, não por resolução administrativa.
O deputado lembra que a Câmara criou, em 26 de novembro, uma Comissão Especial para tratar justamente de mudanças na formação de condutores — e que a resolução teria ignorado esse processo político já em curso.
2. Fragilização da formação de condutores
Na justificativa, Meira afirma que a resolução pode comprometer a qualidade da formação e ampliar riscos nas vias brasileiras:
- permitiria que qualquer pessoa ensinasse a dirigir, sem formação pedagógica;
- dispensaria estrutura de CFCs e veículos adequados;
- reduziria a carga prática a níveis insuficientes;
- eliminaria mecanismos de fiscalização essenciais.
Conforme ele, isso pode resultar em uma formação “superficial e insegura”, com impacto direto nos números de sinistros.
3. Riscos econômicos severos ao setor de autoescolas
O texto destaca que a nova resolução poderia produzir um colapso econômico entre CFCs, com queda de faturamento, devolução de valores e ruptura de contratos firmados sob a regra anterior.
O deputado cita relatos de sindicatos apontando queda de até 77,5% no faturamento em cenários de flexibilização, além de demissões e risco de falências em cadeia.
4. Violação de princípios constitucionais
A justificativa menciona princípios como:
- irretroatividade;
- direito adquirido;
- segurança jurídica;
- proporcionalidade e razoabilidade.
Para Meira, ao impor mudanças imediatas e sem transição, a resolução poderia gerar uma “intervenção retroativa indireta” nos contratos já firmados.
5. Análise de Impacto Regulatório (AIR) insuficiente
Outro ponto central do PDL é a crítica à AIR feita pelo Contran, classificada como superficial por não avaliar adequadamente:
- riscos à segurança viária;
- impactos econômicos;
- custos sociais;
- capacidade operacional dos estados.
A justificativa afirma que estudos técnicos robustos seriam indispensáveis antes de alterar um processo tão sensível quanto a formação de condutores.
Disputa institucional se intensifica
A apresentação do PDL 1031/2025 ocorre em meio a um clima de tensão crescente entre o setor de autoescolas, o Contran e o Ministério dos Transportes.
Desde que a proposta começou a circular, entidades representativas vinham alertando sobre os riscos da flexibilização e pedindo a suspensão do texto. Parlamentares da Comissão Especial instalada na semana passada já haviam sinalizado que o Legislativo deveria assumir protagonismo no tema.
A medida de Meira, portanto, não é isolada: é o primeiro passo concreto dentro do Congresso para tentar barrar a norma e fortalecer o papel legislativo no debate.
O que acontece agora?
Com o protocolo do PDL, abre-se um novo capítulo na disputa:
- o texto será distribuído às comissões competentes;
- pode receber pedido de urgência, acelerando sua tramitação;
- é possível votar em plenário ainda este mês, caso haja acordo político.
Como a resolução do Contran ainda não foi publicada, o Congresso tenta agir preventivamente para evitar efeitos imediatos — e, ao mesmo tempo, enviar um recado claro sobre os limites das competências administrativas.
E o setor? Expectativa, cautela e preocupação crescente
Enquanto isso, entidades, instrutores, autoescolas e candidatos vivem um cenário de grande incerteza.
A aprovação da Resolução 1.020/25 já havia incendiado debates sobre temeridade da flexibilização, risco pedagógico e aumento potencial de sinistros no trânsito brasileiro. Agora, com a entrada do PDL 1031/2025, o foco se desloca para o Congresso, que pode:
- sustar integralmente a resolução;
- aprovar ajustes via projeto de lei;
- ou permitir que o texto do Contran entre em vigor, mais adiante, caso o PDL não avance.
A sensação generalizada, no entanto, é de alerta. O setor aguarda ansiosamente a publicação do texto oficial no Diário Oficial — documento que revelará o conteúdo final da Resolução 1.020/25 e permitirá uma análise técnica definitiva.
Até lá, prevalece a cautela.

Ótimo texto Mariana, ainda neste contexto temos o Art 5º XIII e o Art 170º VIII, IX e o parágrafo único da C.F. que diz sobre o exercício do trabalho ou profissão atendidas as qualificações ( em nosso caso a banalização do instrutor ) e o direito ao trabalho que nós geramos e de nosso ofício que foi duramente exigido em estrutura e regulamentações por anos para que uma norma jogue esses avanços em um minuto por questões políticas.
O caos instalado se entrar esta resolução. Imaginem a quantidade de prejudicados. Os alunos de baixa renda, serão ainda mais prejudicados.
O pior é presidente da República q diz ser do partido do trabalhador ,, permiti essa asneira do senhor ministro,,traindo a classe trabalhadora de auto escola,,ano q vem pt não vai ganhar eleições,,eu mesmo não voto nesse traidor ,Luis Inácio da Silva ,,esse Renan filho se Deus permitir ele não será governador de Alagoas como ele aumeja na custa da miséria do instrutores e profissional de auto escola
Também achei o texto muito bom, informativo. Parabéns! Gostaria de comentar também que no site da Câmara dos Deputados já existe votação aberta sobre o PDL 1031/2025, que pretende sustar completamente os efeitos desta Resolução do Contran. Acho que vale a pena entrar lá e registrar o apoio. : )
Infelizmente esse senhor não esta pensando na classe baixa que tira do sustento para tentar uma habilitação como ja fiz varias vezes e ainda não sou habilitada, para quem tem dinheiro e para quem suga de alunos nos cfcs a resolução não vale a pena mesmo. Pela primeira vez o Contran fez uma resolução visualizando os menos favorecidos , esta de parabéns e que seja publicada logo.
Quando é pra ajudar o povo sempre eles arruma um jeitinho de prejudicar,
Eu por exemplo não sou habilitado é meu sonho ,mais do jeito antigo da um desânimo só de pensar na burocracia, são muitas as pessoas q reclamam.tomara que dê certo pra melhora a vida de muitos de nós brasileiros.