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OMS cobra mais ações para a prevenção dos acidentes de trânsito


Por Mariana Czerwonka Publicado 04/10/2012 às 03h00 Atualizado 09/11/2022 às 00h02
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Especialistas internacionais e a OMS (Organização Mundial da Saúde) fizeram um apelo nesta quarta-feira (3) para que os países em desenvolvimento implementem políticas efetivas para a redução das mortes e ferimentos causados por acidentes de trânsito.

Segundo a entidade, que realiza uma conferência sobre o tema nesta semana em Wellington (Nova Zelândia), as mortes no trânsito já são superiores a doenças como malária e tuberculose –foram 1,3 milhões de mortes no mundo todo em 2009, e cerca de 50 milhões de pessoas ficaram feridas ou incapacitadas.

A maioria das mortes ocorreu nos países em desenvolvimento. O Brasil ocupa o quinto lugar no ranking elaborado pela OMS, atrás de Índia, China, EUA e Rússia. Um novo relatório sobre a violência no trânsito será lançado em dezembro, mas, segundo especialistas da OMS, o Brasil deve continuar no topo da lista.

De acordo com o último levantamento do Ministério da Saúde, em 2010 as mortes em acidentes chegaram a quase 42,8 mil. A taxa brasileira (22,4 mortes por 100 mil habitantes) é mais que o dobro da média dos países ricos, que implementam políticas de prevenção há décadas.

“O Brasil já adotou algumas medidas, mas por outro lado o número de mortes continua muito alto, então ainda é preciso fazer mais. Uma das coisas é aumentar o trabalho de fiscalização, de colocar em prática as leis que já existem mas que às vezes estão só no papel”, disse Etienne Krug, diretor do Departamento de Prevenção da Violência da OMS. Há dois anos, a ONU estabeleceu a meta de reduzir as mortes no trânsito em 50% até 2020, na chamada Década de Ação para a Segurança no Trânsito.

O governo federal se comprometeu com o objetivo e chegou a lançar um plano nacional em maio do ano passado, mas até hoje não apresentou nenhum balanço das atividades. No mês passado, a presidente Dilma Rousseff anunciou uma nova campanha ao lado de celebridades, mas não especificou ação ou instituições envolvidas. O ministro Aguinaldo Ribeiro (Cidades), cuja pasta é responsável pelas ações de segurança e educação no trânsito, afirmou depois que estão previstos R$ 70 milhões para a campanha até o fim do ano, mas que o plano ainda estava sendo fundamentado.

“O comprometimento político é fundamental para a implementação de políticas de prevenção, assim como um trabalho integrado entre os setores responsáveis tanto pelo gerenciamento do trânsito quanto da saúde pública”, disse Francesco Zambon, coordenador de estatísticas da OMS na Europa. Segundo Krug, as experiências internacionais mais bem sucedidas na redução da violência no trânsito vão além de campanhas educativas. “Se essas campanhas não forem acompanhadas de outras medidas efetivas, os resultados são mínimos e elas acabam sendo um desperdício de verbas.”

Vida no Trânsito

Diante da ausência de metas claras nas campanhas do governo federal, a OMS coordenda desde 2010 um projeto piloto em capitais das cinco regiões brasileiras: Belo Horizonte, Campo Grande, Curitiba, Palmas e Teresina. O objetivo é reduzir as mortes em até 10% em 2013. O Brasil foi um dos dez países em desenvolvimento selecionados para receber parte de uma doação de 125 milhões de dólares feita pela fundação de Michael Bloomberg, prefeito de Nova York.

“Ele pesquisou qual era a ‘doença’ que estava matando mais gente e recebendo menos verba e descobriu que era o trânsito”, disse Krug. O foco do projeto brasileiro, batizado de “Vida no Trânsito”, é no controle da velocidade e da ingestão de bebida. Bafômetros e radares também foram comprados. Policiais, agentes de trânsito e técnicos das cinco cidades estão sendo treinados pela Universidade Johns Hopkins, dos EUA, que também foi contratada para monitorar se o programa está tendo resultados.

Segundo o último balanço, em 2011 houve redução no número de mortos e feridos em quatro cidades, menos Belo Horizonte. Segundo Krug, o Brasil recebeu cerca de 7 milhões da doação. Já o governo federal disse ter liberado R$ 12,8 milhões para todas as capitais e cidades com mais de 1 milhão de habitantes interessadas em implantar o projeto.

Saúde

Segundo pesquisadores, os acidentes de transito são uma importante questão de saúde publica. “Além das mortes em si, há consequências duradouras tanto para a família das vítimas como para a sociedade em geral”, afirma Alexander Butchart, coordenador diretor do Departamento de Prevenção da Violência da OMS. Entre as consequências para as famílias já listadas em estudos está a maior chance de desenvolver distúrbios mentais e outras doenças ligadas ao luto.

Na sociedade, o principal impacto citada pelo coordenador e por outros especialistas é de fundo econômico, já que as mortes no trânsito atingem principalmente os mais jovens, sendo a primeira causa entre pessoas de 15 a 29 anos no mundo todo. A perda prematura de força de trabalho, além dos enormes custos para o sistema de saúde pública no atendimento dos feridos, representam um impacto de cerca de 1% a 3% do PIB mundial. No Brasil, o impacto dos acidentes nas rodovias federais em 2011 foi calculado pelo Ipea em cerca de R$ 15 bilhões.

Economia

É justamente no campo econômico que pesquisadores estão sendo estimulados pela OMS para demonstrar que investimentos na prevenção de acidentes representam economia no orçamento dos governos. “Estudos consistentes mostram que cada dólar investido em ações contra motoristas alcoolizados, por exemplo, representam uma economia de 56 dólares em recursos públicos”, disse Krug, da OMS. Outros estudos apresentados na conferência e embasados pela OMS apontam relações semelhantes, como a de que cada dólar gasto na compra e instalação de radares de velocidade representa 27 dólares de economia.

Fonte: Folha Online

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