Dicas para transformar as crianças em pedestres conscientes
Levar os filhos para um passeio requer uma porção de cuidados. Passar protetor solar, levar comida e bebida e planejar bem o roteiro são apenas alguns dos itens com que os pais devem se preocupar antes mesmo de sair de casa. Já com os pés na rua, o alerta deve ser ainda maior: com o trânsito cada vez mais perigoso, é imprescindível estar sempre de olho nos pequenos.
Por isso, usar a faixa de segurança é um momento de aprendizado. Um dos grandes segredos está na conversa. Não adianta tentar ensinar tudo com rápidas instruções enquanto o sinal ainda estiver vermelho para pedestres.
O coordenador de educação para o trânsito do Departamento Estadual de Trânsito do Paraná (Detran/PR), Juan Ramón Soto Franco, destaca a necessidade de propor uma conversa prévia com a criança. “É preciso fazê-la compreender por que ter esse comportamento. Não é uma questão de imposição, mas de fazer com que ele compreenda que essa é a única maneira que ele tem de preservar sua integridade física e até mesmo sua vida”, diz.
Entre as formas de estimular essa compreensão, Franco orienta que os pais apontem as experiências pelas quais o filho ainda deve passar: brincadeiras na escola, momentos com os amigos, adolescência, casamento, ter filhos. “Também é importante que fique claro que esse cuidado deve existir porque os pais não querem perder o filho de modo algum e que, por conta disso, ele deve ser cauteloso”, orienta. Já na rua, uma boa dica é mostrar exemplos de comportamentos equivocados. Alguém que corre em meio aos carros ou que desrespeita a sinalização – como um semáforo vermelho para pedestres – pode servir para ilustrar o que não se deve fazer. Para a hora da travessia, as orientações servem tanto para pais quanto para filhos.
De acordo com orientações do Detran do Paraná, é preciso sempre atravessar na faixa, com o sinal fechado para carros. Caso não haja faixa, a regra do semáforo segue valendo. Atravessar longe de curvas é outro cuidado, além de erguer o braço na hora de cruzar, o que ajuda a chamar a atenção dos motoristas. Não há idade certa para que os pais permitam que seus filhos atravessem a rua sozinhos. Segundo Franco, isso depende muito da desenvoltura de cada criança. “Algumas pessoas são muito espertas e ligadas já com dez anos, da mesma forma que pode haver casos de adolescentes que geralmente não saem de casa a pé, e esses certamente precisam de acompanhamento. Cabe fazer uma avaliação específica de cada caso”, afirma.
Para testar a preparação dos pequenos, vale pedir que eles orientem os pais na hora de atravessar. “O pai para na calçada e pede que o filho o ajude a cruzar a rua. Depois de olhar para os dois lados e verificar se o sinal de carros está fechado, podem seguir em frente. O pai tem de estar ao lado do filho até que se certifique de que ele aprendeu. Ainda assim, não dá para confiar de olhos fechados. Esse aprendizado tem de ser acompanhado de perto por muito tempo”, acrescenta.
Uma parceria entre a ONG Criança Segura Safe Kids Brasil e a Perkons, empresa paranaense de implantação de lombadas eletrônicas, deu origem a uma cartilha voltada à formação de pequenos pedestres. Entre as orientações dadas a pais e educadores, está a possibilidade de ensinar a partir de brincadeiras, fazendo encenações com carrinhos de brinquedo ou percorrendo um caminho de obstáculos em um estacionamento. Começar desde cedo também é importante: já nas primeiras caminhadas com a criança, vale falar sobre regras de trânsito e alertar para os possível perigos de se estar na rua – é imprescindível ensiná-las o que significam os sinais de trânsito. Cuidados como esses é que são capazes de diminuir a média de 1,2 mil mortes de crianças entre quatro e 14 anos por atropelamento anualmente no Brasil, de acordo com a ONG.
O guia também orienta os pais a buscarem lanternas ou materiais reflexivos para as roupas dos filhos, além de ensiná-los a andar na calçada sempre que possível. Além disso, traçar uma rota sem a necessidade de um grande número de travessias pode facilitar a chegada à escola ou à casa de amigos.
Fonte: Terra.com.br