Senatran insiste em “uberização” da formação de condutores e apresenta valores de hora-aula acima do mercado
Segundo especialista, em audiência pública na Comissão de Viação e Transportes, secretário Adrualdo Catão apresentou apenas slides com valores irreais e promessa de fiscalização via aplicativo, sem respaldo técnico, jurídico ou político.

Por Alisson Maia*
A audiência pública realizada na última terça-feira (02) na Comissão de Viação e Transportes (CVT) da Câmara dos Deputados evidenciou novamente a falta de consistência da proposta da Senatran para a formação de condutores no Brasil.
O secretário nacional de Trânsito, Adrualdo Catão, apresentou um slide no qual defendeu a atuação de supostos instrutores autônomos – sem direitos trabalhistas, sem salário, sem FGTS, sem INSS e sem seguro – que seriam fiscalizados por meio de um aplicativo. A proposta, além de confrontar a prerrogativa legal dos Detrans em fiscalizar o processo de habilitação, foi criticada por parlamentares e especialistas.
Um dos pontos que mais causou estranhamento foi a exposição de valores de hora-aula de carro a R$ 100,00 e R$ 120,00, quando hoje a média no mercado brasileiro varia entre R$ 50,00 e R$ 70,00.
Para representantes do setor, a lógica da Senatran é contraditória: ao reduzir o número de aulas obrigatórias, a demanda cai e, consequentemente, o preço sobe – exatamente o oposto da narrativa de “baratear o processo” defendida por Catão.
Segundo empresários e especialistas presentes, a proposta representa uma “uberização da formação de condutores”, transferindo a responsabilidade para autônomos sem vínculo, sem segurança e sem o acompanhamento pedagógico garantido hoje pelas autoescolas. “O que se coloca em risco é a vida dos futuros motoristas e a tranquilidade dos pais, que hoje sabem que seus filhos estão sendo formados em ambiente fiscalizado e seguro”, destacaram.
Durante a audiência, nenhum texto, minuta ou proposta formal foi apresentada pela Senatran.
Parlamentares presentes demonstraram desconforto com a postura do secretário e cobraram respeito com o tema, reafirmando que qualquer mudança deverá passar pelo Congresso Nacional.
O setor de autoescolas reforçou que já possui propostas concretas de redução de custos e desburocratização, que serão apresentadas ao governo federal. Para lideranças da área, desde 1997 a educação para o trânsito não recebeu a devida atenção do Estado, e foram justamente as autoescolas que “carregaram sozinhas o compromisso de salvar vidas”.
A conclusão da audiência é clara: sem base técnica, sem apoio político e sem respaldo social, a ideia da Senatran permanece no campo da retórica populista, distante de uma política pública séria de segurança viária.
*Alisson Maia é especialista em trânsito, gestão e mobilidade urbana

Infelizmente é assim que os órgãos do snt agem para que alguém ganhe muito dinheiro,foi assim com o extintor,foi assim com o simulador e vão continuar tentando,na minha humilde opinião ninguém do snt é nenhum político tem a mínima credibilidade para tentar implantar nada,pois sabemos como funciona as questões do trânsito impor dificuldades para vender facilidades.