06 de dezembro de 2025

PL avança na Câmara e propõe tempo extra nos exames da CNH para pessoas com transtornos de aprendizagem

Proposta amplia o direito a tratamento diferenciado no processo de habilitação e pode garantir mais inclusão para candidatos com dislexia, TEA, TDAH e outras condições.


Por Mariana Czerwonka Publicado 09/07/2025 às 13h30
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CNH transtornos de aprendizagem
O debate sobre acessibilidade e inclusão no trânsito tem se intensificado nos últimos anos. Fotos: Rodrigo Maia/Detran-MS

A Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados aprovou uma proposta que pode representar um importante avanço para a inclusão de pessoas com transtornos de aprendizagem no processo de formação de condutores. O Projeto de Lei 3031/22, originalmente voltado apenas para candidatos com dislexia, foi ampliado para contemplar também pessoas com transtorno do espectro autista (TEA), transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), deficiência auditiva e outras condições similares.

A medida prevê tratamento diferenciado e tempo adicional nos exames exigidos para a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), como as provas de aptidão física e mental, legislação de trânsito, primeiros socorros e direção veicular. Conforme o texto aprovado, caberá ao Conselho Nacional de Trânsito (Contran) regulamentar o tempo adicional e as demais adaptações necessárias.

Igualdade de condições no processo de habilitação

Atualmente, o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) já prevê acessibilidade de comunicação para candidatos com deficiência auditiva, por meio de tecnologias assistivas. O novo projeto expande essa abordagem, buscando garantir igualdade de condições para candidatos com diferentes necessidades cognitivas ou de aprendizagem.

O relator da proposta, deputado Hugo Leal (PSD-RJ), defendeu a ampliação do escopo do projeto.

“Sugerimos que o Contran regulamente outros tratamentos diferenciados para garantir, no processo de habilitação, igualdade de condições a pessoas com necessidades especiais, a exemplo da acessibilidade de comunicação já prevista para os candidatos com deficiência auditiva”, declarou.

Inclusão é também uma questão de segurança

Para o especialista em trânsito Celso Mariano, diretor do Portal do Trânsito, a iniciativa vai ao encontro de um princípio essencial: o direito de todos à mobilidade com segurança. “Incluir é mais do que permitir a participação; é criar as condições necessárias para que a pessoa realmente tenha acesso e possa demonstrar suas capacidades. Isso vale também para o processo de habilitação”, afirma.

Mariano destaca ainda que o tempo adicional nos exames não compromete a exigência técnica nem reduz o rigor do processo de formação, mas respeita o ritmo e as particularidades de quem enfrenta desafios específicos.

“A lógica não é facilitar, mas permitir que a pessoa com um transtorno de aprendizagem tenha a chance justa de demonstrar seu conhecimento e habilidade, sem ser prejudicada por limitações que não afetam diretamente sua capacidade de conduzir um veículo com segurança”, explica.

Próximos passos

O projeto segue agora para a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC), onde será analisado em caráter conclusivo. Se aprovado, poderá seguir direto para o Senado, sem necessidade de votação em plenário na Câmara, a menos que haja recurso.

Caso o texto avance e se torne lei, caberá ao Contran definir os critérios práticos de aplicação. Como, por exemplo, a documentação necessária para comprovação do transtorno e o tempo extra concedido em cada etapa do processo.

Um passo a mais pela equidade no trânsito

O debate sobre acessibilidade e inclusão no trânsito tem se intensificado nos últimos anos. Nesse sentido, a proposta aprovada sinaliza uma mudança importante na forma como o sistema de formação de condutores encara a diversidade.

“Promover um trânsito mais justo passa, também, por garantir que o acesso à habilitação seja viável para todos os cidadãos, dentro de critérios técnicos e humanos. Transtornos de aprendizagem não devem ser barreiras intransponíveis, mas características a serem respeitadas”, conclui Celso Mariano.

Mariana Czerwonka

Meu nome é Mariana, sou formada em jornalismo pela Universidade Tuiuti do Paraná e especialista em Comunicação Empresarial, pela PUC/PR. Desde que comecei a trabalhar, me envolvi com o trânsito, mais especificamente com Educação de Trânsito. Não tem prazer maior no mundo do que trabalhar por um propósito. Posso dizer com orgulho que tenho um grande objetivo: ajudar a salvar vidas! Esse é o meu trabalho. Hoje me sinto um pouco especialista em trânsito, pois já são 11 anos acompanhando diariamente as notícias, as leis, resoluções, e as polêmicas sobre o tema. Sou responsável pelo Portal do Trânsito, um ambiente verdadeiramente integrador de informações, atividades, produtos e serviços na área de trânsito.

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