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O que o Brasil pode fazer para atingir as propostas da Década de Trânsito?


Por Mariana Czerwonka Publicado 25/10/2011 às 02h00 Atualizado 10/11/2022 às 18h46
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Segundo a especialista representante da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Dra. Eugênia Maria Rodrigues, mundialmente, o trânsito é uma das maiores causas de mortes. “90% das mortes e lesões no trânsito ocorrem em países de baixa renda. Isso nos deixa concluir que as mortes não estão relacionadas com a quantidade de veículos. Por que isso está tão determinante em países em que a motorização não é tão alta?”, questiona. A meta da ONU é salvar cinco milhões de vidas em dez anos. “Temos o objetivo claro de estabilizar, reduzir e, depois, mudar a realidade. Os pilares do plano são gestão da segurança no trânsito, vias e mobilidade mais seguras, veículos mais seguros, segurança para todos os usuários e resposta após colisão e atropelamento”, pontua Eugênia. Ela explica o papel do conselho responsável pelas ações que a Opas vai desempenhar na Década. “O nosso objetivo é dar orientação detalhada aos países, possibilitando que eles possam tomar decisões e coordenar atividades de todos os setores. Outra meta é reduzir os fatores de risco e dos elementos de distração, com ênfase para o uso de celular”, detalha. O que o Ministério da Saúde do Brasil está fazendo pela Década? Será que é possível reduzir em dez anos 50% da mortalidade no trânsito? Segundo Otaliba Libânio, representante do Ministério da Saúde, o governo está trabalhando para isso. “A situação atual dá conta que em 2010 morreram mais de 40 mil pessoas no trânsito. O aumento das mortes no ano passado com relação aos três últimos anos é porque houve uma melhora no levantamento, mas também porque os motociclistas morreram mais”, analisa. Nesse contexto, o diretor do Departamento de Análise de Situação de Saúde celebra a Lei Seca, que teve excelente impacto na redução entre 2006 e 2007, mas que, após esse período destacado, teve aumento no número de mortes. “Além disso, foram gastos 187 milhões de reais com internações por acidentes de trânsito. Disso, 45% foram gastos com motociclistas”, expôs. Os compromissos do Ministério da Saúde, segundo Otaliba, se orientam pelo aprimoramento das informações. “Um dos nossos primeiros papeis é ser um forte advogado da integração da base de dados. Outra ação é montar um sistema de vigilância dos fatores de risco, de prevenção e a implementação da rede de atendimento a essas urgências, entre outros”, coloca. O especialista defende maior poder aos órgãos de trânsito, a criação de um observatório de trânsito e de um sistema integrado de informações de acidentes de trânsito com vítima, além de um fundo nacional. “Sobre o observatório, o objetivo é produzir análises das informações integradas, identificar os maiores problemas e recomendar intervenções, ou seja, será uma inteligência do Sistema Nacional de Trânsito para dar suporte aos órgãos”, conclui. “A Década não pode se basear em reduções episódicas”, diz Hugo Leal Para o deputado federal Hugo Leal, autor da Lei Seca e um dos únicos representantes do trânsito no Legislativo, a grande importância dessa revolução é a mobilização, mas ainda há lacunas. “Como vamos chegar a esse resultado? Tudo o que foi exposto aqui precisa ser aplicado. O que vamos realmente fazer? Não podemos viver no país com essas situações episódicas ou até mesmo de impulso. As duas reduções de acidentes significativas que tivemos no Brasil foram na implantação do novo CTB [Código de Trânsito Brasileiro] e da Lei Seca”, pontua o deputado. E indaga: “então, por que temos uma redução logo que a lei entra em vigor e depois tudo volta ao normal?”. Segundo Leal, o impacto da lei é que causa essa redução. “O que vai acontecer comigo? Será que eu vou perder a carteira, serei preso? O desconhecimento leva à prevenção”, relata. “Muita coisa foi feita. Já temos diagnósticos para saber como agir, temos projetos. Agora, o que nos falta é colocar em prática”, encerra. Fonte: Paranashop

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