Carros velhos vão sair de linha
O mercado brasileiro vai perder pelo menos cinco carros considerados dinossauros, modelos antigos que até agora resistiram à avalanche de lançamentos promovida nos anos mais recentes pela indústria automobilística. Até o fim do ano saem da linha de produção Kombi, Gol G4, Mille, Fiorino e Courier. Alguns serão substituídos por veículos globais, outros deixarão os consumidores sem nova opção. O fim da produção não é necessariamente por motivo de baixa demanda no mercado, mas incapacidade de evoluir tecnologicamente. O ícone desse grupo é a Kombi. Aos 55 anos, é o veículo mais antigo em produção no mundo e lidera as vendas do segmento de furgões. Apesar da idade avançada, é o furgão mais vendido no País e somente sairá de cena por não ter estrutura para receber airbag e freios ABS, itens de segurança que passam a ser obrigatórios em todos os carros brasileiros a partir de 2014. No ano passado, a Volkswagen vendeu 26 mil unidades da Kombi, o que garantiu ao modelo participação de 33% num segmento disputado por 23 produtos. O segundo colocado, o Fiat Ducato, vendeu menos da metade (10,1 mil unidades), ou 12,9% de um total de 78,7 mil furgões. No primeiro trimestre deste ano, a Kombi teve vendas de 5.390 unidades. Desde o início da produção, em setembro de 1957, foram vendidas no Brasil mais de 1,5 milhão de unidades da Kombi. A Volkswagen ainda estuda uma substituta para a perua, feita em São Bernardo do Campo (SP). “Temos nove meses para definir”, disse em março o presidente da montadora no Brasil, Thomas Schmall, em evento de comemoração dos 60 anos da empresa no País. “A Kombi é única no mercado e não tem um competidor.” Entre as opções citadas por fontes do mercado automotivo está a Transporter T5, van que tem especificações similares às da Kombi na Europa. O grupo pode definir pela importação ou produção em fábricas no Brasil ou na Argentina. Ocorre que qualquer novo produto nesse segmento dificilmente terá preço próximo ao da atual Kombi, um dos seus grandes atrativos. A versão mais em conta é vendida por R$ 45 mil. O Ducato, projeto mais moderno e com maior capacidade, custa R$ 88,9 mil. Entrada. Outro dinossauro, o Fiat Mille, lançado há 29 anos inicialmente como Uno, também está com os dias contados por não atender às novas normas de segurança. Junto com ele, saem o Uno Furgão e a Fiorino. No mercado há 25 anos, a Fiorino é outra líder no seu segmento, o de furgões pequenos, com 44,8% de participação. No ano passado, vendeu 14,3 mil unidades entre nove concorrentes. No passado, o modelo foi exportado para a Europa com airbag, mas o custo para colocar o equipamento na versão brasileira não compensaria, afirmam analistas. O Mille foi mantido no mercado após a chegada do novo Uno, em 2010, como opção de modelo de entrada, o mais barato da marca. Atualmente, tem preço sugerido de R$ 21.990, mais caro apenas que o Ford Ka, vendido a R$ 21,8 mil. O modelo que ganhou o sobrenome Mille em 1990, quando inaugurou o segmento de carros com motor 1.0, responde por cerca de 30% das vendas do Uno. A Fiat só divulga estatísticas da soma de Mille e Uno. Foram 44,3 mil unidades de janeiro a março deste ano e 255,8 mil em 2012. O antigo popular da Fiat, contudo, terá substituto a ser produzido na fábrica de Betim (MG)no segundo semestre de 2014, segundo fontes do mercado. A empresa não comenta o projeto. O Volkswagen Gol G4, o mais novo desse grupo, com apenas oito anos, deixa o mercado para dar espaço ao up!, subcompacto global que a montadora começará a produzir no segundo semestre na fábrica de Taubaté (SP). O G4, vendido a R$ 25,1 mil, é outro que tem a função de disputar o segmento de entrada e foi mantido no portfólio mesmo após a chegada da nova geração do Gol, a G5, em 2008. O G4 representa cerca de 18% das vendas do Gol, também somadas às do G5. O modelo é líder de vendas no País há 26 anos. Em 2012, foram 293,3 mil unidades e, neste ano, até março, 57,2 mil, ou 12,9 mil unidades à frente do segundo colocado, o Uno. A Ford Courier, com 15 anos, sai de linha em razão da pouca procura. Foram vendidas apenas 7,2 mil unidades no ano passado. A líder no segmento, a Fiat Strada, vendeu 117,4 mil. Embora a produção de automóveis sem airbag e ABS seja proibida a partir de 1.º de janeiro, os modelos nas lojas poderão ser vendidos até o fim de março. É possível que, no fim do ano, as montadoras reforcem os estoques desses modelos. Fonte: Estadão.com