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07 de outubro de 2024

ONU premia Brasil por ações no trânsito: o que isso significa?


Por Mariana Czerwonka Publicado 27/09/2019 às 03h00 Atualizado 08/11/2022 às 21h58
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Ações no trânsitoCuritiba é uma das cidades onde o programa Vida no Trânsito está implantado. Foto:Levy Ferreira/SMCS

No último dia 23 de setembro, o Brasil (através do Ministério da Saúde) recebeu o Prêmio da Força-Tarefa Interagências da Organização das Nações Unidas (ONU) pelas ações do governo brasileiro de redução de mortes no trânsito.

Mesmo ainda longe da meta da Década Mundial de Ações para a Segurança no Trânsito, o prêmio foi conquistado porque entre 2010 e 2017, o País reduziu em 17,4% o número de mortes por acidentes de trânsito, de 42.844 para 35.374 óbitos.

O Brasil também foi premiado pelo programa Vida no Trânsito.

Para Celso Alves Mariano, especialista em trânsito e diretor do Portal, essa premiação não combina com o rigor que a OMS tem cobrado o Brasil, quanto às metas da Década e muito menos reflete o momento atual que estamos vivendo no País em relação ao trânsito.

“Reconhecimento é bom e todos gostam. E o Programa Vida no Trânsito merece mesmo. Mas elogios fora de hora podem afrouxar esforços que precisam ser mantidos. Tomemos cuidado para não confundir estímulo com condecoração, prêmio de consolação com vitória. Estamos muito longe, como país, de cumprir a meta da OMS”, explica Mariano.

Vida no Trânsito

Criado em 2010, a iniciativa tem como meta principal a redução de 50% no número de óbitos por acidentes de trânsito até 2020. Para isso, o Ministério da Saúde em parceria com estados e municípios desenvolve ações que vão desde intervenções na engenharia do trânsito, passando por fiscalização, campanhas educativas até ações de atenção às vítimas.

O Vida no Trânsito está implantado em 26 capitais e de outros 26 municípios, alcançando uma população de aproximadamente 50,6 milhões de habitantes. Nas capitais que mais se engajaram no programa, houve redução superior ao índice de 40%, com detaque para Aracaju, com redução de 55,8%; Porto Velho (de 52,0%); São Paulo (de 46,7); Belo Horizonte (de 44,7); Salvador (de 42,7%); e Maceió (de 41,9%).

Dados atuais

Na contramão da redução de mortes e feridos no Brasil, em consequência de acidentes de trânsito, o jornal O Globo divulgou números importantes. De acordo com os dados obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação, após o desligamento dos radares nas rodovias federais, os acidentes considerados graves, isto é, com mortos ou feridos, tiveram alta de 2% entre janeiro e julho deste ano.

Ainda em relação a esses números, um levantamento do SOS Estradas, com base nos dados da PRF, mostra que os acidentes graves subiram de 10.038 para 10.212 ocorrências.  A alta em acidentes graves é a primeira desde 2011.

O relatório mostra também que, entre janeiro e julho de 2019, o número de feridos graves subiu em relação ao ano passado, de 10.141 para 10.436 registros.

De acordo com Mariano, o desligamento dos radares é preocupante e tem impacto direto nas estatísticas.

“Temos que separar as coisas, contratos mal feitos , sem estudo técnico, tem que acabar mesmo, temos que rever essas distorções. Porém, fiscalizar a velocidade é uma das ferramentas essenciais, não tem mágica”, diz.

O especialista sugere, ainda, uma reflexão. “Quem não concorda com isso, faça um exercício bem simples: está na sua mão a responsabilidade de garantir que as pessoas não vão se matar e nem provocar acidentes por abusar da velocidade. Que recurso você utilizaria? Você vai ver que em pouco tempo você estará se convencendo e tentando convencer os outros que tem que ter radar de velocidade, que tem que ter instrumentos que fiscalizem porque tem gente que não obedece”, afirma.

Para Mariano, a realidade é que a minoria de infratores contumazes acaba colocando em risco os demais usuários.

“É assim, eu dirijo direito, mas se alguém que não respeita as leis, ultrapassa o limite de velocidade, essa pessoa está contribuindo para um fator que vai envolver a mim e a minha família num acidente de trânsito. Infelizmente é isso que acontece e é o que presenciamos no dia a dia do nosso trânsito”, conclui o especialista.

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