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12 de dezembro de 2024

Como o excesso do uso do celular está gerando mudanças na mobilidade urbana?

Estudos comprovam que o excesso da presença da tecnologia no dia a dia pode afetar o comportamento das pessoas.


Por Pauline Machado Publicado 03/05/2023 às 13h30
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Excesso de uso do celular
O uso excessivo do celular resulta em efeitos nocivos na memória e na atenção das pessoas. Foto: Depositphotos

Que a tecnologia nos traz grandes benefícios na vida pessoal, profissional e no dia a dia para nossa locomoção, não temos como negar. No entanto, é preciso ficarmos atentos ao excesso do seu uso. Estudos comprovam que o excesso da presença da tecnologia no dia a dia pode afetar o comportamento das pessoas, fazendo do uso de celulares, por exemplo, um vício cada vez mais comum, o que resulta em efeitos nocivos na memória e na atenção das pessoas.

Igualmente perigosos, são os danos causados à mobilidade urbana, uma vez que além das ligações, o simples ato de escrever uma mensagem pode tirar a atenção do volante de forma significativa.

De acordo com a Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), na lista entram, também, os danos cognitivos. E isso se reflete diretamente no número de sinistros no trânsito.

Conforme Celso Alves Mariano, especialista e diretor do Portal do Trânsito, dirigir é um ato que exige muito do condutor. Segundo ele, a 60 km/h, cada segundo de distração significa percorrer 17 metros sem olhar devidamente para o que está acontecendo no trânsito.

“Em velocidades maiores, como a 100 km/h, cada um segundo olhando para a tela do celular, significa dirigir 27 metros às cegas. Já, a 110 Km/h, serão 30 metros para cada segundo de distração. Ou seja, em vias urbanas tem situações onde para ler uma mensagem que foi postada numa rede social, o condutor pode passar uma quadra inteira sem dar a devida atenção para aquilo que está na sua frente”, alerta Mariano.

Implicações

Os impactos do excesso do uso do celular ao volante podem ser percebidos não apenas nos motoristas, mas também em pedestres.

Em 2020, na cidade de Yamato, no Japão, foi aprovada a proposta de vetar o uso de smartphones ao caminhar, já que este fato tem sido associado tanto ao aumento de colisões entre pedestres quanto de graves casos de atropelamento, resultando na criação da Lei Antismartphone.

De acordo com levantamento feito pela Universidade do Estado da Flórida, nos Estados Unidos, as interrupções causadas pelas notificações em smartphones já são tidas como tão prejudiciais quanto os efeitos do uso excessivo do aparelho, resultando em falhas de atenção e atrasando a conclusão de tarefas.

Novas possibilidades

Na China, a cidade de Chongqing adotou calçadas com divisão entre pedestres que usam e que não usam celular, com o objetivo de reservar uma área para as chamadas “smombies”, ou zumbis de smartphone – pessoas que frequentemente se deslocam a uma velocidade mais lenta de caminhada e com a cabeça voltada para baixo.

Também houve a implantação de semáforos visuais no chão, para facilitar que os pedestres percebam a luz colorida dentro do campo visual restrito. O objetivo é evitar acidentes em meio à distração. A cidade sul-coreana de Seul também apostou nesse modelo adaptado de semáforo.

O estudo enfatiza ainda que tais ações manifestam o esforço para se adaptar a um novo cenário quanto para reduzir o número de acidentes. Dessa forma, evidenciando o quanto chamar a atenção de quem usa o celular pode exigir boas doses de criatividade.

No entanto, o levantamento conclui que, provocar mudanças de comportamento em larga escala exige o emprego de investimentos constantes a médio e longo prazos.

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