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Paraíba: superado o luto, é luta!


Por Mariana Czerwonka Publicado 19/11/2012 às 02h00 Atualizado 08/11/2022 às 23h57
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Luiz Carlos Paulino*

Celebra-se no terceiro domingo do mês de novembro, o Dia Mundial em Memória das Vítimas de Trânsito. A data, que em 2005 foi fixada pela Assembléia Geral das Nações Unidas, visa reverenciar as pessoas que morreram em decorrência de acidentes de trânsito. Além disso, tenciona homenagear familiares e todos aqueles que, direta ou indiretamente, restaram afetados pelos infortúnios viários. A solenidade teve origem ainda em 1993, por iniciativa de uma organização beneficente do Reino Unido, a RoadPeace. De lá para cá, a iniciativa vem ganhando cada vez mais repercussão. Para 2012, a reflexão proposta é: “agora é hora para aprender com o passado”.

Trata-se, por conseguinte, de um momento que, sem descurar de homenagear os mortos, chama à responsabilidade toda a sociedade. Nós, todos nós, somos os atores desse trânsito incivilizado, desorganizado e violento. Não existem, com a devida licença dos ufólogos, extraterrestres conduzindo veículos nas vias públicas brasileiras; assim como não existem – pelo menos, não oficialmente –, alienígenas gerenciando órgãos de trânsito neste país.

Em se tratando de trânsito, o Estado da Paraíba é, pelo paradoxo que representa, um caso a ser analisado. Possui uma organização não governamental denominada ONG ETEV (Educar para o Trânsito, Educar para a Vida) que é paradigma de boa atuação no chamado terceiro setor. É composta por cidadãos convictos de que, no contexto do trânsito, podem desempenhar papéis estratégicos na transformação do status quo. Pessoas comuns que, sem experimentar o dissabor do luto pela perda de um parente no trânsito, decidiram ir à luta. O presidente da entidade, o motorista de transporte coletivo Luiz Carlos André, foi um dos vencedores do 18º Prêmio Volvo de Segurança no Trânsito. A ONG criada por cidadãos paraibanos é referência no Brasil e, a convite da Volvo, já apresentou suas ações na Suécia, um dos países mais seguros e mais avançados em matéria de educação para o trânsito.

No outro extremo (alô Poder Público!), a violência no trânsito é preocupante. São emblemáticas condutas criminosas no trânsito como a que vitimou, em simultaneidade, Antônio de Paula Guerra Ramalho, Francisco de Assis Guerra Ramalho e Mateus Cavalcanti Ramalho, fato registrado em 2007. Igualmente, chama a atenção o homicídio contra a defensora pública Fátima Lopes, em janeiro de 2010, e o assassinato da dona de casa Maria José dos Santos, cerca de 4 meses depois, ambas vitimadas pelo ímpeto assassino do mesmo indivíduo. Os jovens Ronaldo Soares e Raíza Guedes, mortos em julho de 2011, ampliam o rol de mortos no fatídico trânsito da avenida Epitácio Pessoa, no centro da capital paraibana. La-men-tá-vel…

No mais, entendo que a imprensa brasileira, a qual tanto já contribuiu para que óbices à cidadania restassem superados, tem legitimidade de sobra para capitanear boas ações preventivas no trânsito. Noticiar a violência no trânsito é importante; abrir espaço para o debate a favor da vida, é, mais que isso, fundamental. Já se disse que, “na vida quanto mais se vive, mais se aprende. No trânsito, quanto mais se aprende, mais se vive”.

Deixo, de propósito, de mencionar a quantidade de pessoas mortas anualmente no trânsito brasileiro e, em particular, no trânsito paraibano. Me abstenho de fazer qualquer alusão às propaladas estatísticas oficiais e devoto o meu seleto silêncio às vítimas e às famílias aqui citadas – e, também, àquelas anônimas –, atingidas pela nossa incúria coletiva e em luta por Justiça.

* Luís Carlos Paulino é subtenente da Polícia Militar do Ceará, bacharel em Direito, especialista em Gestão e Direito de Trânsito, membro da Associação Brasileira de Profissionais do Trânsito (ABPTRAN), articulista da revista Leis & Letras e autor do livro “Trânsito no Brasil: desafios à efetivação do direito de ir e vir e permanecer vivo”.

Contato: transitoseguro@hotmail.com

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